As águas do Rio Paraíba do Sul seguem sobre a BR 356 após o rompimento do dique do canal São Bento, em Barcelos, na última quarta-feira (12). A coordenação da Defesa Civil de São João da Barra, município afetado, informa que as águas continuam alagando áreas rurais e já chegaram à Barra do Jacaré; porém, muito longe de alcançar áreas do Porto do Açu e mesmo localidades de Campos, como Farol de São Thomé, por exemplo. A previsão é que alcance o mar, em Barra do Furado (Quissamã), onde desemboca o canal afetado. Nesta sexta-feira (14), a vazão do Paraíba no município chegou a 5 cm, a cada duas horas, o que deixa as autoridades animadas para uma solução mais rápida do problema, inclusive com possibilidade da rodovia federal ser liberada no domingo (16) e o trabalho na recuperação do dique ser iniciado.

Também nessa sexta, outro trecho da BR 356, entre Campos e São João da Barra, amanheceu com ponto de alagamento proveniente da cheia do rio Paraíba do Sul. A água começou a se acumular na lateral da rodovia, na altura do km 158, próximo ao limite entre os municípios. Uma retroescavadeira enviada pela Prefeitura de Campos fazia um trabalho de contenção para evitar que a água ultrapasse a rodovia. No local não há interdição, mas os motoristas devem ficar em atenção e evitar altas velocidades. 

A Secretaria Estadual Defesa Civil também confirmou, nesta sexta, que a calha dos rios que cortam o Noroeste e Norte (Pomba, Muriaé, Itabapoana e Paraíba) está retornando aos níveis normais nos municípios afetados pelas enchentes nesta semana, entre eles, Campos, onde o Paraíba também segue baixando o nível e caiu abaixo do transbordo que é 10,40m. “Agentes continuam no socorro à população e às prefeituras”, informou em nota.

O próprio governador do Rio, Cláudio Castro, esteve em São João da Barra, na quinta-feira (13), atendendo ao pedido de ajuda da prefeita Carla Machado. De imediato, diante da gravidade da situação, determinou ações necessárias para mitigar o rompimento do dique,inclusive, com a liberação de R$ 20 milhões. “Autorizei reforço de sete pontes no município, abertura de vias para escoamento dessa água e que a vida da população volte ao normal o mais rápido possível”, disse o governador.

O Paraíba, na cidade de São João da Barra, às 18h desta sexta, media 6,60m. O transbordo só ocorre em 8m. Mas a situação ainda é considerada crítica pelas autoridades, em vários pontos do município.

Município sede do Porto do Açu, o governo busca apresentar uma nova rota para os veículos pesados com destino ao porto, enquanto o trecho da BR 356 entre Barcelos e Caetá permanece interditado. Uma nova rota alternativa será apresentada no início da próxima semana, foi o que também ficou definido nesta sexta.

Nas estradas vicinais utilizadas atualmente como rota há restrições para a passagem de veículos pesados, exceto os que atendem serviços públicos essenciais, transporte de combustíveis, gêneros alimentícios, medicamentos e ônibus de transporte público de passageiros.

As equipes da prefeitura seguem atuando na área urbana de Barcelos e nas áreas rurais de Vila Abreu, Vila da Terra, Palacete, Pipeiras, Barra do Jacaré e Sabonete. Foi feita uma intervenção na Estrada do Martinho, que liga Pipeiras a Campo da Praia, para ajudar a escoar a água para o canal Quitingute. Além disso, pontos críticos como dos diques do Viana e São João seguem monitorados.

Há 10 famílias desabrigadas e 15 famílias desalojadas no município, todas nas regiões de Barcelos e Açu. Ao todo, são 54 famílias afetadas pela cheia. Máquinas do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) já estão em Barcelos para começar nesta segunda-feira (17).

O bloqueio da BR 356 também afeta a moradores e veranistas, já que essa é a principal ligação entre Campos e SJB. A própria Prefeitura tem divulgado rotas alternativas. Confira:

1 - Entrar em Barcelos, seguir por Campo Novo, Venda Nova e Beira do Taí, passando por Pipeiras, Palacete, Vila da Terra e retornando à BR-356 no trevo de Caetá (link para o Google Maps).

2 - Outra opção é seguir pela RJ 216, no sentido Baixada Campista até Mussurepe, passar por São Bento, Cazumbá e Sabonete (link para o Google Maps).

Em Campos, no momento são 29 famílias com 90 pessoas desabrigadas mesmo com a baixa do nível do Rio Paraíba. Na manhã desta sexta-feira, a cota estava em 10,15m. No entanto, o trabalho ainda não chegou ao fim: ruas começaram a ser limpas.

As secretarias de Defesa Civil, Governo, Obras e Agricultura ainda estão atuando na colocação de uma barreira de contenção no km 158 da BR 356 (Campos-São João da Barra), onde, no início da noite da última quinta-feira (13), um grande volume de água do rio Paraíba do Sul começou a passar sobre a estrada, devido à cheia.

O secretário de Estado das Cidades, Uruan Cintra, também esteve reunido com o prefeito Wladimir Garotinho, e o vice-prefeito Frederico Paes, na tarde de quinta. Ele veio conhecer a realidade e as demandas do município nesse período crítico de cheia do rio. Wladimir apontou a necessidade emergencial da construção do Dique da Boianga, na localidade de Três Vendas, área ainda monitorada.

O prefeito pediu ao Estado que disponibilize ao menos duas máquinas Long Reach para que o município assuma, em parceria com a Asflucan, a limpeza e a manutenção permanente dos mais de 1,5 mil quilômetros de canais em Campos.