Jornalista publica livro sobre Graciliano Ramos
11/06/2019 18:43 - Atualizado em 17/06/2019 20:11
Após escrever a biografia do imortal da Academia Brasileira de Letras, José Cândido de Carvalho, obra lançada pela editora da Faculdade de Direito de Campos em 2004, única até o momento, o misto de jornalista, professor, líder sindical, ator de teatro, político e escritor Avelino Ferreira lançou ontem (11), no Museu Histórico de Campos, o livro “As vidas secas de Graciliano Ramos”, uma análise filosófica sobre a voz do silêncio das personagens do velho Graça.
O livro, recomendado pelo editor da obra, Ovídio Poli Junior, doutor em literatura justamente em Graciliano Ramos, traz à tona uma visão da obra de Graciliano Ramos que é inédita, pois as inúmeras análises e críticas, sempre favoráveis, de “Vidas Secas” ativeram-se a questões linguísticas e sociológicas. Para consubstanciar o seu dito, Avelino Ferreira recorre aos filósofos Hans Georg Gadamer, Albert Camus, Merleau-Ponty, Santiago Kovadloff, Gerd Borheim, Castor Ruiz, Marilena Chauí, Friedrich Nietzsche, entre outros.
Segundo Avelino, “uma obra de arte tornada pública não é mais de seu autor”. Explica que a obra de arte tem vida própria, o que “permite um diálogo entre ela e o expectador/leitor, propiciando uma configuração e reconfiguração de vivências”. Para Avelino, as personagens de Graciliano, uma vez criadas e publicadas, ganharam vida própria, liberdade e complementa:” por isso este trabalho a análise literária de Graciliano, mas sim, com uma hermenêutica filosófica, ‘falar’ sobre o não dito, sobre a voz do silêncio, que permeia sua mais conhecida e de inesgotável interpretação, que é Vidas Secas”.
Todavia, a análise filosófica da obra não descarta, nem poderia, a linguagem. O autor cita Merleau-Ponty quando o filósofo francês diz que “o próprio sujeito está em um tipo de ignorância de seus pensamentos enquanto não os formulou para si ou mesmo disse e escreveu”. Mas, em dado momento, Avelino cita Gadamer, que diz sobre outro tipo de linguagem: “existem experiências de mundo que são anteriores à linguagem falada, que são as da linguagem dos gestos, das fisionomias, dos acenos, o riso e o choro”.
Para saber mais e compreender o que o arquiteto das palavras transpôs para o papel nesta sua obra (é seu quinto livro, desde o primeiro, em 1995 e o último, em 2013, além de vários livretos sobre personalidades campistas lançados pela Câmara Municipal de Campos), só lendo sua obra, editado pelo selo Off Flip. Com apresentação de Ovídio Poli Junior e capa de Olga Yamashiro, a obra “As Vidas Secas de Graciliano Ramos” foi autografada ontem à noite, no Solar do Visconde de Araruama, hoje, no Museu Histórico de Campos. (A.N.) (C.C.F.)

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