Contrastes nas receitas dos municípios do Norte Fluminense
Julho é o mês em que as Câmaras de Vereadores aprovam os projetos de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o próximo ano, norteando o quanto os municípios poderão gastar. Diferente de outros anos, quando há previsão de aumentar o orçamento, Campos estagnou nos R$ 2,8 bilhões previstos para 2026, enquanto São João da Barra prevê uma queda para R$ 903 milhões. Enquanto Macaé, campeão orçamentário da região, e São Francisco de Itabapoana projetam aumento na arrecadação.
Em Campos, a LDO de 2026 foi aprovada pelo Legislativo em 1º de junho, antes do recesso parlamentar, projetando para o exercício financeiro do próximo ano R$ 2,8 bilhões. O valor é o mesmo aprovado, no ano passado, para 2025. O projeto foi sancionado nesta segunda-feira (21) pelo prefeito de Campos, Wladimir Garotinho.
Segundo o secretário de Transparência e Controle, Luis Fernando de Alvarenga Leandro, o município prevê queda na arrecadação com royalties do petróleo, então a previsão de participação especial para 2026 ficou mais cautelosa.
“A fonte que é a participação especial, a previsão para 2025 é maior do que a previsão para 2026 porque nós estamos tendo uma crise em relação aos royalties do petróleo. Infelizmente tem ocorrido nos royalties”, disse Luis Fernando.
Já em São João da Barra, a previsão é de queda na arrecadação municipal. Enquanto para o ano corrente são esperados R$ 926 milhões, a LDO de 2026 aprovada pela Câmara projeta R$ 903 milhões. A LDO serve para orientar a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA), no fim do ano.
No caso de SJB, o cuidado com os recursos tem tido especial cuidado, visto que o município planeja a construção de um hospital municipal. De acordo com Aristeu Neto, secretário de Fazenda, apesar de não constar na LDO de 2026, o planejamento financeiro para o hospital vai constar no Plano Plurianual (PPA), que será enviado à Câmara no fim do ano.
“A questão do atendimento da demanda de um hospital, por exemplo, é uma preocupação da prefeita Carla Caputi, que, seguramente, vai constar no PPA”, afirmou Aristeu Neto.
No mês de junho, municípios da região receberam os repasses dos royalties em queda.
No mês de junho, municípios da região receberam os repasses dos royalties em queda.
A Prefeitura de Campos recebeu em junho R$ 40,2 milhões, valor 12% inferior aos R$ 45,8 milhões depositados em maio.
Para São João da Barra, foram pagos em junho R$ 13,5 milhões, uma queda de 25,5% em comparação com os valores depositados em maio, de R$ 18,1 milhões.
Em abril, o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, afirmou que o município teria problemas de fluxo de caixa nos próximos meses. Segundo ele, o motivo seriam a interdição da plataforma P-53 na Bacia de Campos e tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
O secretário executivo da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), Marcelo Neves, fez uma projeção ainda em abril. “O impacto financeiro se dará a partir de junho, pois os repasses ocorrem dois meses após a produção”, disse.
SFI e Macaé preveem aumento nas contas
A LDO de SFI aprovada pelo Legislativo prevê aumento de R$ 26 milhões na receita de 2026. Enquanto o orçamento deste ano é de R$ 277 milhões, o do próximo ano foi projetado em R$ 303,2 milhões.
A prefeitura de SFI está atuando sob contingenciamento de despesas públicas desde abril deste ano, quando a prefeita Yara Cinthia decretou corte de gastos por três meses. Neste mês, a medida foi publicada até 31 de dezembro por outro decreto. Segundo o governo, um levantamento realizado durante os 100 primeiros dias do ano apontou dívidas totais de aproximadamente R$ 132 milhões.
Macaé também prevê aumento nos recursos. A LDO de 2026, em tramitação na Câmara, projeta R$ 5,2 bilhões para o próximo ano, um aumento em relação à estimativa para 2025, que foi de R$ 4,8 bilhões.
A alta projeção orçamentária de Macaé pode ser explicada pela arrecadação com o Imposto Sobre Serviços (ISS), pago principalmente pelas empresas do ramo petrolífero, que se instalaram no município para operarem na Bacia de Campos.