Cão Perdigueiro Peverella, Vinho com Lealdade Canina
21/09/2020 14:32 - Atualizado em 22/09/2020 08:53
COLUNA DE VINHOS JOÃO RICARDO RODRIGUES
Algumas uvas que cruzaram o Atlântico acabaram encontrando uma nova morada em terra brasilis, e hoje em dia são praticamente achadas somente por aqui. É o caso da uva Peverella que desembarcou no Brasil no final do século XIX, com os imigrantes italianos.
 
Vinda do Norte da Itália, da Região do Vêneto a Peverella foi a primeira variedade branca de Vitis Vinífera a ser cultivada no Brasil, sendo a principal casta branca da Serra Gaúcha entre os anos 20 e 70, quando os seu cultivo entrou em declínio devido a chegada de novas variedades que contavam com maior estímulo comercial, o que ocasionou a substituição dos vinhedos levando a Peverella à quase extinção.
 
O nome Peverella tem origem na palavra do dialeto vêneto “pevero” que significa pimenta. É uma uva de fácil cultivo e de boa resistência a doenças, alguns vinhedos sobreviveram por décadas sem tratamento nenhum, a sua casca apresenta pequenas pintas escuras que lembram pimentas pretas e no paladar apresenta um toque picante fazendo jus ao seu nome.
 
JRR
 
Nos últimos anos o interesse pela Peverella tem aumentado, principalmente por pequenas vinícolas, garagistas e vinhateiros que estão resgatando os antigos vinhedos, alguns com idade entre 50 e 70 anos, a maioria situados na região de Bento Gonçalves, onde existe em torno de apenas 20 hectares de vinhedos.
 
O nosso vinho de hoje caracteriza bem esse trabalho de resgate da uva Peverella
 
Projeto do enólogo Arlindo Menoncin os vinhos da Cão Perdigueiro são verdadeiramente vinhos de produção artesanal ou "vinho garagista".
As uvas Peverellas foram caçadas em vinhedos nos caminhos de pedra de Bento Gonçalves. O mosto fermentou com as cascas por 7 dias, e após o término da fermentação, foi envelhecido em barricas de brandy de Carvalho Francês, por 3 meses. Foram elaboradas apenas 240 preciosas garrafas!
 
Abrimos aqui um parêntese para falar um pouco sobre o vinho laranja.
 
O vinho laranja ou âmbar remonta aos primórdios da história do vinho que iniciou na região da Geórgia (no Cáucaso) e na Armênia.
 
Na verdade, no início todos os vinhos brancos eram laranjas!!
 
Nesse processo ancestral de vinificação do vinho branco o mosto é fermentado junto com as cascas, passando para o vinho características de vinhos tintos, como cor, aromas, sabores e tanino. Ou seja, o que define os vinhos laranjas é serem feitos de cepas brancas, mas tratados como se fossem vinificados para tintos.
 
Os vinhos laranjas, apresentam uma riqueza de aromas com frutas cítricas, mineral, notas florais, ervas e no paladar se caracteriza pela untuosidade e frescor.
 
 
 
O Vinho
 
Cão Perdigueiro Peverella, safra 2019.
 
No visual, laranja (âmbar), apresenta turbidez devido a não ser filtrado;
 
No nariz, aromático muita fruta cítrica, casca de laranja, florais, pimenta e ervas;
 
Na boca, no ataque apresenta uma leve pimenta, taninos suaves, acidez destacada, untosidade, corpo médio, final persistente com uma leve mineralidade.
 
 
 
 
JRR
 

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    Nino Bellieny

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