Em nome do pai e da mãe - As heranças (malditas?) de Caio e Wladimir
10/07/2020 17:20 - Atualizado em 10/07/2020 17:22
As entrevistas dos pré-candidatos Caio Vianna e Wladimir Garotinho ao Folha no Ar [Caio em 26/06 e Wladimir nesta Quarta-feira (9)] mostraram, dentre outras coisas, o peso da filiação. Como pai e mãe dos entrevistados os afetam politicamente e pessoalmente, por óbvio. Porém, são heranças distintas.
Caio, filho do ex-prefeito Arnaldo Vianna e Ilsan Vianna, tem o legado da gestão de seu pai como arma. Sem fazer juízo de valor sobre a qualidade daquela administração, é possível afirmar que o inexperiente Caio a usa como bengala. A administração de Arnaldo – e até sua participação numa eventual vitória eleitoral – se mostra como o principal projeto de Caio. Sem o pai, o filho teria pouco a oferecer. Não possui cargo público, pelo que se sabe não possui experiência relevante empresarial ou no mercado de trabalho formal e, apesar de responder o contrário, é constantemente questionado por não residir em Campos.
Wladimir, filho do ex-governador e ex-prefeito de Campos Garotinho e Rosinha, também ex-governadora e ex-prefeita, tem o legado de seu pai e de sua mãe como fardo. A proximidade temporal das gestões dos pais, oposto do que acontece com Caio, traz a rejeição natural, mas não é apenas isso. Wladimir carrega o peso da postura bélica de seu pai e principalmente as prisões recentes dos seus genitores. O desgaste de imagem que os problemas judiciais trazem, e inevitavelmente afetam o filho Wladimir, representa uma herança maldita.
Em um eventual governo dos Vianna’s, a participação do pai parece ser bem vinda. Traria experiência à prefeitura e a boa memória da administração Arnaldo, que em geral foi bem avaliada por boa parte dos campistas, até por ter vivido o auge dos royalties. Sem o pai, Caio expõe sua "imaturidade" para enfrentar os gravíssimos problemas que o município atravessa e certamente ainda se agravará. “Imaturo” foi o adjetivo usado pelo adversário Wladimir, mesmo dizendo que “não foi uma crítica”.
Em um eventual governo Garotinho’s, a participação do pai parece ser um problema. Traria a agressividade e o histórico de problemas que Garotinho cultivou na cidade. Com o pai a tiracolo Wladimir corre o risco de apagar qualquer boa avaliação que teve enquanto parlamentar federal. Se sua vantagem sobre Caio é a maturidade e experiência, como o próprio alega, a experiência de sua família deixou marcas e rejeições. Apesar de não ser questionado por morar em Campos ou não, Wladimir terá que explicar como não relacionar os problemas atuais do município com as gestões de seus pais. E toda gastança.
Os filhos não devem ser culpados pelos erros dos pais. A história pode ser escrita de forma diferente em gerações que se sucedem. O problema é quando a interferência é direta. É difícil crer que um eventual governo de Caio ou Wladimir não tenha a participação direta dos seus pais ou que seja a continuação dos estilos dos clãs familiares. É possível fazer diferente. Mas é preciso romper com as tutelas paternais.

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    Edmundo Siqueira

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