Delegado de São Fidélis comenta caso de bebê agredido pelo pai
07/04/2021 15:29 - Atualizado em 07/04/2021 15:29
Titular da 141ª Delegacia de Polícia (DP), de São Fidélis, o delegado Carlos Augusto Guimarães foi o entrevistado desta quarta-feira (7) do Folha no Ar - 1ª edição, da Folha FM 98,3. Em pauta, o caso do bebê de dois meses agredido pelo pai na noite da última quinta-feira (3), em que o pai, de 20 anos, foi preso em flagrante pelo crime, assim como a mãe da criança, de 21, que se omitiu e chegou a inventar uma história fantasiosa.
— O casal levou a criança para o hospital, acho que já temerosa pelo possível falecimento. Foram tentar se resguardar e levaram para o hospital, inventaram uma história fantasiosa dizendo que o rapaz, o pai teria saído para comprar um cigarro, a mãe foi atrás com a criança. Nisso, teria um carro com pessoas desconhecidas, que teriam pegado a mulher a criança e colocado dentro do carro, sequestrado e teriam espancado a criança. Uma versão totalmente descabida. A gente, que atua com investigação, sabe que normalmente é o tipo de história e de engodo que criam. Para mim, já estava claro que era uma mentira e que não foi nada daquilo — disse Carlos Augusto. — No hospital, a gente recebeu algumas informações de que, além das lesões causadas no dia do fato, a criança já tinha outras lesões pretéritas, com diversos estágios de evolução. Na medicina legal, caracteriza a síndrome de Silverman ou da criança espancada. Ou seja, aquela criança, de apenas dois meses, já vinha sofrendo torturas, agressões por parte daquela família — pontuou.
Inicialmente, a Polícia Militar foi acionada por funcionários do Hospital Armando Vidal, onde o bebê foi atendido. Os militares, então, conduziram os pais até à 141ª DP, de onde seguiram para a 134ª DP, no Centro de Campos, responsável pelo plantão do fim de semana. Lá, onde Carlos Augusto estava trabalhando no dia, o pai confessou o crime, que teria cometido em razão de a criança ter chorado durante a noite.
À Folha FM, o delegado de São Fidélis comentou a repercussão do fato e disse que houve comoção até mesmo na equipe policial envolvida na ocorrência.
— Nós somos seres humanos também. Eu, inclusive, estou há 19 anos na Polícia Civil, já tendo trabalhado na capital, na Baixada Fluminense, em delegacias do interior também, principalmente aqui na região. Até hoje isso nos choca, nos causa muita tristeza, inclusive, porque a gente percebe que a sociedade, a humanidade, quando deveria evoluir, parece que está retrocedendo, involuindo. Esse caso, especificamente, causou comoção na sociedade de uma forma geral por dois motivos: primeiro porque foi caso de um espancamento de uma criança indefesa, e segundo porque (o registro da ocorrência) foi na Sexta-Feira Santa. Eu estava de plantão no dia, e a policial de São Fidélis que atendeu a ocorrência em primeiro lugar me ligou chorando, porque tem filho pequeno também, eu também tenho filho pequeno. Mas, ainda assim, a gente tem que ser profissional, tem que superar a emoção, agir com profissionalismo e de forma técnica — comentou o delegado.
O bebê agredido passou por uma cirurgia de colocação de drenos no tórax no Hospital Ferreira Machado, em Campos, onde havia dado entrado com afundamento de crânio, marcas de mordida no corpo e fratura nas costelas. No domingo (4), um tio do bebê, Agnaldo Couto usou as redes sociais para pedir que as pessoas doassem sangue, e 44 pessoas teriam comparecido ao Hemocentro para efetuar a doação.
 
— Até o dia de ontem, o casal ainda estava preso, e o estado da criança vinha melhorando, graças a Deus, progressivamente. Nós recebemos a comunicação de familiares, até porque a investigação continua. Apesar de eles estarem presos, a gente precisa saber, junto a familiares, principalmente, como era o relacionamento desse casal com a criança. Então, recebemos informação de um tio da criança de que o estado de saúde dela, apesar de grave, estava sofrendo considerável melhora, acho que diante de oração de todo mundo e da atuação da equipe médica que atendeu à criança — afirmou o delegado.
Outro ponto abordado por Carlos Augusto na entrevista desta quarta foi o fator de despreparo dos pais da criança.
— Era uma relação que tinham há poucos anos. Se conheceram através de redes sociais, o rapaz era do Espírito Santo e foi morar com ela em São Fidélis, já tiveram esse filho. Aliado a isso também, há um certo despreparo: pais muito novos, que não têm informação. A gente percebe que o fato de uma criança chorar, quem é pai sabe disso, pode ser uma fralda cheia, pode ser fome, pode ser febre. As pessoas têm que ter o mínimo de sensibilidade para entender isso e tentar resolver a situação ali, não espancar, não bater na criança — enfatizou.
Confira a entrevista completa:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS