Falta um plano nacional de segurança pública
- Atualizado em 30/05/2021 11:40
 Solenidade de Lançamento do Projeto em Frente Brasil
Solenidade de Lançamento do Projeto em Frente Brasil
Ao longo dos últimos 20 anos foram apresentados pelo governo federal um total de seis planos voltados para a área da segurança pública. Alguns previam formas de apoio às ações dos governos estaduais, outros previam valorização dos profissionais de segurança e dois ficaram somente nas intenções, não tendo sido sequer executados. Porém, além do fato de terem sido planejados e divulgados pelo governo federal. outro ponto em comum a todos foi a ausência de resultados efetivos.
Em junho de 2000, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, foi anunciado o Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP), que tinha como meta a articulação de ações de repressão e prevenção da criminalidade. Era um plano ambicioso que envolvia temas relacionados ao crime organizado, controle de armas, capacitação dos profissionais e aquisição de equipamentos para as forças policiais. No entanto, a principal linha de ação foi a indução de ações estaduais e municipais através de financiamento federal. Sem a previsão de mecanismos de coordenação e avaliação dessas ações, não foi possível alcançar os resultados pretendidos e aos poucos foi sendo deixado de lado.
Já no governo Lula, em 2007, foi lançado o Programa Nacional de Segurança com Cidadania (PRONASCI) que tinha como principais objetivos a qualificação dos profissionais da segurança pública, a reforma do sistema penitenciário, o combate à corrupção policial e o envolvimento da comunidade nas ações de combate à violência. Assim como o PNSP, a principal linha de ação do governo federal foi o financiamento federal de ações a serem desenvolvidas pelos governos estaduais e municipais, tendo sofrido do mesmo mal pela ausência de uma coordenação dessas ações.
Durante o governo Dilma foram três planos para a segurança pública. Em 2012 foi o Brasil Mais Seguro, que tinha como eixo principal o combate à impunidade e que visava o aumento da sensação de segurança da sociedade diante do aumento contínuo dos índices de homicídios no país. O plano tinha como metas o controle sobre a circulação de armas e combate aos grupos de extermínio como formas de combater a alta dos homicídios.
Diante da falta de resultados do Brasil Mais Seguro, em 2015 foi lançado o Plano Nacional para Redução de Homicídios e em 2017 o Plano Nacional de Segurança Pública. Em comum além de terem sido lançados no governo de Dilma, o fato de que nunca foram executados. E 2017 seria marcado com o ano com maior número de homicídios na nossa história, com 65.602 casos. Três planos, só um executado e sem resultados positivos. Esse foi o legado.
No governo Bolsonaro, eleito com uma plataforma de combate ao crime e de tolerância zero com criminosos, até o momento não foi anunciado ou implantado qualquer plano voltado para a área da segurança. Até agora, a única iniciativa foi o projeto Em Frente Brasil, que teve sua fase inicial encerrado em abril deste ano.
Elaborado pelo então Ministro da Justiça Sérgio Moro, esse projeto previa a promoção de ações integradas de diversos setores de assistência social, saúde, educação, lazer, esporte e segurança pública, coordenadas pelo governo federal. Nessa primeira fase foram instalados projetos-piloto em cinco cidades com altos índices de criminalidade: Goiânia (GO), Ananindeua (PA), Cariacica (ES), Paulista (PE) e São José dos Pinhais (PR). Após 19 meses os resultados não foram animadores. Apenas em Ananindeua houve uma redução significativa de homicídios (44%). Nas demais cidades os índices de criminalidade aumentaram ou permaneceram iguais.
Como visto, nas últimas duas décadas os diferentes governos foram incapazes de apresentar planos ou projetos realistas para a segurança pública. A ausência de comprometimento dos governos federais com a segurança pública é uma realidade e isso precisa ser modificado. Sem um plano voltado para redução dos homicídios com ações multisetoriais e coordenação federal, é pouco provável que seja possível reduzir o número de mortes violentas de forma consistente.

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    Roberto Uchôa

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