Covid-19 mata quatro vezes mais que a violência em Campos
Ícaro Abreu Barbosa 19/09/2020 08:35 - Atualizado em 19/09/2020 20:58
A Covid-19 matou quatro vezes mais do que a violência urbana em Campos neste ano de 2020. Até essa sexta-feira (18), 356 campistas morreram por causa da pandemia, enquanto 89 pessoas foram vítimas de homicídio, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), uma queda de 26,6% em comparação com 2019, quando 115 pessoas foram assassinadas no período.
As razões do êxito na segurança pública em Campos são creditadas, pelo comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Luiz Henrique Barbosa, à “política de tolerância zero contra o tráfico de drogas, uma maior interação entre a Polícia Militar e Civil, análises diárias na mancha criminal e, principalmente, a colaboração da população com o Disque Denúncia.”
Essa “receita de bolo” fez com que o ano de 2020 ainda mantivesse um saldo positivo nos números da segurança pública de Campos, em comparação com 2019, apesar de agosto ter sido impactado com o alto índice de letalidade em razão de uma guerra deflagrada entre duas facções locais, de acordo com os agentes da lei e com os dados do ISP. “Agosto de 2020 foi um mês difícil”, comentou o delegado da 146ª Delegacia de Polícia (Guarus), Pedro Emílio Braga.
Por mais difícil que tenha sido, 100% dos 18 homicídios ocorridos em Campos, 12 dos quais em Guarus, foram elucidados, de acordo com o último resultado do ISP. Em conjunto, as polícias Militar e Civil conseguiram superar os resultados positivos obtidos em 2019. No ano anterior, Campos figurava entre as 50 cidades mais violentas do mundo, no ranking da organização Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal do México.
Na 134ª DP, a ordem do delegado Bruno Cleuder, é “agilizar diligências logo assim que os homicídios ocorrem. Assim, consegue-se coletar elementos informativos com mais efetividade e chegar-se à autoria dos homicídios.” Desta forma, tem conseguido a efetividade na resolução de 70% dos homicídios, acima da média nacional.
Índices recuam também no NF
A diminuição do número de homicídios não tem sido atingido apenas em Campos. O 8ºBPM também é responsável pelo policiamento em São João da Barra e São Fidélis, onde houve a diminuição respectiva nos índices de 36,4% e 100%. E de São Francisco de Itabapoana, onde houve 13 assassinatos ocorridos de janeiro a agosto, resultando no aumento de 8,3% nos números, em relação ao mesmo período de 2019, quando 12 homicídios foram registrados.
O comandante Luiz Henrique Barbosa explica que, por mais que haja disposição dele e de seus subordinados para salvar o máximo de vidas possível, há homicídios que são de difícil prevenção, como os homicídios passionais.
— Precisamos da ajuda da população na prevenção dos crimes, principalmente desses passionais que geralmente já dão indícios antes de acontecerem. Em qualquer sinal de anormalidade, peço que acionem a polícia. Os agentes vão até o local e passam uma mensagem subliminar ao possível homicida de que, se algo acontecer, nós sabemos quem foi — pediu o tenente-coronel Luiz Henrique.
Série de prisões em flagrante
O 8º Batalhão de Polícia Militar foi o que mais prendeu pessoas em flagrante ao longo de agosto. Ao todo, foram 250 prisões, 107 a mais do segundo colocado no Estado do Rio de Janeiro.
De janeiro de 2019 até agosto de 2020, as sequências das operações Guadalajara e Refrenata — voltadas para a repressão dos índices de criminalidade geral, em especial ao crimes de homicídio — conseguiram prender 130 autores de homicídios na região de Guarus.
Essas prisões, resultantes de uma ação dura, repressiva e ágil da polícia, reprimiram os índices da letalidade violenta e asseguraram um ano e um mês setembro de diminuição percentual dos índices. Por mais que agosto tenha sido um mês de conflitos pré-estabelecidos entre facções rivais na área de Guarus.
— A coincidência do período temporal entre os recordes reforça e vincula os resultados às atuais políticas públicas de segurança, postas em execução pela Polícia Civil — pontuou o delegado Pedro Emílio Braga a respeito do feito histórico de 40 dias seguidos sem assassinatos em Campos.

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