Enfim... O que falta é educação!
José Eduardo  Advogado e professor universitário
José Eduardo Advogado e professor universitário
Muito se tem discutido entre as relações sociopedagógicas da Educação e da Cultura, ativadas por sua operacionalização: o Estudo. O Estudo é o meio de substanciar, materializar a Educação, a fim de que, in fine, reste o arcabouço que compõe o indivíduo, ou seja, a Cultura.
A análise sobre os conteúdos que expressam a Educação e a Cultura passa pela diversidade de aplicações dos mesmos vocábulos. Não estamos a discorrer sobre Educação como modus vivendi de constituir-se em elemento social numa organização de indivíduos ou o respeito às limitações de outrem e a conduta estribada nos fronteiriços sociais que se revela, ultima ratio, em ato de Educação, pelo contexto social puro. Também não estamos a elencar Cultura como sendo o arcabouço histórico essencial de existência de um Povo, pois esta se organiza nos cenários externos, tais como a Arte, a Arquitetura, a Cenografia, a Moda Social, entre outras, alicerçando as condutas de uma Sociedade por padrões que se depreende como Cultura.
Destacamos, de forma breve, concisa e sem ensejo de esgotar o tema, sobre a Educação e a Cultura no seio da constituição de um indivíduo, sob o prisma de sua personalidade, de sua hereditariedade e de sua convivência interpessoal.
Por este viés, poder-se-ia simplificar afirmando ser a Educação “o meio” e a Cultura “o fim”. Seria precário, mas não deixaria de exprimir, de forma neanderthal, o que se busca evidenciar.
Com a ferramenta “Estudo”, em ambas conexões, se tem a disciplina como elemento motivador da Educação, pois somente com a alimentação do conhecimento, bem como das formas de socioconvivência, propicia-se o desenvolvimento das potencialidades do educando, de forma a extirpar condutas nocivas e comportamentos eivados de nódoas sociais.
Por outro lado, a Cultura deflui da espontaneidade que o saber e as pilastras do raciocínio insculpem no ser humano. Vivencia-se a Cultura como o resultado do aprendizado, via educação formal, ou via agregação humanista, de forma que se perceba a real modificação do indivíduo — lapidação, seja pela instrução, seja pelo respeito aos limites sociais, mas ciente do nascedouro da informação e de sua consecução.
A Cultura é o resultado do que se aglomera de conhecimento (ainda que residual) e a forma prática de operacionalizar na existência este acumulado neuronial, primando por uma análise que permeia a Ética, o Direito e a Moral.
É exatamente nesta seara que nos deparamos com a derrocada da espécie humana, involuindo rumo ao microcosmo da ignorância, desprezando os preceitos educacionais e sepultando as pilastras do Conhecimento e da Cultura.
Os debates (se é que podemos nominá-los assim) sobre os temas candentes hodiernos fazem emergir o descrédito de nossa postergação como seres racionais. As nuanças que evidenciam o desmazelo educacional e cultural se afiguram nas mínimas coisas, como a limpeza urbana; o zelo pela saúde; o respeito ao direto alheio; a preservação da memória, através dos idosos; a eternização do patrimônio histórico, enfim, condutas que, trôpegas, viajam para a extinção nestes dias acalorados de discussões fúteis, chicanas jurídicas, desvios financeiros, arroubos de corrupção e desmazelo pelos hipossuficientes.

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