O tio do Whatsapp presidencial e os crimes de responsabilidade. Democracia ameaçada?
ENTITY_apos_ENTITYVim apresentar o novo Brasil que ressurge após estar à beira do socialismoENTITY_apos_ENTITY
ENTITY_apos_ENTITYVim apresentar o novo Brasil que ressurge após estar à beira do socialismoENTITY_apos_ENTITY / ADRIANO MACHADO / REUTERS
As tias e tios do Whatsapp que os digam. O aplicativo de mensagem mais popular do Brasil é uma fonte de informação frequentemente utilizada. A veracidade das informações ali compartilhadas não parece ser o elemento principal para que grupos de trabalho e família sejam infestados de links alarmantes a respeito de doenças, curas fantásticas ou (essas as preferidas) sobre política.
Foi o que fez nesse carnaval um representante fidedigno dessa casta caricata e contemporânea chamada de “tio do Whatsapp”. Caso não fosse ele atualmente o presidente da república, o compartilhamento, melhor dizendo, a convocação para os atos do próximo dia 15, contra o congresso, seria mais um exemplo desses links de fonte duvidosa.
O problema é que veio do Presidente. Representa um poder. Um dos três que compõe uma democracia nos moldes que conhecemos e aceitamos socialmente há bastante tempo. Quando ele, no papel representativo que tem, incentiva um movimento contra outro poder por óbvio direciona os danos a ele, porém afronta essencialmente a mãe da mesma democracia que desafia: a constituição. E o pai, o estado democrático de direito, se sente igualmente ameaçado.
Está lá, escrito numa das filhas da mãe constitucional, a lei que define os crimes de responsabilidade, citando um dos motivos de impor impedimentos jurídicos: “provocar animosidade entre as classes armadas ou contra elas, ou delas contra as instituições civis”. E no artigo 85 da “mãe” diz que é crime de responsabilidade ato do presidente que “especialmente” atente contra “o livre exercício do poder legislativo”.
O vídeo compartilhado pelo tio do Whatsapp presidencial é um resumo de tudo que a democracia não aceita. Quando o ato transforma o tio em um filho acéfalo e incapaz de exercer o cargo que foi eleito, cabe aos pais um corretivo. No caso, via as instituições estabelecidas. E sabemos como um filho mal educado pode ser incômodo à família. O problema é que nesse grupo de Whatsapp estamos todos nós brasileiros.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Edmundo Siqueira

    [email protected]