Ainda tem fundo no poço?
José Paes 21/03/2016 10:10

Nada é tão ruim que não possa piorar. O famoso ditado encaixa-se como uma luva na política brasileira, cada vez mais atolada em escândalos de corrupção, de falta de ética, moralidade e decoro. Para onde se olha, esquerda, direita, centro, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Campos, constatamos a degradação de nossas instituições e, sobretudo, dos políticos, com ou sem mandato.

Em âmbito nacional, a cada dia nos surpreendemos com novos fatos descortinados pela operação lava jato e suas delações premiadas, que tiram o sono da elite política nacional, até mesmo de ex Presidentes da República. Alguns vão dizer: Mas a operação é seletiva, só ataca o PT, a mídia tradicional só atende aos interesses da elite. Pode até ser que seja, em alguma medida, mas nada disso é capaz de afastar ou descaracterizar todo o esquema de corrupção desbaratado. Querer fechar os olhos para o que está acontecendo apenas por razões de preferência ideológica me parece algo incompreensível. Se há membros da oposição (direita, elite conservadora, o que mais se queira denominar) envolvidos, que se investigue e se puna. A própria população que saiu às ruas no último domingo, em grande parte, me parece ter dado provas, ao repelir a presença de determinados políticos, de que não se manifesta em nome do político A ou B, mas em favor de um basta ao mar de corrupção que tomou conta do país. Dentre desse contexto, outros ainda vão dizer: Só tinha coxinhas nas ruas, eles não se conformam com os avanços sociais dos últimos anos. Eles não têm legitimidade para protestar. Sinceramente, não sabia que protestar agora é exclusividade de determinados grupos sociais. E você foi fazer o que nos protestos contra o aumento das passagens então? Desqualificar o emissor, quando não se tem o que falar do argumento é tática velha aqui em nossa cidade e sabemos muito bem onde isso nos colocou.

Falando em Campos, é preciso ressaltar que a política daqui não é muito diferente do que estamos vivendo em nível nacional. Ou alguém acha que o Governo dos Garotinhos não padece desses mesmos problemas? Tomara que a população campista que foi às ruas no último domingo também acorde para a situação local e dê o seu recado nas urnas em outubro. O que não podemos mais admitir é essa baixeza política que se instalou aqui nas últimas décadas. O Campista já cansou de pessoas que voltam sem nunca terem ido, do jogo sujo de tomar o partido alheio, dos cavalos de Tróia, se passando por oposição para atender ao sistema bruto do Governo, dos ataques pessoais em detrimento do debate político pautado em ideias. Enfim, tá na hora de mudar, não apenas os nomes, mas o jeito de fazer política. Do jeito que está, não dá mais para aguentar.

Artigo publicado na versão impressa da Folha de 17/03.

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