José Eduardo Pessanha: O voto e a essencialidade para Campos dos Goytacazes
José Eduardo  Advogado e professor universitário
José Eduardo Advogado e professor universitário
Bem... fato inegável... as eleições se aproximam e, no mais das vezes os eleitores ainda se perguntam como definir o seu voto! Várias são as opções postas à mesa (aliás, sempre é assim: talvez se o mandato eletivo não fosse fonte de renda considerável como ocorre em outros locais do mundo, o interesse diminuísse sensivelmente e apenas pessoas com as melhores intenções se candidatassem).
Mas a verdade é que há um rol expressivo de candidatos, ainda mais neste ano, de forma diferenciada. Nos causa estranheza porque, ao que se deflui da economia e de todas as fontes confiáveis, o município assemelha-se a um camelo depauperado, onde há apenas um pequeno copo d’água para matar toda sua vasta sede.
Já tivemos tempos “áureos”, como em 2014, com um orçamento, com sobras de 2,5 bilhões, onde, mesmo assim, foi “necessário” um aporte de capital junto ao Banco do Brasil, sendo que já com menos de um ano e meio adiante, novo empréstimo foi contraído junto a CEF, culminando ainda com um outro posterior, sempre com verbas na casa das centenas de milhões. A questão é: em que foi destinado este numerário? E nos anos seguintes? Não teceremos detalhes sobre obviedades, mas é curial destacar que o dinheiro público deve ser “investido” em fontes perenes de diminuição das desigualdades sociais e não apenas “dado” (ou “doado”), como forma de esmola (ou “muleta econômica”), pois este trato, mais que depreciar, escraviza. Socialmente, esta prática danosa, ao cidadão, não traz nenhum contexto de crescimento estrutural, ficando vinculada a necessidade da existência plena e constante desta fonte de receita, o que, sabidamente, não ocorreu.
A cidade de Campos dos Goytacazes, segundo a revista Exame, durante muito tempo figurou entre as 20 maiores economias do país, se considerado seu “PIB per capita”, à frente de inúmeras capitais, sendo que era natural se esperar, fosse hoje uma próspera cidade com economia própria elevada e pouco dependente de verbas extraordinárias, como os royalties. Ledo engano! Estamos rumo ao precipício econômico, com despesas fixas que ameaçam todo orçamento, sem lastro financeiro para as despesas correntes e com uma perspectiva sombria adiante.
É neste cenário que, ao que se saiba, pelo menos por enquanto, 11 (onze) abnegados cidadãos estão colocando seu nome à prova nesta disputa eleitoral. Por certo não se enganam: não há mágica! Não há como contrair novos empréstimos sem falir, peremptoriamente, a cidade; não há como restituir as coisas ao tempo de outrora, porque as condições são totalmente diversas! Qualquer um que seja investido (ou reinvestido) neste espinhoso cargo que se vislumbra para 2021 há de ter coragem para ações cada vez mais cerceadoras, de redução abrupta de gastos, de corte de pessoal (sem favorecimentos ou agrados a agentes políticos) e de, caso haja interessados, alienação de possíveis ativos patrimoniais municipais. Certamente não se tornará uma pessoa popular ou querida! Será o chamado “mal necessário”, sem meias palavras!
Qualquer promessa ou deslumbre fora deste triste contexto é mera falácia, como aliás, lamentavelmente, é deveras comum em campanhas eleitorais. Esperamos que o povo (“senhor do voto”) escolha com sabedoria, sem acintes pessoais ou muito menos interesses mesquinhos, de forma que o melhor candidato possa, pelo menos, tentar, de forma coerente e verdadeira, tirar nosso município deste caos financeiro que vem se aprofundando e que se desenhou há mais de vinte anos. Que Deus abençoe o povo e suas escolhas.

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