Morre um pouco do jornalismo com Ricardo Boechat
11/02/2019 | 03h35
Preciso, direto, ácido, Ricardo Boechat — que morreu nesta segunda-feira, em um acidente de helicoptero aos 66 anos (veja mais no Folha 1), era um jornalista temido pelas críticas contundentes. Ao mesmo tempo, em pesquisa do site Jornalistas & Cia de 2014, que listou cem profissionais do setor, foi eleito o jornalista mais admirado do País.
Não era sem razão: quem, por uma razão ou outra, já esteve na mira dele, sabe como suas palavras entravam com precisão cirúrgica. Ao mesmo tempo, dava voz a quem precisava ser ouvido com a mesma intensidade que descarregada em críticas aqueles que preferiam ser esquecidos.
Recordista de vitórias no Prêmio Comunique-se, com 17 troféus, e o único a ganhar em três categorias diferentes (Âncora de Rádio, Colunista de Notícia e Âncora de TV), Boechat era um profissional admirado, invejado e temido, sim. Mas, também, dono de um jornalismo único. Concordando ou não, as pessoas paravam para ouvir o que ele falava e o respeitavam por isso. Representante de uma era do jornalismo que está, literalmente, morrendo.
Há pouco, o jornalista e apresentador Luiz Megale, que trabalhou com Boechat e é seu afilhado de casamento, sintetizou a perda, não apenas para o jornalismo, mas para o País: "Em um momento como este, o Brasil não podia se dar ao luxo de perder Boechat". Perdeu. Perdemos.
 
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Suzy Monteiro

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