Caminhoneiros paralisam atividades e acampam no BR 101 por reajuste no frete
23/09/2020 18:46 - Atualizado em 23/09/2020 18:47
Rodrigo Silveira
Os caminhoneiros que prestam serviço, por contrato, às cerâmicas de Campos, estão com as atividades paralisadas desde o último domingo (20) e acampados no trevo entre a RJ 208, popularmente chamada de Estrada dos Ceramistas e a BR-101, logo depois de Ururai. A categoria reivindica o aumento do valor do frete e, em assembleia, organizada na tarde desta quarta-feira (23) rejeitou a proposta dos ceramistas. Eles alegam que o valor está defasado há pelo menos quatro anos e decidiram por uma contraproposta, cedendo ainda parte do valor inicial. O presidente do Sindicato dos Ceramistas de Campos disse que ainda não foi informado oficialmente sobre a decisão da assembleia.
Segundo Dionatas Toledo, que há oito anos atua no transporte de tijolos, atendendo às indústrias ceramistas, o valor do frete, cobrado por milheiro de tijolos não é reajustado há quatro anos e isso tem refletido na economia familiar de cada caminhoneiro, já que o custo de manutenção do veículo sofreu aumento considerável nesse período.
— Nossa proposta é que eles paguem R$ 300,00 pelo milheiro, mas eles nos ofereceram R$ 240,00. Nós nos reunimos e decidimos não aceitar e vamos propor o valor de R$ 250,00, porque nesse valor já não melhora muito para a gente, mas é o máximo que a gente consegue chegar — explicou o profissional.
Já o presidente do Sindicato dos Ceramistas, Paulo Roberto Ribeiro, explicou que a indústria está pagando R$ 70 reais por tonelada o que, para os tijolos maiores, fica em cerca de R$ 130 o frete. Os motoristas, segundo o sindicato, estão pedindo reajuste para R$ 230. O tijolo maior, varia entre R$ 195 a R$ 200, o valor do frete por milheiro. Os caminhoneiros pedem reajuste para R$ 300. “Esses valores, que eu me recordo, tem cerca de oito meses que estão em vigor. Foi na época que o diesel teve uma subida. Eles estão alegando o aumento do diesel, pneu”, acrescentou.
Paulo Roberto explicou ainda os valores do milheiro dos tijolos sofreu queda considerável nos últimos anos, o que levou à baixa produtividade da indústria na região. Espantosamente, com a pandemia, o material teve alta considerável nas vendas. Produzir exigiu esforço para a manutenção do parque industrial, o que acabou interferindo no valor final do produto, no entanto, sem recuperar o valor anterior ao declínio de preços. “Aumentando a procura, nós, como estávamos há muitos anos trabalhando em meia carga, e os equipamentos estavam sem manutenção, até porque não tinha dinheiro, resolvemos fazer uma manutenção e tivemos que parar a produção. Tivemos que parar para conseguir manter o atendimento e o tijolo recebeu um, reajuste. E hoje não chegou aos valores de 5 anos. Nós nem consideramos aumento, consideramos reajuste”, disse.
Paulo disse que aguarda a nova proposta dos motoristas confiante na resolução. “Mandamos para ele a nossa contraproposta e aguardamos um posicionamento que seja interessante para as duas partes. Não desejamos esse confronto, mas também não podemos aceitar um valor tão alto, nesse momento que estamos voltando. Mas acreditamos que vamos chegar a um entendimento”, finalizou.

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