Bispo de Campos visita assentamento do MST e diz que terra é direito de todos
Esdras
[caption id="attachment_2825" align="aligncenter" width="756" caption="Durante a cerimônia ecumênica a bandeira do MST foi para a mesa envolvendo os frutos da terra em oferenda"][/caption] O primeiro encontro do bispo Dom Roberto Ferrería Paz com os assentados e acampados e a Comissão da Pastoral da Terra, na E. M. Carlos Chagas, na localidade de Jacarandá, foi realizado durante uma visita marcada por um forte simbolismo ecumênico, quando o Bispo de Campos dirigiu-se aos assentados e acampados de diferentes pontos do município de Campos para expressar sua visão acerca da importância da agricultura familiar e dos assentamentos numa produção agrícola comprometida com a sustentabilidade ambiental. Em uma mensagem clara aos presentes, Dom Roberto expressou uma visão de que a terra é um bem natural, e que deve ser cuidada para que possa cumprir o seu papel de gerar alimentos saudáveis para toda a Humanidade. Pastoral da Terra No encontro ecumênico pelos 15 anos da Comissão Pastoral da Terra na região, no assentamento Zumbi dos Palmares Núcleo 2, a celebração girou em torno da celebração da vida e da cultura camponesa, e também do seu objetivo mais importante, a terra. O tema da reforma agrária foi colocado à mesa em tom de “Terra e água, dom de Deu e direito de Todos”, nas faixas: “A terra é vida, a terra é mãe, a terra é do povo, a terra é de Deus”, na música. Tudo ali mostrava a luta do homem pelo seu bem mais vital, a terra. As faces tostadas pelo sol e o olhar duro de quem ousou lutar contra um sistema excludente eram tão marcantes quanto os frutos cultivados no assentamento e entregues como oferenda no altar, envoltos em uma bandeira do MST enquanto os participantes batiam palmas dando o ritmo e cantando os sugestivos versos: “Pega a bandeira da luta, deixe a bandeira passar. Essa é a nossa conduta, vamos unir para mudar. Traga a bandeira de luta, deixe a bandeira passar. Somos a história e os nossos direitos não podem acabar”... Fé & terra A cerimônia foi marcada por depoimentos emocionados de assentados e acampados que narraram a sua luta em prol da realização da reforma agrária no norte fluminense. Estas manifestações tiveram réplicas de todos os religiosos presentes, o que acabou emocionando os agricultores assentados, visto o sentimento que muitos expressaram da grande proximidade entre sua luta pela terra e a fé em Deus. Autoridades Participaram da celebração, o Bispo da Diocese de Campos   D.Roberto Francisco Ferrería Paz, o Pastor Fernando, da Igreja Batista do Eldorado, o pastor Carlos William da Igreja Batista de Jacarandá, o padre Geraldo Lima, da Diocese de Nova Iguaçu, o padre Luciano da Diocese de Campos. Também tiveram importante participação no encontro o agricultor Cícero Guedes, a professora Ana Maria Almeida, da UFF, D. Noêmia Magalhães, representante dos pequenos produtores do 5º distrito de São João da Barra, a professora Norma do SEPE, o professor Marcos Pedlowski, da Uenf, e a vereadora Odisséia Carvalho (PT). [caption id="attachment_2831" align="alignleft" width="227" caption="Reportagem completa na Somos dessa semana, nas bancas"][/caption] “Dom de Deus e nosso direito" As primeiras palavras de Dom Roberto Francisco foram de encontro aos anseios daquela comunidade e mostraram uma nova ótica da igreja local sobre a questão do direito a terra: “estou muito contente por estar aqui pela primeira vez, neste lugar de trajetória, do primeiro assentamento. Um lugar para debate em defesa da terra para preservação do planeta. Sem dúvida o lugar mais adequado para esta celebração. Então, gostaria que fôssemos uma família unida hoje para defendermos a vida do planeta, para defendermos a terra como dom de Deus e nosso direito a ela, mas também a nossa visão. A terra é algo rico, é algo que nos dá a vida. Por isso, então, sintam-se todos bem vindos e da mesma família, a família humana sem fronteiras”.  
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