Wladimir fala em independência dos poderes ao contestar 5% de remanejamento
Arnaldo Neto - Atualizado em 21/05/2022 09:05
Remanejamento e diálogo
A intenção dos vereadores de oposição, maioria na Câmara, de reduzir o percentual de remanejamento da Prefeitura no orçamento de 2023, de 30% para 5%, foi divulgada na semana passada por esta coluna (aqui) e confirmada (aqui) na terça-feira (17) por Marquinho Bacellar (SD), líder dos vereadores contrários ao governo, em entrevista ao Folha no Ar. Principal interessado no debate, o prefeito Wladimir Garotinho (sem partido) prega o diálogo pautado em princípios republicanos. Recorda que nenhum prefeito teve um percentual tão baixo e vê a medida como uma forma de amarrar as ações do governo, ficando refém sempre da bênção à Câmara.

“Pedir bênção na Câmara”
“Nunca foi 5%. Quando tentam colocar em 5% é para qualquer passo que o governo tenha que dar, ir lá pedir bênção na Câmara. Eu acho que os poderes são independentes, a Prefeitura tem que ter a sua capacidade de governar, de remanejar o orçamento, e a Câmara o direito de fiscalizar. Se quiserem ter uma um diálogo aberto, franco, coerente, passa pelas votações da Câmara, passa por aquilo que a Prefeitura pode fazer de entrega. Por exemplo, estou fazendo obras estruturantes em vários bairros. É justo que o vereador pleiteie para região dele, é uma conversa republicana. Se for coerente, a gente vai começar a dialogar”, avaliou Wladimir.
Genilson Pessanha


Rosinha teve 50%; Rafael parou em 20%
Como já exemplificado nesta coluna, remanejamento é o seguinte: na reforma da casa, o sujeito orçou gastar 2X na sala e 1X no banheiro. No decorrer da obra, a sala saiu por 1,7X, enquanto a do banheiro estourou o orçamento. No caso do prefeito, ele pega esses 30% que sobraram de um lugar e remaneja a outro. Com 5%, só poderia usar os 25% restantes com autorização da Câmara. Mãe do atual prefeito, Rosinha Garotinho (União) teve 50% de remanejamento, o que a oposição chamava de “cheque em branco”. Rafael Diniz (Cidadania) começou com 30%. No fim, oposição e G-8 aventaram reduzir a 10%, mas terminou com 20%.

Poder de articulação
Em 2019, quando oposição e G-8 quiseram reduzir o percentual de remanejamento de Rafael, Wladimir, à época deputado federal, foi procurado pelo então presidente da Câmara, Fred Machado (Cidadania), e chegaram a um consenso. Hoje, Wladimir é prefeito, Fred, vereador de oposição. Cabe ao prefeito ou seus articuladores a tentativa de um diálogo para chegar a um meio termo. Segundo Wladimir, “o diálogo com a oposição é natural do processo político. Se eles quiserem dialogar pelo bem da cidade, pelo progresso, eu estou disposto a conversar, desde que a conversa seja pautada em princípios republicanos, que façam a cidade crescer”.
Da tensão à união?
A tensão entre o Executivo e o Legislativo é bem maior do que na gestão passada. Desde o “vai ou racha” do prefeito na votação do Código Tributário, há um ano, o governo perdeu a maioria na Casa e foi derrotado ao antecipar a eleição da Mesa, vencida por Marquinho, mas anulada pela atual Mesa. Para Wladimir, a cidade precisa de união: “Infelizmente essa união ficou longe do foco nesses últimos meses. Que todo mundo possa refletir que não dá mais para perder tempo”. Porém, é difícil pensar nessa calmaria na política goitacá, sobretudo em ano eleitoral, com embate na Câmara e nas urnas entre os Garotinho e os Bacellar.

Obras
A Prefeitura de Campos retoma neste sábado (21) as obras do programa Bairro Legal no Parque Esplanada. Na segunda (23), será a vez do Julião Nogueira. De acordo com a administração municipal, são investimentos, que incluem drenagem, calçamento de ruas, sinalização e novas calçadas com acessibilidade, com recursos próprios. Há expectativa ainda para a próxima semana das obras no Parque Saraiva, em parceria com o Governo do Estado. Intervenções importantes, mas que precisam ter cronograma para início e fim. Modelo a não ser seguido é o asfaltamento no Centro, com o serviço pela metade, sendo alvo de queixas.

Comunicação
Wladimir publicou no Diário Oficial dessa quinta-feira (19) a recriação da secretaria municipal de Comunicação. O jornalista Sérgio Cunha, que já ocupou a função na gestão da ex-prefeita Rosinha, foi nomeado para chefiar a pasta. Desde o início do governo Wladimir a Comunicação estava vinculada à secretaria de Governo e, posteriormente, à Casa Civil. Agora, volta a ter autonomia. De acordo com a publicação, não haverá aumento das despesas para o município. Cunha ocupava o a subchefia no gabinete do vice-prefeito Frederico Paes (MSD) e deixa o posto. O também jornalista Luiz Costa continua como subsecretário de Comunicação.

Em SJB
A polêmica entre base e oposição também tem movimentado a Câmara de São João da Barra. Na sessão da última terça-feira (17), os vereadores do G5 — Alan de Grussaí (Cidadania), Analiel Vianna (Cidadania), Elisio Rodrigues (PL), Franquis Arêas (PSC) e Kaká (Podemos) — requereram ao Executivo cópia de todos os processos de convênios federais e informações sobre emendas destinadas a SJB nos últimos anos. Em contrapartida, o governista Chico da Quixaba (PP) cobrou informações sobre uma empresa que presta serviço ao Legislativo. O clima está quente desde que a eleição da Mesa foi antecipada, com derrota governista.
*Publicado na edição deste sábado (21) da Folha da Manhã

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