Covid, comércio, vacinação e polêmicas no Folha no Ar desta 6ª
Folha1 22/01/2021 07:49 - Atualizado em 22/01/2021 18:06
Nesta sexta (22), quem fechou a semana do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, foi o médico infectologista Rodrigo Carneiro, diretor de Atenção Básica de Saúde do governo Wladimir Garotinho (PSD). Ele falou sobre a decisão do poder público municipal de fechar o comércio para tentar conter o avanço da Covid em Campos e das reações geradas. O profissional também abordou a chegada do primeiro lote de vacinas contra a doença à cidade, o início do processo de imunização e sobre a realidade da área da Saúde no município. 
O diretor comentou que o descumprimento, por parte da população, de decretos referentes ao combate à Covid-19 é preocupante e alertou que, se não houver mudança de comportamento, o município pode chegar ao caos por falta de leitos e vagas em UTI, tanto nas unidades hospitalares privadas quanto nas públicas, resultando em pacientes desassistidos, o que ainda não ocorreu em Campos.
— A esmagadora maioria da população não aderiu ao decreto. A maioria do comércio está com portas abertas. Indo para Guarus, eu faço caminhos diferentes, e 90% do comércio está de portas abertas. O que mais vamos esperar? Vamos esperar a água ultrapassar o nariz e vai ser um caos. A gente está caminhando para isso. Se não tiver aumento da restrição de circulação, provavelmente vamos chegar ao caos. Nós já estamos com a lotação (de hospitais) no limite. O vice-prefeito comentou, a gente pontualmente tem 100% de leitos de UTI públicos ocupados — afirmou.
O médico reforçou que “a estrutura da Saúde está no limite”: “Se a intensidade dos casos continuar subindo, nós temos o risco iminente de isso (falta de assistência médica) acontecer. Quero deixar um recado à maioria das pessoas que estão pedindo para liberar o comércio: a rede privada está bem pior do que a rede pública, por incrível que pareça. Quando eu digo ‘bem pior’ é porque, literalmente, não tem vaga. Tem 40, 50 leitos de UTI reservados na rede privada e tem duas vagas em um dia, três vagas em outro. O risco é iminente de colapsar a rede privada. E essas pessoas irão para a rede pública, que também está com água na boca quase chegando ao nariz. Esse risco existe, é real, e esse é o principal motivo de a gente ter rigor com as medidas para evitar a circulação de pessoas”.
Ainda sobre o fechamento do comércio, ele citou que, para chegar aos estabelecimento, as pessoas usam transporte público e isso “vai aumentar a aglomeração e a circulação do vírus”. “A gente está realmente pedindo para pararem de circular. Estamos próximos, muito próximos do caos. A gente usa o conceito de Manaus, mas não vai viver o que Manaus passou porque lá foi uma coisa pontual, faltou oxigênio. Acho que não vamos chegar a isso, mas, se continuar piorando, vamos chegar ao ponto de ter pacientes acumulados em pronto-socorro e esperando vagas de UTI. Infelizmente, é isso”, complementou o infectologista.
Segundo Rodrigo, a única diferença entre a primeira e a segunda ondas da Covid-19 é que, desta vez, há vacinas. Apesar da boa notícia, as previsões feitas pelo médico, em curto e médio prazos, não são positivas:
— Nós chegamos ao final de janeiro. Ainda teremos, pelo menos, 20, 30 dias de muito sofrimento. Depois dessas três a quatro semanas, acho que a gente vai começar a ficar menos pior. No final de fevereiro, a gente deve começar a ter diminuição do número de casos. Com isso, a vida pode começar a não ser como está agora. Até o meio do ano, a vida não vai voltar ao normal, com certeza. Até o meio do ano, nós ficaremos muito parecidos com o que estamos hoje. A gente espera que, com a imunização e com a infecção natural, o rebanho comece a diminuir e, com isso, a intensidade de novos casos comecem a cair para aí, sim, somadas as imunidades vacinal e natural, a gente possa voltar à vida normal. Se conseguirmos a vacina em quantidade adequada, talvez, no segundo semestre, comece a ter a normalização da vida de todo mundo.
Vacinas — Sobre o início da imunização contra o coronavírus em Campos, o diretor de Atenção Básica de Saúde afirmou estar animado. Neste primeiro momento, os vacinados serão profissionais da linha de frente no combate à pandemia e idosos institucionalizados.
— Nós recebemos a metade das doses programadas para Campos. Por quê? Porque a outra metade vai ficar reservada para os que tomaram a primeira dose. A programação da secretaria estadual é de fornecer o segundo lote entre duas e três semanas, que é o tempo mínimo para fazer a segunda dose nesses funcionários. Então, daqui a duas ou três semanas, a gente deve receber o segundo lote de vacinas. Depois, a gente vai ficar esperando. Tem mais 4,5 milhões de dose, se não me engano, no Butantan. Assim que for liberado, nós iremos prosseguir com a imunização. Certamente, esse segundo lote, nós também vamos usar nos profissionais de Saúde — declarou.
Rodrigo afirmou, ainda, que ainda não há previsão para a chegada de doses de AstraZeneca ao município, mas que ter outra opção de imunizante é benéfico para a sociedade. “Eu acho que é importantíssimo que tenhamos, em curto período de tempo, as vacinas disponíveis, seja da AstraZeneca, seja da Sinovac e do Butantan. Não faz diferença para a gente. A gente quer imunizar os profissionais da Saúde. Aí, a gente vai começar a respirar mais aliviado porque não vai perder profissional por doença do atendimento. Estamos contando que essas vacinas estejam disponíveis logo”, disse.
Confira a entrevista:

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