CINEMA EM DEBATE
20/10/2013 | 06h20
Agora sob o nome de Goitacá, em homenagem à sala de cinema que cedeu lugar à igreja Universal e também aos índios que habitaram a cidade, o cineclube retoma as atividades no próximo dia 23, às 19h30, no auditório do Oráculo (sala 507, do edifício Medical Center) com a exibição do filme “Hans Staden”, de Luiz Alberto Pereira, que será apresentado pelo diretor de Redação da Folha da Manhã, Aluysio Abreu Barbosa.
Inicialmente como José Amado Henriques (homenagem ao crítico de cinema que atuou na imprensa campista), as sessões aconteciam na Faculdade de Medicina, e, posteriormente, como Cinema no Palácio, no auditório do Palácio da Cultura, o cineclube está sendo reativado por iniciativa de Luiz Fernando Sardinha, dono do espaço Oráculo, que, além de profissional destacado na odontologia, é cultor das artes, notadamente teatro e cinema. Para dar conta da tarefa, convidou Aluysio, o professor Aristides Soffiati, o jornalista Gustavo Matheus e o articulista da Folha Dois PC Moura. Na coordenação das atividades, a jornalista Luciana Portinho, diretora de eventos do Oráculo.
Necessidade — No momento em que a cultura em Campos está em discussão, a partir de depoimentos publicados nesta Folha Dois, Aluysio entende que a retomada do cineclube acontece em boa hora e mostra que é possível “romper com as condições de pedinte do poder público municipal e criar espaços próprios para a discussão da arte. No caso específico, cinema. Isso é possível através da iniciativa privada e de pessoas sensíveis, como é o caso de Sardinha, profissional vitorioso, mas que não vive sem arte.” Além do mais, serve também para a produção efetiva da cultura, através de mostras regulares de filmes que dificilmente seriam vistos em circuito comercial.
Depois de “Hans Sataden”, será a vez, no dia 30, de “Como era gostoso o meu francês”, de Nelson Pereira dos Santos, cabendo ao jornalista Gustavo Matheus a apresentação. “Mantenho conversas regulares com Aluysio sobre cinema. Sempre me interessei em conhecer a trajetória dos diretores e, percebendo meu interesse, convidou-me para participar do cineclube. Aceitei de pronto, já que é uma oportunidade rara para enriquecer meus conhecimentos sobre a sétima arte”, destacou Matheus. No dia 6 de novembro é a vez do professor e ambientalista Aristides Soffiati fazer os comentários antes da apresentação de “Desmundo”, dirigido por Alain Fresnot.
Aristides considera a retomada do cineclube fundamental como espaço para discussão e conhecimento de filmes que não fazem parte do circuito comercial. Sendo que muitos não são encontram nem em locadoras. “Se você for a uma locadora e pedir “Ladrões de Bicicletas”, de Vittorio De Sica, não encontrará e o atendente pode até tomar um susto porque não está acostumado a lidar com filmes de arte. Também poderemos ver obras que não chegariam aqui por falta de apelo comercial. Enfim, é a retomada de um espaço para discussão e, desta feita, pela iniciativa particular.” O filme “Brincando nos Campos do Senhor”, de Hector Babenco, será mostrado no dia 13 de novembro, cabendo a apresentação ao articulista PC Moura. “A idéia do cineclube é genial, porque podemos nos libertar da enxurrada de filmes comerciais. É uma opção que oferece para discussão e, além disso, a entrada é franca”, observou Moura.
Espaço aconchegante
A sede do Oráculo, sala 507 do edifício Medical Center, é um espaço confortável com 30 lugares (poltronas estofadas) e equipamento para projeção de filmes de última geração. A diretora de eventos, Luciana Portinho, destaca que a proposta de Luiz Fernando Sardinha é promover discussões regulares sobre arte e, por isso, a proposta de retomada do cineclube que agora “ganha o nome de Goitacá. Além do mais, trata-se de uma oportunidade para formar um grupo para discussões regulares sobre cinema. É um espaço à inteligência campista, sem grupinhos ou mandantes”.
Aluysio Abreu Barbosa lamenta o fato do campista neste momento ficar restrito às salas do Boulevard que “exibem filmes para analfabetos, uma vez que são todos dublados.” Também lamenta a demora da reforma das salas do Cine 28. Com isso, o cineclube se constitui numa opção para aqueles se sentem órfãos de filmes que conclamem à sensibilidade “e não as rotineiras sessões pipoca que fazem a festa das bombinières.” O acesso ao Oráculo será gratuito e, após cada sessão, os presentes debaterão o filme se constituindo assim numa oportunidade para o exercício da inteligência e da sensibilidade.
Celso Cordeiro Filho (Capa da Folha Dois de hoje, domingo, 20/10)
Mais da política:"Modernidade Conservadora"
07/08/2013 | 01h03
A expressão do título foi usada pelo professor de história e presidente do PT de Campos, Eduardo Peixoto. Ele também é o companheiro amoroso da ex-vereadora Odisséia Carvalho; formam de fato um dos íntegros casais de Campos.
Para mim, ter que entrevista-lo para a Folha da Manhã é invariavelmente motivo de conversa inteligente. Concordando ou não, há uma linha de raciocínio, uma coerência na razão que expõe com simplicidade do cidadão que é.
Dele escuto que a candidatura do senador Crivella (PRB), liderança evangélica, é articulação feita por fora, nos bastidores do governo estadual que ensaia possíveis saídas para caso a candidatura de Pezão não empinar, daqui até 2014. Resumindo, Crivella pré-candidato a governador é fruto de acordo velado, chapa branca.
Quanto à ventilada saída do PT do governo estadual, Eduardo reafirma ser desejo antigo latente no partido, não um reflexo do desgaste agudo da popularidade do governador que enfrenta manifestações repetidas em frente a sua residência. “Desde a aliança no início do segundo mandato, só ficamos com o ônus ao encabeçarmos duas secretarias no governo. Estas duas secretarias (promoção social e maio ambiente) foram blindadas ao partido. Nelas, não nos foi possível aplicar políticas públicas necessárias às pastas, inclusive benéficas ao interior”.
Eduardo diz que a relação com o governador é atritosa desde o segundo mandato de Cabral. O governador agora não estaria contribuindo em nada ao insistir com seu candidato, faltam provas de ser competitivo. “Temos pré-candidato ao governo em 2014 (Lindbergh), o quadro de desgaste atual de Cabral nos oferece argumentos além dos já existentes. No momento, a sucessão é o maior problema do governador”, finaliza.
Folha com novo escritor
24/05/2013 | 05h38
Paulo César Moura passa a escrever na Folha Dois
Luciana Portinho
[caption id="attachment_6353" align="alignleft" width="200" caption="Ft. Edu Prudêncio"][/caption] O professor, ator, poeta, ensaísta e também mestre e doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Paulo César Moura ocupa, a partir de amanhã, um espaço da página sete da Folha Dois, com a coluna de contos, “Abundante”, com hífen, como sugeriu Moura. — Nossa identidade abundante, nossa outridade, no caso, tem a marca do híbrido, da diferença, da extrapolação do imaginário cartesiano etnocêntrico. O Outro é ab-undante, negação e envolvimento — diz Paulo César ao explicar a escolha do nome da coluna. Nascido em Campos, descobriu cedo a vocação para a literatura e o teatro. Aos 18 anos, em meado da década de 70, foi para o Rio de Janeiro estudar Letras. Corriam anos intensos para o movimento cultural brasileiro, em franco confronto com a ditadura militar, o teatro em ebulição. Paulo se aproxima, como ator, ajuda a criar o grupo teatral “Mixirico”. Se aventura na linguagem do Teatro do Absurdo. “Escrevo ficção, contos, peças de teatro, sem tema definido”. Sua poesia é moderna, simétrica, assimétrica, “branca”. De comum, a preocupação social, personagens esquecidos, marginalizados. “É uma reflexão com emoção, a poesia esta presente na prosa”, diz ele. Ao abordar o ‘outro’ ele situa o ato de escrever como parte de uma postura crítica. “Somos o outro da história, somos o quarto continente depois da Ásia, da África e da Europa”.( publicado na Folha Dois, página 3, hoje, 24/05)
UM QUIXOTE
[caption id="attachment_6356" align="alignright" width="223" caption="ft. Google"][/caption]
porque nunca desistes
nem porque tens no corpo
sinais de um sobrevivente
nem ainda porque
antes de tudo
ouviste mudo
teu nome:
errante.
por nada deixas de ser
criança
e apesar das maledicências
és um quixote:
eis a diferença.
Paulo César Moura
Sobre o autor
Luciana Portinho
[email protected]
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