Parte IV da Vida de Um Administrador
26/07/2020 18:55 - Atualizado em 26/07/2020 18:56
COLUNA EMPRESARIAL
Os Primeiros Passos na Carreira de Administrador
PARTE IV
 
 
Por Leandro Bazeth Levone
 
 
 
 
Como prometido na última COLUNA EMPRESARIAL do BNB, dou continuidade aos relatos sobre o início da minha carreira como administrador na expectativa de que os leitores tenham a convicção de como força de vontade e determinação ajudam-nos a alcançar qualquer objetivo.
Mesmo que muitos digam que você não é capaz, acredite, se você verdadeiramente quer, vai conseguir.
 
 
E eu acredito que Deus usa gente do bem como anjos para nos abençoar. Muitas vezes focados nos problemas, nos vitimizando, não conseguimos ver o quanto Deus nos abençoa e envia anjos para fazer isso.
 
 
Um desses, usado por Deus para me abençoar e me guiar foi a irmã do meu pai, Clara Levone, carinhosamente chamada de Tia Clara, a minha segunda mãe, uma mulher generosa de coração bondoso, linda por dentro e por fora.
 
 
 
Leandro Levone durante palestra
Leandro Levone durante palestra / ArquivoPessoal
Ao terminar meu ensino médio em Natividade, e com aquela simplória oficina elétrica já se transformando em referência na região, eu estava mergulhado de cabeça no trabalho, tinha o sonho de infância de ser um professor universitário adormecido, e passava a fazer inúmeros cursos de aperfeiçoamento em sistemas de injeção eletrônica de motores automotivos, surgindo com força na época.
 
 
Sempre quis sair na frente, fazer o novo, ser pioneiro. Tudo que eu recebia, investia em treinamentos equipamentos para a oficina.
Desta forma, a Auto Elétrica Burity foi a primeira em Natividade a possuir um equipamento de injeção eletrônica e a oferecer este tipo de serviço.
Era o tempo da substituição dos motores com carburadores pela nova geração de veículos com sistema de injeção eletrônica.
 
 
Nisso se passaram quase três anos sem que eu pudesse estudar. Sem seguir o caminho do ensino médio para graduação.
 
 
Minha tia Clara percebendo isso, insistia para eu fazer uma faculdade. Mas eu estava focado em administrar a oficina e me qualificar como eletricista e técnico de injeção eletrônica.
 
 
Aprendi muito cedo com meus pais, que se você se dispõe a fazer algo,  precisa fazer bem feito.
Precisa se doar para ser o melhor naquilo que se propôs a fazer. Mesmo que não consiga ser o melhor,  precisa ter a consciência tranquila de que fez o máximo.
 
 
Minha tia, um dia me chamou para termos uma conversa muito séria sobre o meu futuro e como sabia que tudo que eu estava recebendo ( e não era muito), investia na oficina e não me sobrava praticamente nada e não poderia custear uma faculdade, me disse para prestar o vestibular para administração que ela pagaria tudo para mim.
 
 
Deus usa pessoas como anjos para nos abençoar!Ela enxergou meu potencial na administração da oficina, toda a revolução que eu havia feito, e me incentivou de todas as formas a fazer a faculdade de administração, se prontificando a pagar para mim.
 
 
O orgulho de saber ter alguém pagando para eu poder estudar me atrapalhou muito, tive muita resistência no inicio.
Mas dentro do meu coração ainda estava o sonho de ser um professor universitário e uma graduação seria o primeiro passo.
 
 
De tanto ela insistir, aceitei prestar o vestibular e iniciar a minha graduação em Administração.
 
 
Foi um período difícil de muita luta. Trabalhava o dia todo na oficina, e no final do dia pegava um ônibus para a faculdade em Itaperuna.
Me recordo como se fosse agora, antes de tomar um banho para me arrumar para ir para a rodoviária de Natividade, me assentava no chão da sala de casa, com um balde com água, sabão em pó e uma escova onde deixava mergulhada minhas mãos por 30 minutos, para poder remover toda a graxa acumulada durante o dia de trabalho. Durante toda a faculdade, esse era o período em que assistia um pouco de TV, nessa meia-hora retirando a graxa me distraia assistindo algum programa. Como isso me marcou!
 
 
Com três meses cursando Administração, já estava apaixonado pela faculdade e pelo curso. Eu sabia que minha tia havia me ajudado na escolha certa do que fazer.
 
 
E ela não parou por aí, sempre acreditou muito no meu potencial e queria que eu fosse muito além da oficina e da formação acadêmica.
 
 
Mais uma vez, ela entrou em cena. O Prefeito de Natividade era o saudoso Luiz Carlos Machado, mais conhecido como Agudo. E ela por diversas vezes em que teve oportunidade, falou de mim para ele, que tinha um sobrinho com muito potencial, para ele me levar para trabalhar na gestão da prefeitura.
A semente havia sido plantada no coração do Prefeito.
 
 
O meu pai, de quem não me canso de falar, é um sábio. Quem o conhece sabe o que estou falando. E com toda a sabedoria e preocupado com meu futuro, decidiu procurar também o Prefeito Agudo para falar sobre mim.
 
 
Meus amigos, Deus usa pessoas como anjos para nos abençoar. Desta vez, foi o Prefeito, passando a observar o que eu já havia feito e estava fazendo.
 
 
Até que tomou a difícil decisão de me convidar para ser Secretário de Administração no seu governo. Em um tempo em que a maioria dos cargos de alto escalão nos governos municipais eram ocupados por pessoas mais maduras e/ou militantes da política, colocar como secretário um jovem que trabalhava sujo de graxa em uma oficina do dia para noite para assumir um cargo de tamanha importância no município, foi uma atitude ousada, pela qual ele inicialmente recebeu incontáveis críticas, porém seguiu em frente e fez história como um dos melhores prefeitos da história da cidade, para muitos natividadenses, o melhor que Natividade já teve.
 
 
Foi com absoluta certeza o período em que eu mais cresci e aprendi em toda minha vida. Ele não era só um Prefeito. Era um homem que viveu a frente do seu tempo. Um visionário. Se tornou meu conselheiro, meu amigo, meu confidente, me ensinava tudo que sabia. Um homem de um coração gigante, generoso, sempre disposto a ajudar, pelo qual guardo no meu coração a minha eterna gratidão por tudo que ele fez por mim.
 
 
Mas essa já é uma outra parte da minha trajetória como administrador, a ser contada na próxima coluna empresarial do Blog Nino Bellieny.
 
 
Como sempre, deixo aqui uma reflexão para vocês leitores no parágrafo abaixo e que acabou se tornando meu lema na vida.
 
 
"Seja o melhor que você puder ser em todos os aspectos da sua vida".
 
 
Seja o melhor amigo ou a melhor amiga, seja o melhor irmão ou a melhor irmã, seja o melhor pai ou a melhor mãe, seja o melhor funcionário ou a melhor funcionária, seja o melhor filho ou a melhor filha, enfim, se doe para ser o melhor ou a melhor. E tenha uma certeza, tem sempre alguém te observando. Se você estiver fazendo o seu melhor, seu "prêmio" vai chegar. Pode até demorar, mais vai chegar. Vale muito a pena fazer o bem e buscar ser o melhor em tudo que se propuser a fazer.
 
 
 
 
 
 
 
 
*Leandro Bazeth é Administrador, Diretor na Universidade Estácio, Founder da Noroestevalley, Head e Mentor da Qstarts, Head e Mentor na Startslab, Coach de Carreiras, membro da Sociedade Brasileira de coaching com especialização certificada pela Universidade de Harvard nos EUA, Coordenador de MBA em Gestão Pública, Palestrante, Consultor de Negócios e Consultor Governamental, com Mestrado em Economia Empresarial pela UCAM, e Mestrado em Gestão Regional e Planejamento de Cidades pela UCAM, Mestrando em Negócios Internacionais pela Universidade do Estado da Flórida, sendo aprovado em primeiro lugar em todo o Brasil para cursar este programa de Mestrado, Pós-graduado em Gestão e Desenvolvimento Empresarial pela UFRJ, especialista – pós-graduado em Direito Público pelo IDP – Instituto Brasiliense de Direito Público, pós-graduado - MBA Executivo Internacional em Gestão de Projetos na Fundação Getúlio Vargas e pós-graduado em Teologia Internacional.
Foi Secretário Municipal de Administração do Município de Natividade de dezembro de 2005 a julho de 2010, ano em que se tornou Secretário Municipal de Administração, Fazenda e Planejamento em Natividade onde permaneceu até maio de 2015, com ampla experiência no desenvolvimento de projetos e soluções públicas e privadas, com carater visionário relacionado ao uso e importância da inovação disruptiva, e é Professor convidado nos cursos de Pós-graduação Lato Sensu – MBA da FACC-UFRJ (Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio de Janeiro), desde 2009.
 
 

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