Nélio Artiles: Ondas musicais
- Atualizado em 05/08/2020 23:56
Infectologista Nélio Artiles
Infectologista Nélio Artiles / Rodrigo Silveira
Meu pai já se foi há muitos anos e como a todos que amamos, nunca o perdi, pois ele continua em mim em tudo que faço, conquistas, sofrimentos, e planejamentos. Mas há uma marca forte que ele me deixou, que foi a minha ligação com a música. Crooner da noite campista, nos famosos convívios do Automóvel Clube ou do Saldanha e de outros eventos, teve que abandonar sua paixão número um, que era soltar aquela voz afinada e aveludada que embalou muitos amores, para se dedicar ao seu próprio amor, embalando a criação de uma linda família com quatro filhos.
Mas seu ímpeto de cantar não o deixou e o fez levar todos os filhos a aprender pelo menos um instrumento musical. E lá estava eu com apenas 6 anos subindo as escadas a partir de uma portinha na Quinze de Novembro, para receber aulas daquele senhor de pele muito clara e uma barriga escultural, que servia de suporte para um violão, onde dedilhava invejosos sons que me encantavam. Com a dificuldade natural pela idade, recebia a missão de levar exercícios encomendados para uma próxima aula, com músicas que não faziam parte do meu padrão de música de sucesso da época. Queria eu aprender logo músicas da Jovem Guarda ou do Tropicalismo ou mesmo dos Beatles, mas voltava da aula sabendo dedilhar boleros antigos ou composições de Noel Rosa, Lupcínio Rodrigues e Pixinguinha, sons da Bossa Nova e no máximo algumas do Roberto e Erasmo.
Aprendia a tocar a viola para acompanhar a voz mais linda que já ouvi, com uma emoção ímpar e ao mesmo tempo me brindar com um conhecimento musical impressionante. Hoje agradeço o meu treinamento dedicado em ouvir músicas de todas as gerações passadas e contemporâneas e, assim, saborear de forma eclética todos os estilos possíveis. Seguindo este mesmo exemplo ofereci a todos meus filhos esta possibilidade de entrar nas ondas da musicalidade desde pequeninos e certamente isso colaborou muito para quem são hoje.
Acredito que deve fazer parte da criação de todos os jovens o entendimento das ondas musicais. A música foi e continua sendo uma das melhores formas de comunicação e união de pessoas. Em 1977, a Nasa lançou duas espaçonaves chamadas de Voyager no espaço com dois discos de ouro tocando sons e canções ininterruptamente para uma possível comunicação com extraterrestres, em busca de paz e amizade. Foram encaminhadas músicas clássicas de Bach, Bethoven e Mozart, mas também Chuck Berry e Louis Armstrong entre tantos outros. Talvez tenha faltado Tom, Chico e Vinícius e uma pitada de Paul e John. Este mundo precisa se render mais às ondas da música, capazes de emocionarem e unirem os povos do planeta, evitando tanta briga desnecessária. Feliz Dia dos Pais, com muita música boa, para envolver, juntar e preencher de amor os lares brasileiros.

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