Posse responsável é consciência
Jéssica Felipe 18/02/2018 11:26 - Atualizado em 19/02/2018 14:48
No Brasil, são mais de 30 milhões de animais abandonados
No Brasil, são mais de 30 milhões de animais abandonados / Antônio Leudo

A Organização Mundial da Saúde – OMS estima que só no Brasil existam mais de 30 milhões de animais abandonados. Em Campos, não há um índice oficial que apresente uma estimativa para o município, no entanto, ainda segundo a OMS o quantitativo populacional de animais seria de um quinto da população humana nas grandes cidades. Destes, em média 10% estão nas ruas. Atuando com a sociedade, o Centro de Controle de Zoonozes (CCZ), voltou a fazer castrações, a partir da atual gestão, e vem realizando diversas feiras de adoção. Além do órgão, o município conta com o Hospital Veterinário da Uenf, que com a crise da universidade, também passou por dificuldades e com diversas associações independentes de proteção.
Marcelle Almeida, coordenadora do grupo Protetores Amigos de Todos os Animais (Pata), acredita que a solução para o controle da população de animais de rua seja a castração.
— Quando os animais são castrados, diminui os maus-tratos. Por exemplo, uma cadela de médio porte gera em média de 5 a 8 filhotes. É comum o dono ficar com um e deixar os outros — esclarece a ativista, acrescentando que, em Campos, os locais de maior concentração de animais abandonados são Guarus, Penha e Jockey. Na opinião dela, só os abrigos não são solução.
Vira-lata Paçoca antes e depois da adoção
Vira-lata Paçoca antes e depois da adoção / Arquivo pessoal
Hoje, a PATA além de trabalhar na busca por lares temporários, para as adoções, disponibiliza parceria com uma clínica veterinária que, nos casos de animais socorridos, adotados ou de pessoas que não possuem condições financeiras, fornece atendimento com preços acessíveis. Para castrações, por exemplo, é cobrado metade do valor de mercado.
Outras duas instituições atuam em prol dos animais na região, o Hospital Veterinário da UENF, um laboratório-escola do curso de medicina veterinária, e o Centro de Controle e Zoonoses (CCZ) de Campos. Apesar de ações de controle populacional de animais ou a captura dos mesmos, não ser objetivo do hospital, a coordenadora Helena Hokamura destaca que o departamento, desde sua inauguração, vem realizando atividades de desenvolvimento, educação e conscientização do público sobre a necessidade de esterilização (castração) dos animais e da posse responsável e talvez por isso, o local tem se tornado um “campo de abandono”.
— Abandonar um animal além de ser crime, é desumano e uma ação irresponsável enquanto cidadão — ressalta Helena Hokamura, acrescentando que não é só o Campus da Universidade que tem se tornado um campo de abandono de animais, mas todos os bairros do município. “É dever de todos avaliar a questão da posse de um animal. O cidadão não pode achar que abandonar um animal em vias públicas resolverá o seu problema de não mais querê-lo, seja pela razão que for. Este cidadão está colocando em risco a saúde e a vida de todos os munícipes por um ato de irresponsabilidade, que é legalmente previsto como crime federal”, finalizou a coordenadora do Hospital Veterinário da Uenf.
CCZ agenda castração e promove adoção - Além das diversas feiras de adoção realizadas no ano passando, o CCZ realizou no início deste mês, em sua sede na Fundenor, a primeira edição de 2018 do “CCZ Convida”, ação que disponibiliza vacinação contra a raiva, castração e adoção de cães e gatos. Na programação, o público recebeu orientações sobre recolhimentos de animais, e sobre as visitas para controle de insetos e roedores. Segundo o diretor do órgão, Marcelo Sales, no total, foram disponibilizadas 120 fichas para agendamento de cirurgias de castração de machos em fevereiro. O CCZ atende mensalmente em média 100 animais.
Além dos cadastros, três animais foram adotados no evento. A veterinária do órgão, Francimara Mariano, explicou, que para adotar um animal, é necessário ser maior de idade e apresentar um documento de identificação. Fora do “CCZ Convida”, a ação pode ser realizada de segunda a sexta-feira, na sede da instituição em horário comercial.
No Brasil, existem duas leis que tratam dessa questão, a Lei Federal nº 9605 de 12/02/1998 que dispõe de pena de três meses a um ano e multa para os casos de abuso ou maus-tratos para animais domésticos ou domesticados e a Lei 13.426 de 30/03/2017 que trata do controle da natalidade de cães e gatos.
  • Bart e Frajola fazem a alegria dos donos

    Bart e Frajola fazem a alegria dos donos

  • Bart e Frajola fazem a alegria dos donos

    Bart e Frajola fazem a alegria dos donos

Amor recebido e doado por quem adota -
“Hoje, a sensação que temos é de que, sem eles, a nossa casa, nossa vida seria muito mais incompleta, sem alegria”. Esse é o depoimento de Marcela Azeredo, 23 anos, que junto do seu esposo Ewerton Tavares, de 25, adotou os gatinhos Bart e Frajola. Após quatro meses de casados, em agosto de 2017, o casal decidiu fazer a adoção, depois de deixarem seus primeiros animais de estimação nas casas dos pais. “Começamos a sentir falta da companhia de um bichinho. Eles trazem uma alegria e ao mesmo tempo uma leveza muito grande pro ambiente. Fora o carinho que eles proporcionam que é fora do comum! É 100% verdadeiro”, considerou Marcela.
O casal procurou a Marcelle da Pata, após acompanhar o trabalho da ativista pelas redes sociais. O Bart chegou com quatro meses, depois de ter sido amparado por um lar temporário. Já o Frajola, foi adotado com cerca de oito meses, depois de ter sido resgatado da rua pela associação. “Decidimos adotar os gatos, mas sem muito critério. Não tínhamos preferência por sexo, só pensávamos em gatos mais novinhos pra que fosse mais fácil adaptar. Eu não queria que ela me mostrasse vários animais, precisando de um lar, pra eu ter que escolher só entre dois deles. Eu me sentiria péssima de não poder adotar todos. Assim, por “sorte”, talvez, os meninos chegaram nas nossas vidas”, contou Marcela sobre o momento da adoção.
No caso do casal Sólon Tadeu, 39 anos, e Danieli Mesquita, 36, a adoção veio como cura para uma doença. Danieli luta diariamente contra a depressão e desde a chegada do Paçoca, um vira-lata, em 2015, ela ganhou forças para enfrentar o problema. O cãozinho, hoje com três anos, foi adotado numa feira da PATA. Sólon conta que a decisão pela adoção veio “num olhar” entre o bichinho e a esposa. “Desse dia pra cá ele faz super bem para ela, sabe quando ela está passando mal, triste e feliz. A gente costuma falar que ele é um anjo que Deus preparou para cuidar dela. Ele é muito especial mesmo. É difícil imaginar que um dia poderemos ficar sem ele. Ele é nosso filho de quatro patas”.

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