Nélio Artiles: Vacina sim sempre
Infectologista Nélio Artiles
Infectologista Nélio Artiles / Rodrigo Silveira
 
As vacinas mudaram a sobrevida da humanidade, que atravessou diversas pestes em sua história, protegendo o organismo ao estimular as defesas contra vírus e bactérias. O negacionismo às vacinas não é de agora, mas desde que esta ação de saúde existe. Doenças como a varíola, a febre amarela, o sarampo, a poliomielite, além do tétano e da difteria, foram devastadoras em várias comunidades mundiais, além do Brasil. Nosso país se desenvolveu muito nesta área da imunização, contendo uma das melhores estratégias de vacinação do planeta.
Porém, em meio a esta grande ameaça que vivemos, estamos caminhando a passos de tartarugas e em menos de dois meses não atingimos nem 10% de nossa população imunizada. Os desafios no país são enormes, pois começam pelas nossas dimensões continentais, potencializados pela falta de um planejamento adequado e de protocolos unificados e, infelizmente, com uma gestão pública sem liderança e extemporânea. Nada de ficar chorando ou lamentando o leite já derramado. Precisamos ir à luta, nos virando dentro das ações auxiliares que também protegem, como o uso certo de máscaras, higiene frequente das mãos, assim como evitar as aglomerações.
Negar a vacina ou a sua eficácia é não querer enxergar o óbvio, ou talvez seja desconfiar da ciência que tanto nos tem dado, seja no autoconhecimento ou no tratamento de tantas doenças, aumentando em muito nossa sobrevida por aqui. Testemunhar ações de irresponsabilidade criminosa da chamada “vacina de vento” é estarrecedor e preocupante para todos.
Nunca houve nada parecido antes, pois, como citei acima, sempre fomos referência em nosso PNI (Plano Nacional de Imunização) e assim passamos inevitavelmente a fiscalizar os profissionais durante as aplicações. Mas também há exageros nessa vigilância, cobrando ou interferindo em técnicas de aplicação, já respaldadas e dominadas principalmente pelos profissionais da enfermagem. Por exemplo, não há necessidade estrita de limpeza com algodão embebido em álcool no braço antes da aplicação. Se houver alguma sujidade maior, deveria ser limpo com água e sabão ou até álcool. Porém, neste caso, há necessidade de aguardar a secagem para não interferir no imunizante.
Outra exigência que tem sido comum é o uso de luvas, porém não há essa necessidade durante a aplicação de vacinas, exceto quando há alguma lesão ou doença nas mãos do aplicador. Outra ação pertinente e importante é que vacinas de única dose devem ser preparadas no momento da aplicação e não ficarem prontas já na seringa em armazenamento. Se a pessoa que for imunizada estiver em uso de anticoagulantes é sugerida uma compressa fria alguns minutos antes e após a aplicação. Técnicas variáveis de tração ou não da pele são dominadas pelos aplicadores.
Entre tantas normatizações importantes e já incorporadas pelos nossos profissionais da enfermagem, há uma ordem invariável: queremos e precisamos de mais vacinas para vencermos esta cruel pandemia.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS