Mário de Andrade dá o tom do show de abertura da Flip
24/06/2015 | 11h53
flip logo 15 [caption id="" align="alignleft" width="296"] Luís Perequê (foto de André Conti)[/caption] Intitulado “Música na Praça”, o show de abertura da Flip 2015 reúne Luís Perequê, o grupo cirandeiro Os Caiçaras e a cantora Dani Lasalvia, voltados para a arte popular -- tema recorrente na obra do homenageado Mário de Andrade (1893-1945). O autor e musicólogo foi um desbravador da música popular de raiz do Brasil, apontando suas pesquisas para ritmos indígenas, músicas africanas, acalantos, ranchos, modinhas, cirandas. O show, gratuito, acontece ao lado da Igreja Matriz, na quarta-feira (1º de julho), às 21h30, após a sessão de abertura da festa literária. Apresentando canções de sua autoria, Luís Perequê abre a noite. Na sequência, uma convidada do artista caiçara ganha a Tenda da Flipinha, a cantora Dani Lasalvia – que interpreta algumas das canções coletadas por Mário. A ciranda, que o escritor modernista chamou de “dança dramática”, estará representada pelo grupo Os Caiçaras. Programação da FlipMais é totalmente gratuita A programação da Flip transborda os limites da Tenda dos Autores e se espalha pela cidade. Marcadas pela diversidade, as atividades da FlipMais combinam literatura, cinema, teatro, arquitetura, artes plásticas e políticas públicas, que ocupam a Casa da Cultura de Paraty e, pela primeira vez, a Capela Nossa Senhora das Dores, a Capelinha – tudo com entrada gratuita. Debates sobre preço fixo do livro e produção de poesia, além de espetáculos que trazem para cena o feminismo e a linguagem contemporânea do circo, compõem a grade da FlipMais. Confira a programação completa aqui.
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Ossos do (gigante) ofício
15/05/2015 | 10h56
Estive no mês passado na Galeria Scenarium, Rio de Janeiro. Fica em um sobrado, daqueles antigos de um Rio passado: provavelmente erguido em 1874. Faz parte, com orgulho, dos bens protegidos da cidade. Este prédio encantador com fachada azul de ladrilhos esmaltados foi restaurado e fica na Rua do Lavradio. Queria ver a exposição " TRAÇO LIVRE do Limite do Humor à Liberdade de Expressão". Lindo espaço, impecável no cuidado e apresentação dos trabalhos. Exposição concisa, finamente disposta por todo o piso térreo. Dá gosto ver a arte tratada de forma profissional. No final, nós da assistência nos sentimos respeitados e valorizados. Bom, trago uma primeira seleção do que vi para vocês. É do genial humorista brasileiro Miguel Paiva. Nos desenhos,  a dificuldade histórica que o humor enfrenta para existir e cumprir o seu quinhão na criação, ao não se curvar aos poderes e poderosos, sejam eles quais foram. São corajosos os que desafiam o status quo. Em mim, despertam profunda admiração. Nos ensinam. FullSizeRender(21) FullSizeRender(22) FullSizeRender(23) FullSizeRender(24) FullSizeRender(25) FullSizeRender(26) FullSizeRender(27)          
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Ainda sobre o Mercado Municipal
14/05/2015 | 11h23
No início deste ano (2015), o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), órgão responsável pela proteção do patrimônio histórico do Estado do Rio de Janeiro, enviou solicitação ao Conselho de Preservação do Patrimônio Arquitetônico Municipal (Coppam), ao promotor de Justiça de Tutela Coletiva/Núcleo Campos, Marcelo Lessa, e à prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, recomendando a interrupção das obras em curso pela PMCG no entorno do Mercado Municipal de Campos (ver aqui). Além disso,  o Inepac comunicou a abertura do processo de tombamento do prédio do Mercado, tendo em vista o interesse cultural do prédio a nível estadual. [caption id="attachment_8957" align="aligncenter" width="390"]mercado inepac Foto Valmir Oliveira[/caption] Na mesma época, setores da sociedade civil criaram uma petição online na Avaaz , dirigida ao MPE/sede regional de Campos, requerendo a suspensão das obras. A petição indicava que as tais obras (apresentadas pela PMCG como de "revitalização") sufocam e descaracterizam o Mercado, ferem o artigo nº6 da lei nº8.487, de 2013. — A lei nº8.487, de 2013, diz que nada pode interferir na visualização, na ambiência e na qualidade urbanística de um bem que seja tombado como patrimônio histórico. E o projeto aprovado pelo Coppam deixa como visíveis apenas a fachada do Mercado (a parte voltada para a Rua Formosa) e a parte de cima da torre do relógio. Essas obras emparedam o Mercado — comentou o arquiteto Renato Siqueira, um dos membros da sociedade civil que assinaram a petição da Avaaz. Renato é membro do Observatório Social. Em artigo publicado na Folha da Manhã assim se pronunciou: “Ratificamos o descaso e falta de interesse em oferecer o melhor à população, ao prédio histórico tombado, ao ambiente urbano do principal equipamento do Centro Histórico, bem como aos permissionários, que merecem respeito e locais adequados para desempenharem as suas funções, cujos projetos existem e estão nos arquivos da própria Prefeitura, secretaria de Obras, desde 2003, mas completamente ignorados.”

Feito esta pequena introdução, leio hoje no blog Opiniões (aqui), o posicionamento público do promotor de Justiça de Tutela Coletiva/Núcleo Campos, Marcelo Lessa. Na prática referenda a decisão da PMCG em tocar a obra no entorno do Mercado Municipal. Com respeito à função que exerce na 2ª Promotoria de Justiça/MPE, nem por isso, (ou até mesmo por isso) esta blogueira traz algumas considerações ao impasse que a tantos angustía.

[caption id="attachment_8956" align="alignleft" width="300"]mercado bagunça Foto. Valmir Oliveira[/caption]

É notório que a imundice que toma conta do mercado, com ratos, dejetos e sujeira mesmo, vem de algum tempo, por absoluta falta de manutenção rotineira do prédio, cuidado e higiene. Em Campos, tornou-se hábito do poder público municipal deixar os espaços públicos se deteriorarem a tal ponto em que só uma nova obra é capaz de "revitalizar" o desfeito. Também o atual emparedamento do Mercado Municipal, é resultado de políticas locais imediatistas, não aconteceu por acaso.

Que o problema é complexo, todos concordam. Que envolve interesses distintos, idem. Penso ser da natureza do poder público negociar conflitos, construir o bem estar coletivo (não de grupos), projetar o presente com olhos de perspectiva futura. Campos cresce, nada indica que estancará; cada vez mais o que é de todos, me refiro aos espaços e bens públicos, ganhará importância no cotidiano da sua população.

Qualquer intervenção humana no espaço gera "satisfeitos e insatisfeitos". Assim é com a criação/duplicação das estradas, assim é com a retirada de rodovias que atravessam cidades (caso da vizinha Itaperuna) em que comerciantes se beneficiam, mas que atravancam o deslocamento dos moradores.

E lembro aqui, não se trata apenas de deleite pela preservação do aspecto histórico-arquitetônico, este nos confere identidade. Oscar Niemeyer, dizia que uma obra arquitetônica não vale por suas qualidades funcionais, mas por suas propriedades estéticas: em vez de ser "boa para morar", "boa para trabalhar", ela é "boa para pensar", "boa para integrar". Beleza e funcionalidade não são idênticas, quiçá por isso admiramos construções que há muito perderam qualquer utilidade material (Partenon, Coliseu, Pirâmides...). Penso que é chegado o momento, com tantos já desperdiçados, de só nos movermos em busca das "soluções ideais". [caption id="attachment_8958" align="aligncenter" width="452"]mercado como era foto. autor desconhecido[/caption]  
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Dois destinos
11/05/2015 | 12h30
Desde de garota pensava como ele. Nascida na cidade do Rio de Janeiro, criada na Zona Sul, cercada pelas favelas nos morros, olhava para cima e vinha a certeza: se no altos tivesse nascida seria outra pessoa. Só não sabia, com precisão, qual a extensão da diferença. Mas, que ela existiria, dúvida não tinha.
Sugiro a leitura do artigo do Luís Fernando Veríssimo, publicado no jornal O Globo, em 07/5/15.
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Luís Fernando Veríssimo                 verissimo

Sua biografia já foi decidida, antes de você nascer. Quem a decidiu você nunca soube quem foi. Seu destino está fixado nas estrelas, mas as estrelas se movem

Você nasceu num vilarejo da África Equatorial. Não importa o seu nome, você é uma entre milhares. Além das outras desgraças que a esperavam, você nasceu mulher. Sobreviver ao parto já foi uma vitória sobre as estatísticas. Chegar viva à sua idade sem sofrer qualquer tipo de mutilação foi um milagre. Sua mãe morreu de uma epidemia, você mal a conheceu. Seu pai você nunca soube quem foi. E seu destino está fixado nas estrelas. Deve haver uma palavra na sua língua para “destino”. Talvez seja a mesma palavra para “danação”. Sua biografia já foi decidida, antes de você nascer. Quem a decidiu você também nunca soube quem foi. Seu destino está fixado nas estrelas — mas as estrelas se movem. Não estão fixadas no mesmo lugar todas as noites. E algumas fogem. Você vê os riscos que deixam no céu as estrelas que fogem. E você decide fugir também. Fugir do seu destino. Fugir da danação. É pouco provável que exista o termo “livre arbítrio” na sua língua. Você o descobre em você. Você inventa sua própria liberdade. E você foge da sua biografia. Com outros do seu vilarejo, caminha para o Norte, para o Mediterrâneo. Não morre no caminho — outro milagre! Não morre sufocada no barco abarrotado de fugitivos que atravessa o Mediterrâneo. Não morre afogada antes de chegar ao seu outro destino, o destino que você escolheu. E começar outra biografia. Ou: Você nasce numa cidade chamada Londres. Seu nome não só importa como é sujeito de uma especulação nacional, até ser escolhido. Sua mãe é linda, seu pai é rico e tem emprego garantido, sua foto provoca êxtases, você já é uma celebridade internacional. Ah, e um detalhe: você é a quarta na linha de sucessão ao trono da Inglaterra. Dependendo da disposição das estrelas, pode acabar rainha. Nada lhe faltará. Mas mesmo que queira, jamais poderá fugir da biografia que prepararam para você. Danação.
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Galeano, nós e o nosso quintal
19/04/2015 | 12h36
GALEANOPor isso, estimado leitor, continuo a colorir o meu jardim.  O tempo passa, ou melhor, passamos por ele. Bom feriadão! IMG_5274
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Do que eu conheço...
09/02/2015 | 11h52
mesquitaNão é muito, também não é pouco,  a Mesquita de Córdoba - Andaluzia, Espanha -, é uma das mais belas construções muçulmanas ao longo de séculos, destaque arquitetônico do Ocidente. Um verdadeiro deslumbre aos olhos com seus milhares de arcos e colunas que fascinam milhões de visitantes. Construída em mármore e pedra no século VIII, quando do domínio árabe na Península Ibérica por quase 800 anos , a mesquita nos dias de hoje (há nove anos) é propriedade da Diocese de Córdoba, ou seja, da Igreja Católica que a nomeia de Catedral de Córdoba e está sendo acusada pelos muçulmanos de querer apagar a sua história. Considerada até o século XVI como a segunda maior mesquita do mundo, só batida pela Grande Mesquita de Meca, passou a ser a terceira com a construção da Mesquita Azul, em Istambul; é arrolada como Patrimônio Mundial da Unesco. Como o momento histórico é de uma renovada escalada religiosa beligerante, parece que por conta desta, mistura-se o anti-jihadismo na "disputa" ao tentar apagar a memória islâmica deste monumento. Os guias turísticos oficiais da prefeitura da Córdoba, a descrevem como uma fugaz intervenção islâmica. O fato tem causado polêmica entre historiadores e intelectuais e está no Tribunal Cordobês. — Seria importantíssimo que, através da mesquita de Córdoba, os visitantes pudessem conhecer, de primeira mão, informações fundamentadas sobre a História e a configuração do Islã em Al-andalus, em Córdoba, entre os séculos VIII e X. Esta é uma ferramenta excelente para combater a ignorância, o fanatismo e a intolerância - afirma Eduardo Manzano Moreno, historiador medieval e autor do livro “Conquistadores, emires e califas. Os Omeyas e a formação de al-Andalus”. Os escritores uruguaio Eduardo Galeano e irlandês Ian Ginson são alguns dos que, junto com os espanhóis Antonio Gala, José Manuel Caballero Bonald, Antonio Muñoz Molina, Rosa Montero e Javier Reverte, se uniram à campanha “Mesquita-catedral de Córdoba: patrimônio de todos”, que conta com mais de 400 mil assinaturas. O arquiteto britânico Norman Foster, os guitarristas de flamenco Manolo Sanlúcar e Vicente Amigo, e o cineasta Benito Zambrano também se juntaram. Tempos pobres. Tempo infame. Fonte: O Globo
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Terror investe contra a liberdade de expressão
07/01/2015 | 05h29
O dia começou sangrento na capital da França. Quatro homens mascarados atacaram a redação da revista de humor Charlie Hebdo, em Paris. Invadiram a reunião de redação , aos gritos de “vingamos o profeta” e fuzilaram 11 pessoas. Depois, na rua, mataram mais um, dessa vez um policial. Em um  vídeo, filmado por um dos ocupantes do edifício que se refugiou num telhado, divulgado no site da televisão pública France Télévisions, pode-se ouvir entre disparos a voz de um deles gritar: “Allahu Akbar” (Alá é grande). Eram 11h30 (hora local), quando teve início a carnificina. Dois homens armados com um fuzil automático kalashnikov e um lança-foguetes entraram na sede do Charlie Hebdo. Houve troca de tiros com as forças de segurança, relatou uma fonte próxima da investigação à agência France Presse. Na fuga, os atacantes ainda feriram um policial a tiro. Entre os mortos quatro reconhecidos cartunistas franceses:  Georges Wolinski, o editor da publicação, Stephane Charbonnier, o "Charb"; Jean Cabut, o "Cabu"; e Tignous. Wolinski era uma lenda internacional do cartum, um dos símbolos vivos do Maio de 68. [caption id="attachment_8629" align="aligncenter" width="620"]cartunistas mortos Fotos de arquivo mostram cartunistas da equipe da revista 'Charlie Hebdo' mortos no ataque. Da esquerda para a direita: Georges Wolinski (em 2006), Jean Cabut - o Cabu (em 2012), Stephane Charbonnier - o Charb (em 2012) e Tignous (em 2008) (Foto: Bertrand Guay, François Guillot, Guillaume Baptiste/AFP)[/caption] Ao Jornal Hoje, Ziraldo declarou: "A gente é amigo de longe. Mas toda vez que eu vou à França, encontro com ele. Ele já veio ao Brasil. A gente tem uma relação muito fraterna, muito agradável. Ele era muito combativo. Aquele francês bem irreverente e bravo. O 'Charlie Hebdo' fazia um humor muito agressivo. Acho que eles tinham muita coragem." O presidente francês, François Hollande, já no local,  descreveu a ação como um “ataque terrorista” de “extrema barbárie”. O jornal Charlie Hebdo tornou-se conhecido em 2006 quando decidiu republicar charges do profeta Maomé, inicialmente publicados no diário dinamarquês Jyllands-Posten e que provocaram forte polêmica em vários países muçulmanos. Em 2011, a sede do semanário foi destruída num incêndio de origem criminosa depois da publicação de um número especial sobre a vitória do partido islamita Ennahda na Tunísia, no qual o profeta Maomé era o “redator principal”. No mundo todo, além da manifestações oficiais, a população solidária se organiza para ir às ruas. Pelas redes sociais, estampam em seus perfis, Je suis Charlie. Daqui, contra toda forma de opressão e restrição da liberdade de expressão, Eu sou Charlie! Dia de triste memória. Image-1 Fontes: Agência Brasil, G1, Folha da Manhã
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Especial: programa dos bons!
03/12/2014 | 02h42
Deixo aqui um convite para o leitor antenado ao que de bom acontece em Campos. Recebi dele, via rede social , segue com suas próprias palavras. Cristiano, é uma dessas pessoas movimentadas quando o assunto é criatividade. Inquieto e questionador, não tem prato feito que mentalmente o alimente. Foi uma dessas aquisições culturais (ele é gaúcho de nascimento) que o campista tem a sorte de poder "adotar". Em sua bagagem, veio o principal: o próprio em carne e osso.
cristiano livro
Com enorme satisfação te convido para o lançamento do meu livro "antes os dentes eram brancos". Data: 6 de Dezembro de 2014 Horário: 20 h às 22 h - Entrada franca Local: The Underground Pub (Rua Marcílio Dias, 29/31, Campos dos Goytacazes - RJ. Participação especial da banda Anti Matéria, do amigo Gabriel Formaglio. Te aguardo! Cristiano Pluhar.
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Dos Achados
27/11/2014 | 09h45
Dias atrás estive no Mosteiro Zen Morro da Vargem,  no vizinho estado do Espírito Santo. Neste ano comemoram-se os 40 anos da fundação daquele que é o mosteiro budista mais completo da América Latina. Instalações na medida exata: amplas, despojadas, funcionais, bem bonitas. Dispostas em “uma área de 150 hectares, 140 deles reservados exclusivamente para a preservação e recuperação da Mata Atlântica. Os 10 hectares restantes são ocupados com templos, jardins e com agricultura de subsistência. Esse modelo de ocupação foi destacado, em 1997, pelo Ministério do Meio Ambiente, como uma das mais bem sucedidas experiências brasileiras de desenvolvimento sustentável.” Quem se propõe a conhecê-lo verifica com seus olhos a dimensão da obra que nos enche de orgulho. Participei do último Sesshin (retiro) de 2014. Grupo grande de 80 pessoas vindas de várias localidades do país. Fui pela terceira vez em busca de uma reafirmação de valores. Não é um passeio de distração, definitivamente não. A jornada - ainda que cercada pela natureza exuberante da pequena montanha - é trabalhosa espiritualmente, exige esforço mental e físico, mas, nos deixa o rastro dos significados essenciais à vida, saberes abafados pelo cotidiano superficial da sociedade que construímos. É um momento de silenciar, de “não- agir”, de imobilizar (nos inúmeros e prolongados tempos de meditação) o corpo físico, de esvaziar a mente e de praticar a disciplina. Produz efeitos duradouros. Cito, sem dogma, uma máxima do Budismo, por ela perceberão que nos sugere a integração plena no universo. Estar integrado é nos perceber parte do todo maior: rico, diverso, contínuo. Ainda que sejamos individualmente finitos, a vida não o é. Saber nos servir dela, tirando o justo necessário, sem deixar restos, presente no momento e respeitando a si e ao outro. “Estudar o Zen/é estudar a si mesmo. Estudar a si mesmo/é se esquecer de si mesmo. Esquecer de si mesmo/é estar uno com todas as coisas.” Mestre Dogen Seguem algumas imagens do Mosteiro Zen. Sugiro que pesquisem, com curiosidade, o sítio http://www.mosteirozen.com.br . IMG_3754 IMG_3627 IMG_3742 IMG_3696IMG_3608
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Calou-se uma voz dos oprimidos
04/05/2014 | 01h41
Calou-se a voz de Tomás Balduíno,                                                                         
nessa noite de 2 de maio.
Uma voz que nunca quis ser sozinha,
sabia, desde os anos de chumbo:
uma voz solitária não suspende a manhã.
Quis ser uma voz entre vozes,
ergueu sua voz dentro do vasto coro dos oprimidos:
os índios, os posseiros, os lavradores,
os retirantes da seca e da cerca
e os que se levantam contra elas,
as mulheres, os negros, os migrantes, os peregrinos
para forçar claridades, para ensinar amanhecer.
Tomás é palavra.
A palavra que banha como bálsamo.
A palavra que fustiga.
Incendeia.
A palavra que perdoa
mas aponta - sempre - o caminho da Justiça.
E o que somos na vida?
Somos os ossos das palavras
que povoam o caminho de pedra ou flores
que sangram os pés dos nossos filhos.
Tomás é sertão.
O sertão e suas armadilhas.
O sertão e suas infinitas contradições.
Tomás é sertão
onde se dobram os ventos de Goiás e Minas,
onde nascem águas
nessa infinita geografia
que alimenta nossas esperanças.
Calou-se a voz de Tomás Balduíno.
Permanecerá sua palavra.
Tomás é sertão:
gesto de fé nessa gente que não se dobra.
Pedro Tierra Brasilia,Manhã de 3 de maio 2014
NOTA DE FALECIMENTO
Dom Tomás Balduino, fundador da CPT, fez a sua páscoa
“Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: Tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou...
tempo de lutar e tempo de viver em paz”.
(Eclesiastes 3:1-8)
É com grande pesar e muita tristeza que a Comissão Pastoral da Terra (CPT) comunica a todos e todas o falecimento de Dom Tomás Balduino. Fundador da CPT, bispo emérito da cidade de Goiás e frade dominicano, Dom Tomás lutou por toda sua vida pela defesa dos direitos dos pobres da terra, dos indígenas, das demais comunidades tradicionais, e por justiça social. Nem mesmo com a saúde debilitada e internado no hospital ele deixava de se preocupar com a questão da terra e pedia, em conversas, para saber o que estava acontecendo no mundo.
Aos 91 anos, completados em dezembro passado, Dom Tomás Balduino, o bispo da reforma agrária e dos indígenas, nos deixa seu exemplo de luta, esperança e crença no Deus dos pobres. Ficamos, hoje, todos e todas um pouco órfãos, mas seguimos na certeza de quem Dom Tomás está e estará presente sempre, nos pés que marcham por esse país e nas bandeiras que tremulam por esse mundo em busca de uma sociedade mais justa e igualitária.
Dom Tomás faleceu em decorrência de uma trombo embolia pulmonar, às 23h30 de ontem, 02 de maio de 2014. Ele permaneceu internado entre os dias 14 e 24 de abril último no hospital Anis Rassi, em Goiânia. Teve alta hospitalar dia 24, e no dia seguinte foi novamente internado, porém desta vez no Hospital Neurológico, também em Goiânia.
O Corpo será velado na Igreja São Judas Tadeu, no Setor Coimbra, em Goiânia, até às 10 horas do domingo, dia 4 de maio, momento em que será concelebrada a Eucaristia, e logo em seguida será transladado para a cidade de Goiás (GO), onde será velado na Catedral da cidade até às 9 horas da segunda-feira, 5 de maio, e logo em seguida será sepultado na própria Catedral.
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Sobre o autor

Luciana Portinho

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