Semiologia médica: COVID-19
16/04/2020 00:01 - Atualizado em 13/05/2020 17:18
Coronavírus: Também conhecido como COVID-19 é, provavelmente, o vocábulo mais falado e pesquisado, em 2020, no mundo. O vírus que gosta de gente e contato, é transmitido pelo toque e aperto de mãos, carícias, abraços e beijos além do contato direto com perdigotos propelidos por espirros e tosses.
Por se tratar de uma pandemia mundial, de modo a não ser prolixo, este artigo irá se deter aos efeitos colaterais do confinamento (quarentena/lockdown),  entendendo que as formas de contágio e prevenção já estão sendo amplamente divulgadas pela OMS.
Os efeitos colaterais e efeitos secundários das práticas de quarentena apontam o surgimento de novas endemias como a depressão e ansiedade, mas revelam também possíveis caminhos de cura para outras doenças que assolam a humanidade. Por esta razão, a COVID-19 é denominada nesta semiologia poética como "O vírus da contradição". A reclusão humana é essencial e indispensável para impedir a rápida proliferação do vírus, mas têm reações adversas que não podem ser negligenciadas.
Estas reações, muitas vezes contraditórias às razões do confinamento, podem ser classificadas como:
Depressão - Para evitar a falta de ar e a obstrução dos pulmões - principal consequência da ação do vírus no corpo humano - recomenda-se o confinamento. A reclusão, por sua vez, coloca o paciente em auto-exílio, podendo levá-lo a uma profunda clausura em seus próprios pensamentos. Pensamentos ansiosos e depressivos poderão provocar enfermidades respiratórias como a (DPOC) - doença pulmonar obstrutiva crônica. É preciso ter pulmões sadios para lidar com o confinamento imaginário.
Hipersensibilidade - Anafilaxia - Resposta súbita e potencialmente fatal provocada pelo consumo excessivo de subjetividades e narrativas alheias por meio da internet, streaming e Lives de Instagram. As principais características incluem: Ansiedade, irritabilidade, pensamentos obsessivos e sensação constante de falta de ar e de tempo.
Idiossincrasia – Predisposição particular do organismo para:
        Compartilhar momentos íntimos de desinteresse público – como a divulgação de produtividade ou fotografias de quitutes preparados durante o confinamento.
        Participar e disseminar correntes que revelam gostos e hábitos particulares também desinteressantes.
        Protagonizar Lives verborrágicas de pouca ou nenhuma relevância pública.
Superdosagem relativa – A convivência única, exclusiva e intensa com seus pares de residência poderá desencadear em crises conjugais ou intermináveis conflitos familiares resultando à divórcios, separações e até mesmo óbitos.
Para as reações adversas acima, recomenda-se exercícios físicos e práticas corporais/mentais que estimulem seu sistema respiratório colocando-o em contato com o presente – Yoga, Meditação e o Tai Chi Chuan são práticas que podem ser feitas em espaços confinados. Terapias individuais ou de casal podem trazer bons resultados no curto e longo prazo.
Recomenda-se também cuidado redobrado com a digitalização. O excesso de mundo virtual pode levar o paciente a eliminar sua percepção da realidade, ocasionando exageradas reações de pânico e comoções.
Efeitos secundários – Algumas das consequência do efeito farmacológico já evidenciados pela quarentena:
O vírus que ataca o sistema respiratório proporciona em países como China, Índia, Estados Unidos e Brasil uma redução significativa dos níveis de dióxido de nitrogênio (NO2), gás emitido por veículos motorizados, termelétricas e indústrias – ironicamente, responsável pelo agravamento de quadros respiratórios - proporcionando como consequência uma melhora efetiva e visual da qualidade do ar. A imprensa registrou a visibilidade da cordilheira do Himalaia, há 200km do Norte da índia, antes apagado pelas fumaças tóxicas das regiões industrias. Também foram registradas imagens de constelações anteriormente varridas do céu de São Paulo. O vírus que nos tira a capacidade de respirar, nos devolve um ar puro que há muito não sentíamos.
Efeitos colaterais – O mais forte efeito colateral sentido em alguns países, é a consolidação do capitalismo em conjunto à desesperadas tentativas de um exercício em vão de soberania de Estado. Mesmo diante de uma drástica recessão econômica, o capitalismo parece não se abalar e busca meios de se fortalecer com a presença do vírus. Vide guerras comerciais para adquirir máscaras de proteção facial, alta dos alimentos e ofertas remédios falsamente milagrosos.
Pacientes harebôs e hipsters fantasiam uma revolução coronoviral. Pacientes céticos na ciência, pouco informados ou bastante mal intencionados – acreditam que sairemos ilesos dos efeitos deste vírus em 3 ou 4 meses. Pacientes realistas percebem que o vírus da contradição, clama pelo fim do capitalismo ao passo que nos isola, nos enclausura na individualidade do consumo exagerado preocupado somente e unicamente com a própria existência. O vírus não veio para nos ensinar nada do que não sabíamos. Não deixemos nas mãos dele (que ironicamente se espalha através de nossas mãos) o fim do capitalismo destrutivo.
Para os efeitos colaterais e secundários, recomenda-se refletir: Voltar à normalidade é retornar ao problema. O pior que podemos desejar. Precisamos nos reinventar com habitantes do planeta. Rever nossas posturas e valores, repensar a maneira com que consumimos nosso tempo e dinheiro.

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    Mariana Luiza

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