Das Unbehagen in der Kultur
21/01/2017 | 21h40
Sigmund Freud escreveu o Mal Estar na Civilização (Cultura) no final da década de 1920, quando as marcas da I Grande Guerra ainda eram evidentes por toda a Europa e o espectro do nazismo já se insinuava sobre a Alemanha. Publicado em 1930, é uma das poucas obras de S. Freud que não trata especificamente da psicanálise, da sua teoria e das suas técnicas. Ao contrário, é uma obra sobre ciências sociais onde a libido encontra a sociologia e as origens da infelicidade humana é investigada. E é justamente nessa investigação onde S. Freud imprime a contundência das suas considerações sobre a gênese da infelicidade que permeia a nossa cultura. O primeiro motivo da infelicidade Freud detecta em nosso próprio corpo. Desde muito cedo sabemos que marchamos inexoravelmente rumo à dissolução, ao retorno à nossa forma primeva, mineral. Só não sabemos quando e de que modo isso se dará. Sendo muito improvável que a mente consciente sobreviva a dissolução do corpo físico, Nietzsche escreveu em Considerações Intempestivas : "No fundo, todo homem sabe muito bem que viverá somente uma vez, que é um caso único, e que jamais o acaso, por mais caprichoso que seja, poderá reunir duas vezes uma variedade tão singular de qualidades fundidas em um todo". Frente à isso, então, só nos resta acreditar que a mente consciente seja uma entidade muito mais ampla e transcenda realmente seu substrato óbvio: nosso cérebro. O segundo motivo está um pouco além do nosso corpo, centrado dessa vez em nosso ambiente, na Natureza. Contra seus desígnios e movimentos somos impotentes. Que o diga os milhares de turistas que fugiam do inverno europeu e se bronzeavam em resorts espalhados pela Indonésia e Tailândia quando foram surpreendidos pelo tsunami que varreu o Oceano Indico no Natal de 2004. Toda riqueza do mundo não teria muita valia para ao menos minimizar essa catástrofe. Em última instância, nossa vida e bem-estar é uma mera concessão da Mãe Natureza, sujeita a alterações sem aviso prévio. Para piorar nossa situação, a Mãe Natureza desconhece o significado da palavra benevolência. O terceiro motivo é identificado naquilo que nos é mais importante ao longo das nossas vidas: as relações entre os indivíduos, as relações entre os grupos humanos, as relações sociais. Criamos uma sociedade hostil, desigual e violenta onde guerras, perseguições, genocídios, conflitos ideológicos, religiosos e territoriais permeiam nossa história desde que nosso gênero se tornou sedentário e promoveu a agricultura. Por exemplo, ao longo dos milênios aprimoramos e sofisticamos os métodos e os instrumentos de aniquilação mútua mas somos incapazes de facilitar um final de existência digna e confortável para boa parcela dos idosos, mesmo em países desenvolvidos. O titulo original, em alemão, dessa obra seminal é Das Unbehagen in der Kultur. S.Freud, com toda razão, considerava a Cultura a única qualidade que nos diferenciava dos demais animais. Seus editores, todavia, preferiram, contra a vontade do autor, substituir Cultura por Civilização. Os direitos dessa obra, no Brasil, é da IMAGO Editora Ltda,(1969) e uma perfeita tradução, a partir do original em alemão, foi realizada por José Otavio de Aguiar Abreu.
Guilherme Peregrini*
* Guilherme Peregrini é handmaker, filósofo amador e considera o rock'n roll o único caminho possível para a Salvação. Pode ser encontrado no "Handmades", fórum que reúne jazzistas, bluseiros e roqueiros que gostam de construir, guitarras, amplificadores, pedais de efeito e processadores de sinais com as próprias mãos. aqui http://www.handmades.com.br
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Nós somos o maior desastre
21/01/2017 | 21h40
É só parar e pensar minimamente que chegaremos a esta conclusão. Nós (a sociedade que soubemos construir, com os valores que soubemos empunhar), somos o desastre ambiental do belo planeta Terra. Segundo cientistas, por ano, lançamos cerca de 8 milhões de toneladas de lixo plástico nos oceanos. E o pior, o Banco Mundial projeta que atingiremos o patamar máximo de lixo produzido no mundo até o final deste século. Choca saber que o uso maciço de plásticos é tão gigantesco que os oceanos abrigarão mais detritos plásticos do que peixes em 2050 - informação de um comunicado na terça-feira (19), no Fórum Econômico Mundial de Davos. "Isso significa que estamos tirando atum e colocando plástico em seu lugar", disse Kara Lavender Law, co-autora da pesquisa e porta-voz da Associação Educacional do Mar de Woods Hole, no Estado americano de Massachussetts. [caption id="" align="aligncenter" width="567"] Cientistas dizem que 20 países são responsáveis por 83% da poluição dos mares por plástico (Foto: Reuters/Erik De Castro/Files ) Cientistas dizem que 20 países são responsáveis por 83% da poluição dos mares por plástico (Foto: Reuters/Erik De Castro/Files )[/caption]

E mais.

Com as águas do mundo tomadas pelo plástico, a quantidade de lixo no oceano tem colocado em risco as aves marinhas do mundo. Estudo dos pesquisadores do Imperial College London e da Organização para a Pesquisa Industrial e Científica da Comunidade da Austrália (CSIRO) concluiu que cerca de 90% das aves marinhas têm plástico em seu organismo atualmente. Também preveem que esse percentual chegará a 99% até 2050, segundo a pesquisa publicada em meados de 2015 na revista cientítica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Para que tenham noção da tragédia: em 1960, menos de 5% das aves marinhas tinham ingerido plástico na época. [caption id="" align="aligncenter" width="516"]Atobá-de-pé-vermelho é fotografado na Ilha Christmas, da Australia; poluição dos oceanos está pondo em risco as aves marinhas (Foto: CSIRO/Divulgação) Atobá-de-pé-vermelho é fotografado na Ilha Christmas, da Australia; poluição dos oceanos está pondo em risco as aves marinhas (Foto: CSIRO/Divulgação)[/caption] Ou os países tomam atitudes radicais e imediatas, ou seremos um dia classificados como o mais venal dos lixos do belo planeta Terra.
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E o Caderno mais lido é...
21/01/2017 | 21h40
FullSizeRender(37) Charge publicada no jornal Folha de São Paulo
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Bateu o motor
21/01/2017 | 21h40
FullSizeRender(36) Charge publicada no jornal Folha de São Paulo
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Mas...logo em Santo Eduardo??
21/01/2017 | 21h40
Leio a reportagem de Jhonattan Reis, publicada ontem (19) na Folha Online, sobre um foragido do presídio de Bangu, Rio de Janeiro, detido na segunda-feira (18) em Santo Eduardo. O homem, segundo a Polícia Militar, estaria "escondido" desde outubro de 2015. Os moradores do distrito, anonimamente, fizeram diversas denúncias à PM: o foragido não satisfeito de se intrometer na vida tranquila da área rural norte de Campos ainda cometeu o desatino de realizar furtos na pacata localidade. Resultado, o homem que tinha dois mandatos de prisão em aberto, foi encontrado entocado no meio do matagal e reconduzido ao presidio de Bangu. Surpreendente a ideia de um fugitivo qualquer crer que conseguiria virar paisagem na zona rural de Campos. Logo lá onde todos têm tempo de olhar para o céu, todos se conhecem, sabem o que o vizinho do lado faz, como vive e com quem convive. Maluquice supor que passaria desapercebido! Talvez o infeliz não conhecesse aquele famoso bordão: "Campista, nem fiado nem à vista".  
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Alguém se lembra? Eu me lembro
21/01/2017 | 21h40
Corria a década de 80 e a economia brasileira patinava em dívidas e inflação galopante. Lembrar que ainda, no país, não vigorava a Lei de Responsabilidade Fiscal. Os estados e municípios endividados até o pescoço rolavam dívidas e mais dívidas. No dia 15 de setembro de 1988, o prefeito Roberto Saturnino Braga (PDT), vai a TV e anuncia: está decretada a falência do município do Rio de Janeiro. Os motivos alegados foram muitos. O Banco Central bloqueara todas as contas da Prefeitura, a Câmara Municipal queria 100% de aumento para o funcionalismo, os mesmos vereadores - a maioria era oposicionista - impediam o reajuste das tarifas municipais que supostamente viabilizariam o combate ao déficit orçamentário, as chuvas tinham castigado a cidade e o município não obtivera ajuda da União. Outras línguas afirmavam que ao Saturnino faltava habilidade política para contornar a crise. "Salários do funcionalismo em atraso, greves, dívidas com fornecedores, hospitais funcionando precariamente, falta de professores e de merenda nas escolas eram alguns dos problemas que ele esperava solucionar com as emissões de 18 milhões de Obrigações do Tesouro Municipal (OTMs), conhecidas como carioquinhas. Mas os pedidos de emissão desse lote de títulos eram sempre negados pelo ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, do Governo Sarney". "A Prefeitura do Rio só se recuperaria na gestão seguinte, de Marcello Alencar, beneficiado pelas mudanças promovidas pela Constituinte, além de uma maioria na Câmara de Vereadores. Após a gestão da Prefeitura, Saturnino ainda se elegeu vereador, em 1996, e senador, em 1998. Simultaneamente, passou a se dedicar à literatura, tendo publicado várias obras. Uma delas, “Contos do Rio”, recebeu o Prêmio Malba Tahan, da Academia Carioca de Letras, em 2000".
Que a História não se repete, não duvido da máxima, mas que guarda similitudes, isso sim. Tanto que nos ensina, ou deveria.
fonte: O Globo
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Previsões fantasmagóricas
21/01/2017 | 21h40
Videntes, adivinhos, cartomantes, profetas. Agora é tempo deles. Quiçá as pitonisas nos falassem de amanhãs mais brandos... [caption id="attachment_9521" align="aligncenter" width="546"]FullSizeRender(33) Charge do Amarildo, publicada ontem (29) no jornal O Globo[/caption]
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Só no Brasil
21/01/2017 | 21h39
Um Poder da República que legisla em causa própria não me parece o mais justo (correto). Se era para defender direitos por qual razão não o fez para todos? Afinal são servidores públicos como os demais. Vai entender. IMG_7589  
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Feliz Natal Carlinhos!
21/01/2017 | 21h39
Um dia, guardarei grata memória da lida neste blog. Até aqui foram cinco anos de frutífera troca. Construimos respeito. Fiz amigos. Do leitor, recebi o retorno: cobrança e incentivo. Dos que me acompanham, sem querer melindrar qualquer pessoa, o Carlinhos é o número UM. Imbatível no destemor ao criticar a elite política que usa o eleitor como um objeto desprezível para se aboletar nos poderes da república. Presente em todos os momentos deste blog, com uma palavra humilde e colaborativa. Não o conheço pessoalmente e, no entanto, por ele nutro afeição. Na pessoa dele, faço meus votos aos demais leitores amigos. Um Feliz Natal junto aos seus!! Mesmo com retrocessos, manobras, carestia, escândalos, rebaixamentos, estagflação, uma pausa para festejar a VIDA! Queria publicar uma imagem representativa do Natal do brasileiro, escolhi a charge abaixo, fala por si. [caption id="attachment_9513" align="aligncenter" width="640"]FullSizeRender(32) Publicada, hoje (24), no jornal Folha de São Paulo[/caption]
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Caroço de manga
21/01/2017 | 21h39
Há meses acompanhamos os capítulos da cruzada nacional contra o deputado federal Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara. Transformou-se no inimigo número um do brasileiro. Encarnou todas as mazelas inscritas na imagem que a população faz do político dos dias de hoje. É típico da nossa cultura personificar o mal. Passo seguinte: odiá-lo. Parece que assim exorcizamos das nossas vidas tudo aquilo que sabemos ser trabalhoso corrigir. É aquele toque de varinha mágica que no fundo desejaríamos real. Agora, esta novela se aproxima do fim e, na vida real outros surgirão para nos atazanar. [caption id="attachment_9509" align="aligncenter" width="534"]FullSizeRender(30) Charge, publicada no dia 11 de dezembro de 2015, na Folha de São Paulo[/caption]    
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Sobre o autor

Luciana Portinho

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