— O secretariado parece promissor, parece positivo. Eu daria 6 se ele (Wladimir) não tivesse decretado lockdown essa semana. A crítica maior que eu tinha era essa. Mas, também acho que não dá para ser maior do que 7, porque há muita expectativa, a gente tem que ver os resultados que ele aplica. E, do ponto de vista específico da Educação, eu sou crítico da falta de um projeto — João Monteiro.
Na visão do historiador, sem entrar em polêmica ideológica, Wladimir acerta ao tentar implementar em Campos uma escola cívico-militar financiada com verba extra do Governo Federal, mas erra na importância dada ao projeto dentro do cenário educacional.
— Na melhor das hipóteses, Campos conseguirá a implantação de uma escola cívico-militar, financiada com verba extra do Governo Federal. Ótimo. Só que a obrigação constitucional dos municípios é oferecer ensino infantil, pré-escola e ensino fundamental. Só de ensino fundamental, Campos tem acho que 260 escolas, fora as pré-escolas, creches, etc. Quando a gente fala de um programa, de um projeto para a educação municipal, eu acho que todo mundo está pensando nessas 400 e tantas unidades. Não me parece muito correto que o governo apresente como grande bandeira, como porta-estandarte do seu programa de educação, uma escola de nível médio, que não é a função do município. Ótimo, se o município conseguir, parabéns. Mas, isso não vai alterar fundamentalmente a qualidade do serviço de Educação prestado pelo município. Acho que ainda falta, cabe a cobrança de qual é o plano da nova administração para a Educação municipal — enfatizou o entrevistado.
Sobre a mudança para a fase laranja no plano de retomada das atividades econômicas e sociais de Campos, representando novo lockdown, João Monteiro disse ter sido uma medida necessária.
— Se essa entrevista fosse na semana passada, eu faria uma crítica à demora do governo em tomar medidas de restrição à circulação. Eu acho que estava já muito claro que o problema estava se agravando, isso é visível. Ninguém defende lockdown, fechamento de comércio à toa. Ninguém está alheio ao fechamento do comércio. Numa cidade como Campos, todos nós temos amigos, parentes, pessoas que são comerciantes ou comerciários. A gente é sensível a isso. Acho até que pode se discutir que tipo de atividade pode ser paralisada ou não, se paralisa tudo. Mas, a ideia de que a gente podia continuar levando o barco como se fosse vida normal era uma loucura — comentou o historiador. — E aí, quero dar crédito ao vice-prefeito (Frederico Paes). Acho que ele foi muito preciso. Então, se eu fizesse essa entrevista na semana passada, faria uma crítica a essa demora. Mas, acho que agora o governo tomou a medida correta e justificou de maneira certa. Ninguém faz isso porque quer. Mas, ou a gente faz agora ou vai ser obrigado a fazer amanhã, com gente morrendo nos corredores de hospital por falta de atendimento — ressaltou.
A escolha do secretariado de Wladimir recebeu elogios do entrevistado. “O secretariado é promissor, é bom. Me parecem alvissareiras as nomeações. Acho que aí ele (Wladimir) já começou marcando pontos. Porém, eu acho que o funcionamento de um governo, a atuação de um governo tem que ser julgada mais pelo resultado do que pelas ações, palavras, pelo marketing”, afirmou João. “Os secretários anunciados parecem, a princípio, no papel, um bom secretariado. Mas, vamos dar seis meses, um ano, para ver qual resultado eles apresentam.”, complementou.
Questionado sobre a sua expectativa para os quatro anos de governo de Wladimir,o historiador mostrou-se cético, mas com desejo de melhorias:
— Eu não tenho uma expectativa.Tenho certo pé atrás, por conta da origem política do prefeito, do histórico da família no governo de Campos. Então, eu acho que ser cético é a postura inevitável de qualquer pessoa que está se baseando na experiência do passado. Torço para ele ser bem-sucedido. Afinal de contas, como moradores e cidadãos da cidade, nós todos precisamos de um governo municipal bem atuante, um governo que ofereça serviços. Acho que nesse sentido, o governo anterior (gestão Rafael Diniz) deixou a desejar em coisas muito básicas, primárias, que não podem nem ser justificadas pela falta de verba. A limpeza urbana, por exemplo, é uma coisa que é trabalho, organização. Não pode dizer que faltou verba para fazer varrição de rua, eliminar lixo, esse tipo de coisa. Então, o que eu espero é que o governo consiga pelo menos recuperar o nível de gestão nessas coisas básicas que existiam antes da Prefeitura anterior. E tomara que consiga resultados positivos na área de Educação, na área de Desenvolvimento Regional, enfim.