Serviço assistencial garantido durante a pandemia
Daniela Abreu 12/08/2020 08:43 - Atualizado em 12/08/2020 08:51
Alguns casos específicos são atendidos presencialmente
Alguns casos específicos são atendidos presencialmente / Genilson Pessanha
Nos quase cinco meses de isolamento da pandemia, que ainda não acabou, todos tiveram que repensar a rotina, e com as instituições assistenciais de Campos não foi diferente. A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), a Associação de Proteção e Orientação aos Excepcionais (Apoe) e a Associação de Pais de Pessoas Especiais (Apape) desenvolvem, juntas, um trabalho primordial no município, dando suporte à cerca de mil famílias. O trabalho garante o desenvolvimento dos assistidos e quase nunca pode ser interrompido. As instituições apostaram em remanejamento de alguns atendimentos presenciais para o remoto, através de lives. A secretaria de Desenvolvimento Humano e Social colaborou para a aplicação das normas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e os decretos municipais.
Todas as instituições são conveniadas à Prefeitura de Campos e disseram que estão com repasses em dia. A Apape atende 310 famílias. O trabalho é oferecido em parceria com as secretarias municipais de Saúde e de Desenvolvimento Humano e Social e, também, com o Conselho de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, além da Fundação da Infância e Adolescência (FIA), no Estado.
Segundo a presidente da instituição, Naira Peçanha, a busca de alternativas começou em março, com os comunicados sobre a situação de emergência em Saúde Pública.
— Como a Apape tem um público muito distinto, em maior vulnerabilidade, nos reunimos com a Pryscila Marins (secretária de Desenvolvimento Humano e Social), que também faz parte do Gabinete de Crise, e pudemos alinhar o serviço da Apape. Então, reconhecendo a importância do serviço para um público, no presencial, nós fizemos todo o trabalho de protocolo. Hoje a equipe usa todos os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), orientados por um técnico de segurança do trabalho e também todo o protocolo de sanitização dos ambientes a cada atendimento. Como nós tínhamos o atendimento coletivo, de espaço de convivência, tivemos que adaptar e esse atendimento, que passou a ser individualizado. Todos os profissionais do convênio da Saúde permanecem na casa [Apape], 50% nos convênios e espaço de convivência, cultura e ludicidade e, também, 50% de suas residências, atendendo em home office — explicou.
Neide Gebara, presidente da Apoe, disse que a instituição assiste a 350 pessoas com deficiências diversas, desde o bebê até o idoso, com atendimentos presenciais das 8h às 17h. Sua maior preocupação era com o deslocamento das pessoas até a instituição, o que exigiu um esforço para a reorganização dos horários, turmas e formas de atendimento. “Como nós atendemos pessoas com deficiências, que têm vulnerabilidade muito grande, na questão da saúde, tivemos que fazer um plano emergencial muito bem elaborado para proteção dessas crianças e, também das suas famílias. Como nós trabalhamos com pessoas muito carentes, que necessitam do transporte público, moram em residências de muita vulnerabilidade, ficamos muito preocupados com os atendimentos presenciais por causa do ir e vir das famílias. Nós repensamos toda a nossa estratégia. Fizemos uma nova avaliação de todos os casos, com a nossa equipe técnica, e os casos de patologias mais graves, que realmente não têm como ficar em casa, nós continuamos com os atendimentos presenciais. Atendemos em sistema de rodízio e as crianças têm horários agendados. Não tem aglomeração no atendimento, os profissionais ficam em espaços físicos separados, com todos os cuidados, todos os EPIs necessários. A criança vai para o atendimento e nosso motorista vai buscá-los e levá-los de volta para casa”, pontuou.
Regina Célia de Azevedo, da Apae contou que as atividades presenciais foram suspensas, mas o serviço aos cerca de 290 assistidos de Campos e Farol foi mantido com home office. “Teve que ser suspenso o atendimento presencial dos assistidos da nossa instituição. Mas o atendimento domiciliar continua sendo feito através de uma equipe técnica composta de assistentes sociais, psicólogos e, também, de nossos coordenadores pedagógicos, educadores. Os assistidos são monitorados pela equipes em home office e também através de um trabalho presencial nas suas residências”, contou.
A Prefeitura de Campos disse, em nota, que “desde o início da pandemia, a secretária de Desenvolvimento Humano e Social, Pryscila Marins, e equipe realizaram reuniões para informar as entidades cofinanciadas sobre o desenvolvimento dos serviços. Todas as regras foram elaboradas coletivamente entre governo e organizações não governamentais. No momento, estão sendo mantidos todos os serviços socioassistenciais funcionando seguindo os protocolos para evitar aglomeração”.
Profissionais utilizam equipamentos de proteção
Profissionais utilizam equipamentos de proteção / Genilson Pessanha
Inovando através da grande rede
Naira Peçanha contou que a necessidade de reorganizar as atividades e dividir os pacientes entre os que imprescindivelmente necessitavam de atividades presenciais e os que poderiam contar com atividades remotas, acabou se transformando em uma grata resposta que, pelos planejamentos, já eram esperadas.
— O trabalho tem sido fundamental no processo de mais estabilidade da família, autoestima elevada, nós temos também visto os impactos positivos e esperados, mesmo adaptado em home office ou presencial reduzido. As famílias estão interagindo muito bem pela rede social. Nós temos os grupos dos convênios, nos quais os profissionais interagem com as famílias, encaminham as atividades com passo a passo, com vídeo e elas têm o horário para dar devolutiva. Está sendo uma experiência singular para todos, tanto para a equipe quanto para as famílias — disse Naira.
Ela contou ainda que no dia 21 de junho a instituição completou 31 anos com uma celebração religiosa on-line. O mês de julho também contou com evento virtual. No “Arraiá Semeando e Colhendo”, todos participaram de suas casas e os pais entraram na festa, arrumando tudo no tema junino. A atividade promoveu a integração remota entre os assistidos e real com suas famílias.
A Apoe também teve que reinventar todo o sistema de atendimento para não interromper o serviço. “Nós subdividimos o restante da equipe por usuário. Então, cada profissional, e na Apoe são 56 profissionais, ficou com um grupo de assistidos e esse técnico de referência ficou como responsável pelo atendimento de algumas famílias”, disse.
Instituições também contam com doações
Naira Peçanha explicou que a Apape não faz distribuição de cestas básicas, mas que a pandemia exigiu atenção também com essa parte. Muitas famílias que recebem o Benefício de Prestação Continuada, no valor de um salário, e complementavam renda com atividades informais, se viram sem possibilidade de trabalhar e garantir o básico em suas casas. “Com tudo isso as perdas foram bem significativas e as famílias ficaram na linha da pobreza mesmo, no sentido de alimentação, faltando o básico em suas casas. Então, nós entramos com os convênios, mas como eles têm no plano trabalho o valor para alimentar a criança, durante o tempo que ela está na casa, nós tivemos que fazer campanhas, buscar ajuda na sociedade civil para complementar esses atendimentos”, disse.
As doações podem ser tratadas com o serviço social e coordenação pelos telefones (22) 30261322, (22) 997106488, (22) 997551734 e (22) 997745151.
Para a Apoe as doações podem ser feitas diretamente na instituição, na rua Domingos Viana, Turfe Clube. Contatos pelo telefone (22) 27227543.
Para a Apae as doações podem ser feitas pela conta da Caixa Econômica, agência 4120, Op. 013, CP. 708-6 .

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