Moradores e comerciantes do distrito de Travessão, em Campos, questionaram nesta sexta-feira (7) a ocupação irregular da margem da linha férrea que passa pelo local e que há anos está desativada. De acordo com a população, a instalação de trailers vem aumentando nos últimos anos e, recentemente, barraqueiros decidiram fazer uma obra sem autorização dos órgãos competentes.

Professora do Estado e moradora de Travessão, Ana Leiva, de 55 anos, qualificou a situação como um caos social. “Hoje pela manhã nos deparamos com pessoas que delimitavam a terra com estacas e pedaços de madeira dizendo que construiriam casas. Policiais Militares impediram, mas disseram que retornariam. Também no Centro de Travessão, um vendedor de tapioca e outros itens decidiu construir e ampliar o espaço dele”, apontou.

Um morador do bairro, que preferiu não se identificar disse que comunicou a desordem urbana ao DPO de Travessão e que espera um posicionamento dos órgãos competentes. "Todo ano de política acontece isso, sendo que ali a responsabilidade não é municipal e sim federal. Uma vez a rede ferroviária veio aqui e notificou alguns comerciantes", disse.

Comerciantes que utilizam da linha para adquirirem uma fonte de renda alegam que não caberia à Prefeitura autorizar o uso do espaço, que pertenceria à rede ferroviária e que só deixariam o local após a ativação da mesma.

Já o proprietário de uma sorveteria, Sidney Cardoso Siqueira, de 50 anos, decidiu mudar este cenário. Ao ver a desordem com descarte irregular de lixo e entulhos, ele utilizou pneus como reciclagem para um trabalho de paisagismo no local. “Gosto muito de plantas e já tinha feito esse trabalho no quintal da minha casa. Quando passo nos lugares e vejo uma planta ou um material descartado recolho e uso a criatividade. Hoje em dia, com a internet, busco informações, por exemplo, de como tirar muda de planta. Ao ver a terra morta, sem cuidado, na linha, tive essa visão de fazer na frente da sorveteria também. A iniciativa gerou uma repercussão e tem inspirado outros moradores”, contou.

Em nota, a Prefeitura informou ainda que "em casos de ocupação irregular, a Defesa Civil Municipal orienta às pessoas para que não invistam neste tipo de construção pois, em caso de ação dos responsáveis, elas não são ressarcidas", disse.

A VLI, controladora da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), informou, por meio de nota, que enviará uma equipe da empresa ao local para avaliar a situação. “Caso seja constatada que a ocupação invade o perímetro da ferrovia, a empresa adotará as medidas adequadas para a proteção da faixa de domínio”.