Veterano do jornalismo regional, a poucos meses de completar 85 anos, o jornalista e cronista fluminense José Cunha Filho prepara-se para lançar sua mais recente obra, "Campos – Histórias Jamais Contadas", na 12ª Bienal do Livro de Campos.O autor estará presente na programação oficial no dia 6 de junho, das 17h às 18h, no Café Literário, dentro da agenda dedicada ao lançamento de livros de autores campistas. A Bienal será aberta no próximo dia 30 de maio e seguirá até 8 de junho de 2025, no Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop).
Pode-se dizer que José Cunha apresenta uma obra ambiciosa e multifacetada, que se propõe a desenterrar os veios mais profundos — e por vezes sombrios — da história de Campos dos Goytacazes. O livro é um misto de romance histórico, crônica social, sátira política e realismo mágico, o autor costura uma tapeçaria narrativa que abarca desde os tempos coloniais até o final do século XX.
Com grande domínio do registro coloquial e saborosamente regional, José Cunha cria diálogos verossímeis, carregados de expressões típicas e oralidade. Isso dá ao texto uma musicalidade própria, aproximando-o de um João Ubaldo Ribeiro em tom campista. A sátira política, o erotismo velado e a crônica de costumes ganham força nesse idioma afiado, bem-humorado e crítico, que ao mesmo tempo denuncia e celebra a terra natal.
Divulgação
"Campos – Histórias Jamais Contadas" é uma contribuição original e ousada à literatura brasileira contemporânea. Num momento em que a revalorização das narrativas locais e da história não oficial ganha espaço no debate público e acadêmico, a obra de Cunha atua como um instrumento de revisão crítica da memória coletiva. Sua escrita mistura os gêneros e atravessa o tempo, recuperando a força da tradição oral, o sabor das crônicas de província e o espírito investigativo do jornalismo literário.
Mais que um romance, o livro é um mosaico de vozes e temporalidades, uma “caixa de Pandora” que, ao ser aberta, deixa escapar tanto os fantasmas do passado quanto a esperança de reconstruir identidades por meio da ficção. José Cunha Filho, com sua prosa rascante, bem-humorada e reflexiva, afirma-se como cronista maior da planície goitacá — e talvez como um de seus romancistas mais audaciosos.
Cada “Tempo” do livro atua como uma lente sobre um Brasil múltiplo, ferido e encantado. A obra, ao atravessar séculos e personagens, nos permite compreender que as histórias jamais contadas de Campos são, em verdade, espelhos dos dramas — e esperanças — do país como um todo. Ao olhar para trás, o autor também ilumina o agora.
O lançamento de "Campos – Histórias Jamais Contadas" promete ser um dos momentos mais aguardados da 12ª Bienal do Livro de Campos, que nesta edição homenageia o cartunista Ziraldo (1932–2024) e tem como tema “Descobertas e Reencontros”.
Mini biografia - Nascido em Campos, em 1940, José Cunha Filho construiu uma carreira brilhante como cronista, jornalista e cineasta. Foi correspondente dos jornais O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e editor de importantes veículos locais,inclusive com atuação na Folha da Manhã. Autor das obras "O Lornhão de Bauxita", "Morte na Redação" e "Lá Onde o Vento Faz a Curva", é reconhecido por sua escrita vibrante e sua dedicação ao resgate histórico da região. Membro licenciado da Academia Campista de Letras desde 2005, Cunha é também poeta, fotógrafo e um ativo defensor da memória cultural de Campos.
Casou-se com Madalena dos Santos Cunha em 1968, o ano que nunca terminou. Tem três filhos, Marcus Vinicius dos Santos Cunha, designer da Uenf; Sérgio Augusto dos Santos Cunha, jornalista e Carolina dos Santos Cunha, advogada. Tem duas netas, Thamyris e Alice e um bisneto, Leandrinho. Ficou viúvo em 2001 e casou-se de novo em 2003 com Janete Maravilha Cunha. Vive em Grussai e comunica-se com o mundo com um PC que tem mais juízo que ele, embora menos memória.
Sinopse do Livro
Em Campos - Histórias jamais contadas, o autor José Cunha Filho conduz o leitor por cinco períodos marcantes da história de Campos dos Goytacazes, mesclando realidade e ficção com maestria.
Prólogo (Origens): A chegada dos colonizadores em 1629 e os primeiros conflitos e alianças entre culturas indígenas, africanas e europeias.
Tempo 1 (As Sandálias do Padre Arthur): Uma narrativa sobre fé, política e mudanças sociais nos anos 1820 e 1830.
Tempo 2 (A Fonte de Lágrimas): Um retrato da Campos dos anos 1930 e 1940, marcada pelas transformações econômicas e pelos dramas humanos.
Tempo 3 (Olho de Cristal): A perspectiva de dois imigrantes alemães na cidade durante os anos 1940 e 1950, em meio a eventos globais que ecoam localmente.
Tempo 4 (A Rosa Farpada): O impacto da revolução sexual e da chegada das primeiras faculdades nos anos 1960 e 1970.
Tempo 5 (Preta de Carvão): A complexidade da Campos atual, abordando temas como violência urbana e descobertas médicas, encerrando com uma mensagem otimista para o futuro.