Suspeito de chefiar o tráfico do Santa Rosa preso na Caixa de Pandora
Jonatha Lilargem, Verônica Nascimento, Jéssica Felipe e Ana Laura Ribeiro 08/03/2018 09:50 - Atualizado em 12/03/2018 15:14
Nolita foi levado para a 146ª DP
Nolita foi levado para a 146ª DP / Folha da Manhã
A intervenção militar na capital do estado ainda não tem surtido efeito no cenário da criminalidade e do tráfico de drogas em Campos, mas as polícias Civil e Militar deflagraram a Operação Caixa de Pandora na manhã desta quinta-feira (8), paralela à ação. Francio da Conceição Batista, 34 anos, conhecido como Nolita, apontado como chefe do tráfico no conjunto de casas populares do Parque Santa Rosa, que passou a ser denominado como "Canto do Nolita", foi preso em um imóvel próximo ao condomínio, considerado "luxuoso" para o bairro. O suposto traficante estava sendo procurado há alguns meses. Ele foi autuado na 146ª Delegacia de Polícia (Guarus) e transferido para o presídio Carlos Tinoco da Fonseca. Na mesma operação, que foi iniciada na quarta-feira (7), outras três pessoas ligadas ao tráfico foram presas. 
De acordo com o titular da 146ª Delegacia de Polícia (Guarus), Luís Maurício Armond, Nolita é apontado como o mandante no caso de tortura a uma adolescente no último dia 28 e possui 55 registros de ocorrência só nas delegacias locais. Os crimes teriam começado a partir da disputa por territórios do tráfico, que se deu, segundo informações extraoficiais, após a unificação das facções Terceiro Comando Puro (TCP) e Amigos dos Amigos (ADA), no Rio de Janeiro, com reflexos nas comunidades Tira Gosto e Baleeira, que são fornecedoras e mantenedoras do tráfico em outras comunidades espalhadas pelo município. 
Desdobramento da operação foi apresentado em coletiva
Desdobramento da operação foi apresentado em coletiva / Folha da Manhã
Em coletiva de imprensa, concedida logo após as prisões, o comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Fabiano Souza, e Armond deram detalhes de como chegaram a Nolita. O suspeito foi detido na rua Projetada B, na residência de sua mãe, no Parque Santa Rosa, com um revólver calibre 38 contendo 25 munições intactas. Ele chegou a tentar passar a arma para a sua mãe, mas não conseguiu.
— As informações chegaram à polícia já há alguns meses, sendo que o mais forte nos últimos dias foi a informação da chegada dele à cidade. Não sabíamos o lugar ao certo, tivemos informações de possíveis locais que ele poderia estar frequentando. Ele é apontado como o chefe do tráfico das casinhas do Santa Rosa. A casa onde ele foi encontrado foge ao padrão das casas do bairro. Ele é mandante de muitos crimes na região. Uns ele até praticou. Mas, sabemos que ele é o cabeça da facção dali e luta pelo espaço da venda de drogas — afirmou o comandante Fabiano Souza.
Com sua prisão, a pergunta que fica em evidência é se essa violência, desencadeada pela briga das facções, terá ou não uma trégua. O Novo Eldorado e Parque Santa Rosa são alguns dos bairros com mais registros de violência em Campos. Segundo o delegado Luís Maurício Armond, com a "saída" de Nolita "é possível que haja uma reação de outra facção, mas que já está sendo tomada providência, em especial com a PM".
  • "Nolita" foi levado para a 146ª DP

  • "Nolita" foi levado para a 146ª DP

  • Coletiva da prisão de Nolita

    Coletiva da prisão de Nolita

Armond classificou o traficante como "desestabilizador", com relação à violência e crueldade no tráfico de drogas da região.
— Como é de conhecimento notório ele tem um comando sobre um grupo de determinada facção que atua aqui na região de Guarus, em especial no bairro Santa Rosa. E ele é uma pessoa que gosta de conflitos e não tende a uma apaziguação. A forma dele atuar criminalmente é com crueldade, com assassinato, tortura. Então ele sempre desestabilizava um pouco a criminalidade nessa região, tendenciosamente para os homicídios. A forma de atuar dele é eliminando qualquer pessoa que houver desavença com os seus interesses. Ele também não só atuava com o tráfico de drogas e homicídios, mas ele também expulsava os moradores das residências, colocava pessoas da sua facção para residirem ou até alugava. Ele realizava extorsões e até estupro tem passagem por ele. Nós, até agora, identificamos 55 registros relacionados a ele, é uma extensa ficha criminal que ele possui. Ele vivia foragido em diversas comunidades e nós já vínhamos tentando monitorar o seu caminho junto com a Polícia Militar e acreditamos que com essa prisão vai haver uma redução drástica de homicídios — ressaltou Armond.
Desdobramentos
A operação da Polícia Militar teve desdobramentos em diferentes bairros de Guarus. Logo após a prisão de Nolita, um menor também suspeito de envolvimento no caso de tortura foi localizado. O adolescente, de 15 anos, é suspeito de ter sequestrado a vítima e participado do crime. De acordo com o delegado, Nolita teria sido o mandante do crime.
— Ele determinou em tempo real, monitorando através de celulares o que ia ocorrer. Inclusive com situações vexaminosas pra ela. Retiraram a roupa dela, rasparam o cabelo, entre outras situações íntimas que ele comandou. Na verdade, essa é uma forma dele trabalhar. Em muitos casos ele realiza tortura e mata, ou realiza a tortura para demonstrar uma situação de força da comunidade e forma de atuar, ou seja, ele quer impor um terror, ele quer impor a crueldade à comunidade para que eles se subjuguem às suas vontades — disse Armond.
O caso da adolescente, de 17 anos, ocorrido no último dia 28, foi registrado no "Canto do Nolita". Na ocasião, a menor havia sido sequestrada na localidade do “Suvaco da Cobra” e levada até o local da tortura. Ela foi agredida a pauladas, torturada, estuprada e teve a cabeça raspada. A adolescente teria sido sequestrada por suspeitos ligados a Nolita, por volta das 9h. Uma hora depois, o pai de um dos sequestradores foi assassinado. Para a polícia, o homicídio foi em represália ao que aconteceu com a adolescente. Dois homens e um menor, suspeitos de envolvimento no caso, já haviam sido presos.

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