O "novo" Wilson Witzel
19/09/2019 21:10 - Atualizado em 19/09/2019 21:33
 A política basicamente significa a arte de governar. Os parâmetros da arte são variáveis em locais diferentes. No Brasil, a política muita das vezes requer um jogo de coalizão, exigindo várias negociações, até mesmo para ter uma governabilidade no mandato. O Governador Wilson Witzel (PSC) tem utilizado constantemente manobras em seu governo, almejando principalmente a presidência.
 Witzel não esconde de ninguém o desejo de ser um dos presidenciáveis em 2022, para isso vem buscando junto a outros partidos uma base sólida. Ademais, o governador vem mostrando alguns sinais de mudança no discurso, descendo do palanque, no qual se concentrou no campo da extrema-direita, para uma jornada governamental no estilo centro.
 Naturalmente, Wilson Witzel não iria passar ileso por esse caminho. Um dos seus principais apoiadores, senão o principal apoiador para sua alavancada no caminho à Guanabara, Flávio Bolsonaro (PSL), não está satisfeito com o comportamento do governador. Na campanha, Flávio Bolsonaro colou a imagem do pai em Witzel e, agora, começa a enxergar uma pedra no caminho do Presidente Jair Bolsonaro (PSL).
 É nessa tática que Witzel vem demonstrando expertise, até pouco tempo desconhecida. Ele simplesmente ignora os ataques de Flávio e deixa que o mesmo entre em conflito com a própria base, que está insatisfeita por ter sido obrigada a devolver cargos, inclusive os membros que são secretários, atrapalhando as negociações e planos de cara pra 2020. Flávio continua pressionando, mas ainda não parece surtir efeito.
 Além disso, Witzel está procurando seduzir uma série de prefeitos, vereadores, ou os que almejam esses cargos, para o seu partido. Ao mesmo tempo faz a costura dos partidos para sua base na Alerj e para apoiá-lo na sua sonhada campanha presidencial, dentre os partidos está o DEM, outrora o partido do seu maior opositor na campanha de 2018, Eduardo Paes.
 Nessa semana, o governador sancionou a Lei que homenageia Marielle Franco, de forma silenciosa, sem pestanejar. Algo improvável há pouco tempo, recordando o fato onde ele estava em cima do trio elétrico junto do Deputado Estadual Rodrigo Amorim (PSL) e o Deputado Federal Daniel Silveira (PSL), ocasião que foi quebrada covardemente a placa de Marielle Franco.
 Saindo das eleições com o pensamento em outra, o alcaide começa a demonstrar sua articulação política, ainda com alguns lapsos de um Witzel do passado, como o episódio na ponte Rio-Niterói, onde desceu do helicóptero de forma excessiva. Aos poucos ele começa a se distanciar, taticamente, do perfil de um ex-paraquedista expulso do exército, para colocar em campo habilidades que muitas vezes a política exige.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Frederico Monteiro

    [email protected]