O que era para ser apenas mais um dia de treino acabou se transformando em um dos momentos mais marcantes  e assustadores da vida do jovem atleta Luan Azeredo, de apenas 17 anos, natural de Farol de São Thomé, distrito de Campos, no Norte Fluminense. O bodyboarder viralizou nas redes sociais após compartilhar o relato emocionante de uma crise de pânico que enfrentou ao tentar treinar no temido mar de Itacoatiara, em Niterói, uma das praias mais perigosas do Brasil para o surfe e o bodyboard.

Luan viajou até a Região Metropolitana do Rio de Janeiro acompanhado de seu treinador, Bruno Invyk — que também é atleta e campeão mundial de bodyboard — com o objetivo de treinar para, no próximo ano, migrar para a categoria profissional. Com uma trajetória já marcada por títulos em etapas do Circuito Brasileiro e participações no Circuito Mundial no Chile, ele estava confiante. Mas o mar tinha outros planos.

A previsão já indicava que o mar estaria forte. Ondas de até 3 metros foram registradas na última segunda-feira (9), o dia do incidente. Mesmo assim, o jovem não hesitou em entrar na água. "Eu estava amarradão, muito animado para entrar", relembra ele. Foi essa empolgação que o levou a convencer o próprio treinador a encarar as condições adversas.

Luan tentou atravessar uma série de ondas gigantes, mas foi surpreendido pela força do mar. Logo de cara, teve o leash da prancha arrebentado e começou a tomar uma série atrás da outra na cabeça. Ao todo, foram 12 ondas que o engoliram uma após a outra, sem dar chance de respiro.

"Nas últimas duas ondas, eu já tinha desistido. Achei que ia morrer. Pedi para Deus me levar para um lugar bom, porque achei que não ia sair vivo", contou o jovem. Mesmo sem forças, decidiu tentar uma última investida. "Furei a penúltima onda e já apareci mais perto da beira. Me joguei na onda de trás para ela me empurrar até a areia", disse. 

O alívio de tocar o solo firme, no entanto, não encerrou o sofrimento. Exausto e em estado de choque, Luan ficou deitado por cerca de 10 minutos na areia, até conseguir se levantar com a ajuda de amigos. Foi então que veio a crise de pânico: "Fiquei cerca de 40 minutos nisso. Não conseguia me mexer, quando alguém encostava em mim, eu começava a chorar e a me tremer ainda mais", explicou. 

Apesar da experiência traumática, o atleta compartilhou o vídeo com um tom reflexivo. Ele alertou sobre os riscos do mar, mesmo para quem é experiente. “Postei esse vídeo com o intuito de que as pessoas aprendam que o mar é perigoso mesmo para quem está na água diariamente ou conhece bem o mar”, explicou.

Itacoatiara é reconhecida como uma das ondas mais intensas e perigosas do mundo. A força do mar, a correnteza e o peso da água fazem daquele lugar um verdadeiro campo de batalha para os atletas. “A grande diferença dessa praia é que a onda lá é considerada, por alguns, uma das mais fortes do mundo. A correnteza não te deixa sair, ela te prende. Não adianta remar contra”, destacou Luan.

O vídeo, publicado nas redes sociais, já ultrapassou 300 mil visualizações. Nas imagens, é possível ver a luta do jovem contra as ondas e, posteriormente, seu estado de vulnerabilidade após conseguir sair do mar. O próprio Bruno Invyk, seu treinador, fez questão de comentar: “Representou. Eu estava lá dentro com ele e vi o quanto ele teve de atitude. Agora está batizado, 'BIG BIG'. Estamos juntos, meu brother”.

Hoje, Luan já está recuperado fisicamente e segue treinando, determinado a seguir com seu sonho: se tornar um atleta profissional, conquistar títulos nacionais e internacionais e, acima de tudo, continuar sendo uma inspiração. “Quero ser reconhecido no mundo inteiro, ser uma boa pessoa e um atleta cada vez melhor”, finalizou.