Primeiro dia de aula presencial nas escolas estaduais com salas cheias
Dora Paula Paes - Atualizado em 25/10/2021 15:50
As aulas 100% presenciais na rede municipal de ensino, com o fim do ensino híbrido foram retomadas em todo o Estado do Rio, nesta segunda-feira (25). Em Campos, o movimento nas portas das escolas foi grande e as salas de aulas ficaram cheias, o que levou o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) a questionar se as 80 unidades da abrangência do Sindicato estão aptas para promover o retorno seguro, com distanciamento. Alguns pais também questionam esse retorno totalmente presencial no final do ano letivo.
A decisão do fim do ensino híbrido no Estado - presencial e remoto - foi publicada na edição da última quarta-feira (20) do Diário Oficial. De acordo com o Estado o retorno ao modo presencial está associado a alguns protocolos que já estavam sendo adotados, como o uso obrigatório de máscara, o escalonamento dos horários de intervalos e a comunicação imediata à direção dos casos suspeitos de covid-19. A principal novidade é o fim do cartão-alimentação e das cestas básicas às famílias dos alunos, já que a partir de agora os estudantes poderão se alimentar nas escolas.
Para a presidente do Sepe, Odisseia de Carvalho, é natural que com a vacinação dos profissionais da Educação acontecesse o retorno de forma presencial dos alunos. "Por outro lado, muitas escolas têm até 1.500 alunos e a questão é o distanciamento seguro. "Temos alunos e alunas e professores com comorbidade, esse retorno de 100% é temerário. Nós estamos fazendo um apelo à Secretaria Estadual de Educação para que possamos fazer esse retorno de forma segura, presencial, mas de forma gradativa para que ninguém corra nenhum risco", disse ela.
Para Graciete Santana, diretora do Sepe, que acompanhou nesta manhã o retorno dos alunos nas unidades em Campos, todos ainda estão sobre o impacto desse retorno. "No Liceu de Humanidade de Campos visitamos as salas, sem condições nenhuma de ventilação e alunos aglomerados. Há apreensão geral por parte dos professores e funcionários, também dos alunos e dos pais", disse ela, que mostra a situação em outras unidades, como salas de aulas sem distanciamento na Escola Estadual Nelson Rebel.
— O decreto do Estado passa por cima de decretos municipais que ainda estão em vigor. São João da Barra ainda está segurando, lá não tem nem ensino híbrido. Mas, em Campos e outros municípios, está retornando presencial dessa forma. Estão desprezando e minimizando a questão da pandemia, como se ela estivesse acabado — disse Graciete.
Bernardete de Souza Chagas, mãe de Isadora, 16 anos, aluna do 2º ano, no Liceu de Campos, esteve na unidade escolar para saber o que vai acontecer com sua filha. “Inclusive, minha filha teve Covid em agosto, tomou a vacina atrasada, só está com a primeira dose e ela não vem para a escola esse ano. Minha preocupação é que com o fim do híbrido, ela perca o ano por falta. Por nota ela já passou, mas tem a questão da falta. Estou levando apostila para que ela estude em casa, mas não sei como será a questão da presença”, disse a mãe.
— Os pais e alunos estão sendo pressionados na questão da falta, mas isso não é verdade que os alunos possam perder o ano. Se computar as faltas não dá para reprovar ninguém. Os professores também estão sendo pressionados, os que têm comorbidade ameaçados de perder a lotação da escola, perder os vale alimentação e transporte. Cabe registrar, que na Escola de Liceu e em outras escolas têm professores negacionistas que sequer tomaram uma dose da vacina. E os alunos, a maioria tomou somente uma dose. Não dá para desprezar a queda do número de óbitos e contaminação, mas a pandemia não acabou e isso poderá resultar em nova onda — completa Graciete.
No próximo dia 30, o Sepe irá realizar assembleia para decidir se promoverá movimento de greve. A Folha acinou a prefeitura de Campos para saber se o decreto do Estado sobrepõe o do município quando ao fim do ensino hibrido nas unidades escolares.

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