De moto, pouca entrega na crise causada pelo coronavírus
Paula Vigneron 21/03/2020 21:36 - Atualizado em 08/05/2020 17:51
Serviço de entrega de alimentos também sofreu brusca queda
Serviço de entrega de alimentos também sofreu brusca queda / Genilson Pessanha
Entre os autônomos que atuam no ramo da entrega de alimentos em domicílio, a percepção é unânime: o ritmo diminuiu após o início dos casos de coronavírus no Brasil. Os motoboys acreditam que com a maior parte da população confinada em seus lares, muitos aproveitaram para fazer o almoço. Ítalo dos Santos Souza, de 22 anos, trabalha há um ano como entregador de comida por aplicativo. Para ele, a diferença no número de entregas nessa semana foi grande em relação aos dias em de normalidade.
— Percebi que a diferença está muito grande. As entregas diminuíram bastante. Antes, por dia, eu fazia bastante entrega, mas diminuiu muito. Por dia, eu estava fazendo entre 25 e 30 entregas. Nessa semana, foram 15 (por dia). Reduziu pela metade. Se continuar assim, estou vendo que vai permanecer baixa. O nosso foco era o Boulevard, mas está fechado. A gente não está conseguindo coletar. A única coisa que está salvando é aqui (restaurante na área central). Eu trabalho até as 15h, depois paro e volto às 18h. Aí, vou até à 0h — explicou o jovem, destacando que a movimentação de entrega tem sido mais fraca no período da noite. “De dia, pelo menos, as quentinhas salvam, porque muita gente pede”, complementou.
Ítalo, que também trabalha em uma empresa terceirizada, afirmou que, se necessitasse apenas do que recebe pelas entregas, ficaria sem pagamento. “Se eu não trabalhasse para a empresa, estaria ‘na mão’”, lamentou.
Iniciante no ramo, Leonardo Teixeira, 25, começou a fazer entrega há duas semanas e sentiu os impactos.
— Está bem fraco. A primeira semana foi muito boa, mas essa está meio fraca. Na primeira, em um dia só, eu fiz 16 entregas. Agora, estou fazendo três ou quatro em um dia inteiro. Está muito ruim — relatou, dizendo que tanto o horário do almoço quanto o período da noite tem sido no mesmo ritmo.
Outro motoboy que relatou a queda nas vendas foi Ronald Santos Mariano Júnior, de 31 anos. “Eu faço agora quatro entregas por dia. É muito pouco”. 

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