Compositor, ex-futebolista e policial reformado Sargento Laerte morre aos 81 anos
Matheus Berriel 17/03/2020 19:33 - Atualizado em 24/03/2020 18:19
Velório e sepultamento foram realizados no cemitério do Caju
Velório e sepultamento foram realizados no cemitério do Caju / Rodrigo Silveira
Morreu nesta terça-feira (17), aos 81 anos, o compositor, ex-futebolista amador e policial militar reformado Laerte Rodrigues de Azevedo, o popular Sargento Laerte, devido a uma cardiopatia. Ele estava internado no Hospital Escola Álvaro Alvim, em Campos. Laerte teve atuação de destaque no Carnaval campista, escrevendo sambas-enredo para diversas agremiações. Seu grande sucesso foi a canção “Ave ferida”, gravada por Eli Miranda e Gracio Abreu. No Carnaval de rua, foi vice-presidente do bloco Os Indigentes. No futebol, defendeu várias equipes, entre elas o União do Queimado. É pai do zagueiro Laerte Júnior e do ex-lateral-esquerdo César, ambos com passagem pelo Americano, além de outros três filhos. Também deixa oito netos e três bisnetos. Velório e sepultamento aconteceram no cemitério Campo da Paz.
— Era uma pessoa alegre, do Carnaval, do esporte, sempre envolvido com coisas boas. Foi militar por mais de 30 anos, sempre honrando suas profissão nas atribuições e nos desafios que Deus colocou diante dele. E para a gente, como família, é um momento difícil, a gente sente muito. Mas, o que alegra o nosso coração é saber que o legado que ele deixou foi positivo, e que a memória dele sempre será lembrada de forma alegre e positiva por todos aqueles que com ele conviveram ao longo dos seus 81 anos — disse o filho César, citando um título do pai pelo União do Queimado na era do amadorismo.
Outro dos cinco filhos, Sandro Wagner acompanhou de perto a luta do pai durante os problemas de saúde. Nas lembranças, sua paixão pelo Império Serrano, uma das mais tradicionais escolas do Carnaval carioca. E também do seu protagonismo no Carnaval e no futebol campistas.
— Era um apaixonado pelo futebol. Disputou campeonatos de várzea, foi campeão na época da Liga Campista. E criou os filhos. O mais velho foi jogador profissional, para orgulho dele. E, depois do César, teve o caçula, que leva o nome dele e também foi profissional, zagueiro, que foi uma das realizações dele. Em paralelo ao futebol, sempre foi um amante do samba, que entrou na veia dele. Foi compositor de muitas agremiações, participou de muitos concursos de samba, ganhou alguns — afirmou Sandro. — Concluiu, com muito êxito, a carreira de militar. Aposentou, fez muitos amigos. E, ao término dessa jornada como militar, ele foi precursor. Montou um time chamado Velha Guarda, com os amigos que estavam recém-reformados da Polícia Militar. Depois desse time, acredito que copiando a ideia, foi feito esse campeonato Quarentão. Isso na década de 1990 — contou.
Mesmo já idoso, Laerte não abandonou a boemia. Pelo contrário: está viva nas memórias da família sua presença em bailes da terceira idade. “Curtia muito a música, a dança. Sempre foi uma pessoa voltada à vida. Ele viveu intensamente, amou muito a sua vida”, enfatizou Sandro.
À beira do túmulo, coube ao filho Laerte Júnior ser o porta-voz do último adeus. Entre agradecimentos aos familiares e amigos presentes, falou com orgulho dos últimos momentos vividos ao lado do pai. “Em todo momento essa noite, que eu estava com ele, ele segurava a minha mão e eu não entendia. Mas, acredito que, ali, ele estava passando o bastão de seu legado para a minha mão”, enfatizou.
Letra de “Ave ferida” (Sargento Laerte):
A primeira vez que eu te vi, foi tão bonito
Senti o amor renascer em mim
Esse amor crescendo, aos pouco me absolvendo
Eu mergulhando no sonho do amor sem fim
 
 
Há certas razões que a própria razão desconhece
Eu desconheço o motivo da separação
Nossos argumentos não tiveram solução
Como ave ferida está meu coração
Nossos argumentos não tiveram solução
Como ave ferida está meu coração
 
Não pensei que um dia eu pudesse ouvir os seus lamentos
Diferentes daqueles que você falava em amor
Hoje, eu me rendo ao te ver deprimente
Magoando a si mesma sem razão (meu amor)
Porém, compreendo, não te culpo e nem condeno
Mas, se for preciso, te estendo as mãos (meu amor)
Sargento Laerte
Sargento Laerte / Reprodução

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