O Centro de Campos estava lotado no primeiro dia de flexibilização do comércio. Para garantir a própria segurança e, também dos clientes e funcionários, comerciantes adotaram medidas de higienização e controle, além estimular novos hábitos no ambiente de trabalho. Entre a população que circula pelo Centro, há os que estão preocupados e os que parecem ignorar a existência de uma pandemia. O município fechou junho contabilizando 63 novos casos nas últimas 24 horas do mês. Atualmente são 1.891 casos confirmados e 11 mortes. A fase amarela permanece até o dia 12, quando a situação será analisada, podendo retrocederem as medidas de isolamento.

Em uma das lojas mais tradicionais do Centro de Campos, na rua João Pessoa, o empresário Eduardo Chacur contou que estabeleceu uma rotina de esterilização periódica no ambiente durante o dia e investiu em alguns materiais. Ele comprou novos bebedouros, porta-copos, que funcionam com um toque e lixeiras com pedal para todos os ambientes. Os funcionários trabalham com máscaras comuns e com a proteção de acetato. O balcão é esterilizado com álcool também frequentemente. Há álcool gel disponível para todos e máscaras para clientes que necessitem. Ele está investindo ainda em um tapete desinfectante.

— Para mim esse é um novo normal e veio para ficar. Infelizmente a gente vai ter que aprender a lidar com isso e se proteger, fazer a nossa parte — disse o comerciante de 77 anos.

Ainda na João Pessoa, Júlio César Mota Pinto, gerente de uma loja de maquiagens e bijuterias, estava na porta do estabelecimento, permitindo a entrada de um cliente por vez. Ele afere a temperatura e disponibiliza o álcool gel. “A gente fez a medida da loja e separou as coisas, diante das recomendações. Estamos deixando os clientes entrarem aos poucos, marcamos o chão da loja e no lado de fora. Dentro estamos fazendo a limpeza com água sanitária e álcool”, disse enquanto as pessoas reclamavam de esperar na fila.

Em frente, mais um lojista, Adel Nassar, que está no espaço há mais de 40 anos, disse que também adotou novas medidas. “Nós estamos seguindo o relatório da prefeitura, com distanciamento de um metro e meio. Dentro da loja só temos quatro vendedoras, trabalhávamos com oito. Os clientes estão entrando um para cada dois funcionários. E estamos fazendo tudo que precisa quanto à higiene”, explicou.

O empresário disse que não demitiu funcionários e optou pela suspensão oferecida pelo governo por um mês. “No segundo mês nós bancamos do nosso bolso e agora esperamos recuperar, mas vai ser difícil. Não tenho esperança que o movimento volte e estamos com problema sério de camelô tomando o espaço”, disse e enfatizou que o comércio na rua João Pessoa está ameaçado.

O empresário disse estar sendo rígido com os clientes sem máscaras. “Na minha loja não entra. O problema existe e a gente vai ter que enfrentar, todos juntos, população, prefeitura, comerciantes. É um problema de todos. A gente vai controlar dentro da nossa empresa, fora é trabalho da prefeitura. Cabe a eles saberem o que vão fazer”, pontuou.

Na Pelinca o movimento não estava intenso pela manhã, com exceção dos bancos, que tinham filas em frente. No Centro de Compras, a empresária Soraya Alexim Meneses, disse estar adotando todas as normas de segurança e que uma série de medidas foi tomada no interior para garantir a reabertura. Ela também se mostrou preocupada com a falta de consciência da população nas ruas. “A gente já viu isso em outras cidades, o comércio abre e depois de uma semana, todo mundo fecha. Então a gente pede aos nossos clientes, às pessoas que estão andando na rua que colaboram. O uso de máscara é obrigatório praticamente em todo o Brasil. Não tem sentido as pessoas saírem de casa sem máscara, independente de já terem contraído a doença. Todos têm que fazer a sua parte para que a gente mantenha o nosso comércio aberto. Senão a gente não consegue sobreviver”, disse ressaltando ainda que a economia e o comércio aberto são importantes para a manutenção dos empregos.

A Prefeitura de Campos foi questionada sobre a fiscalização de população e lojas, mas ainda não se posicionou sobre o assunto.

A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campos emitiu nota dirigida aos seus associados e ao comércio em geral, que voltou a funcionar nesta quarta-feira, embora ainda com restrições. A nota pontua 21 itens que deverão ser observados pelo comércio nesta fase de flexibilização mais ampla, como por exemplo o fornecimento de álcool 70% em gel ou líquido aos consumidores, bem como questões relacionadas ao distanciamento e uso de máscaras.

O presidente da CDL, José Rodrigues, disse que o documento foi elaborado com base nos protocolos de segurança adotados pelo município, e que este é um trabalho de conscientização dos lojistas. Acredita que todos os comércios vão seguir à risca as exigências, dando um passo importante para a abertura normal.

1. Todos os funcionários e clientes devem utilizar máscaras (seguindo as orientações de decreto específico neste sentido);

2. Dispenser de álcool em gel ou frasco de álcool, sempre a 70%, na entrada e saída do estabelecimento (observadas outras diretrizes mais rigorosas previstas acima);

3. Estabelecimentos comerciais, industriais ou prestadores de serviços, com dez ou mais trabalhadores (empregados, ou ainda, autônomos), ficam obrigados a realizar o controle de temperatura, com termômetro digital infravermelho, dos trabalhadores e clientes ao ingressarem nas dependências físicas, sendo proibido o ingresso em caso de estado febril, ou seja, temperatura superior a 37,5°;

4. Higienização, ao menos uma vez por turno de trabalho e sempre quando do início e encerramento das atividades, das superfícies de toques, como mesas, equipamentos, teclados, balcões, etc., e a cada utilização, as máquinas de cartão, telefones, etc.

5. Manter sistemas de ar condicionado limpos e desinfectados (limpeza diária dos filtros e manutenção semanal).

6. Higienização dos pisos do estabelecimento e seus banheiros com solução de hipoclorito (ou outro produto, desde que de acordo com as normas da vigilância sanitária para combate a Covid-19), no mínimo duas vezes ao dia;

7. Manter portas e janelas abertas, com ventilação adequada, exceto em locais não permitidos por questões sanitárias;

8. Caixas e guichês, preferencialmente, com proteção de vidro ou policarbonato para separar funcionários de clientes;

9. Incentivo ao pagamento por meio eletrônico, visando a diminuição da troca de papel moeda;

10. Manutenção e incentivo do serviço de delivery, “take away” e “drive thru”, bem como canal online (“Delivery Campos”, bem como “Achei Campos”), conforme as permissões estabelecidas em cada nível ou fase;

11. Funcionários e proprietários, pertencentes ao grupo de risco, devem ser mantidos fora do trabalho, em isolamento residencial;

12. Ficam vedadas as ações promocionais e afins que possam promover ou incentivar aglomeração de consumidores;

13. Promover a devida identificação visual, incluindo demarcação no solo, para orientar quanto ao distanciamento necessário entre os clientes, especialmente quanto a eventuais filas para atendimento;

14. Vedada a utilização de amostras para testes pessoais e disponibilização de cosméticos nos mostruários comuns para clientes, tais como perfumes, desodorantes, cremes hidratantes, maquiagem em geral, etc;

15. Vedada a oferta de serviços e amenidades adicionais que retardem a saída do consumidor do estabelecimento, tais como oferta de café, poltronas de espera, áreas infantis, etc;

16. Todos os estabelecimentos deverão dispor de lixeira com tampa com dispositivo que permita a abertura o fechamento sem o uso das mãos (pedal ou outro tipo de dispositivo), recolher e descartar os resíduos a cada 2 horas, com segurança e uso do EPI adequado;

17. Os estabelecimentos em geral, que dispuserem de refeitórios, deverão dar preferência à utilização de talheres e copos descartáveis e, na impossibilidade, utilizar talheres higienizados e individualizados (sem contato); e substituir os sistemas de autosserviço de bufê, utilizando porções individualizadas ou disponibilizando funcionário(s) específico(s) para servir todos os pratos;

18. Os estabelecimentos em geral deverão eliminar bebedouros de jato inclinado e disponibilizar alternativas (dispensadores de água e copos plásticos descartáveis e/ou copos de uso individual, desde que constantemente higienizados);

19. Os estabelecimentos deverão fazer a utilização, se necessário, do uso de senhas ou outro sistema eficaz para evitar filas ou aglomeração de pessoas;

20. Todas as empresas deverão:

I- garantir o distanciamento entre pessoas de, no mínimo, 2 metros;

II- orientar os colaboradores a informar a direção caso venham a ter sintomas de síndrome gripal e/ou resultados positivos para a COVID-19;

III- realizar busca ativa, diária, em todos os turnos de trabalho, em colaboradores e visitantes com sintomas de síndrome gripal;

IV- garantir o imediato afastamento para isolamento domiciliar por 14 (quatorze) dias, a contar o início dos sintomas aos colaboradores que:

a) testarem positivo para Covid-19;

b) que tenham tido contato próximo ou residam com caso confirmado de Covid-19;

c) apresentarem sintomas de síndrome gripal (quadro respiratório agudo, caracterizado por sensação febril ou febre, mesmo que relatada, acompanhada de tosse OU dor de garganta OU coriza OU dificuldade respiratória);

V - manter registro atualizado do acompanhamento de todos os colaboradores afastados (quem, de que setor, data de afastamento etc.);

VI - notificar imediatamente os casos suspeitos de síndrome gripal e os confirmados de COVID-19 à Vigilância Epidemiológica Municipal, bem como à Vigilância em Saúde do Município de residência do trabalhador/colaborador;

VII - comunicar imediatamente à Vigilância Epidemiológica Municipal qualquer suspeita de surto de síndrome gripal no estabelecimento;

21. Obrigatoriedade de fixação de informativos e comunicados instruindo colaboradores e clientes acerca das normas de proteção individual e coletiva existentes no estabelecimento, bem como informações gerais sobre o combate ao coronavírus (Covid-19), conforme material disponível nos sítios eletrônicos da Prefeitura Municipal de Campos, Secretaria Estadual de Saúde e Ministério da Saúde.