Após pressão e conversa com Garotinho, Bruno recua da liderança de Witzel
09/07/2020 20:29 - Atualizado em 10/07/2020 19:47
Anunciado (aqui) na terça-feira (7) como líder do governo Wilson Witzel (PSC), o deputado estadual Bruno Dauaire (PSC) recuou, nesta quinta-feira (9), da difícil missão na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O movimento aconteceu devido à forte repercussão negativa nas redes sociais, mas sobretudo pela pressão do ex-governador Anthony Garotinho, que não poupou críticas ao seu aliado, o deputado que tem base eleitoral em São João da Barra. E não ficou só nas redes sociais. A decisão de Bruno foi firmado após uma conversa com Garotinho nesta quinta. Em nota, Bruno confirmou que continuará como líder do PSC, mas houve consenso com o governador por aguardar o fim do processo de impeachment para possível definição quanto à liderança na Casa. Ele não citou o encontro com Garotinho (atualizado às 22h12, para incluir a nota do deputado): 
— O convite que recebi gerou muitos embates, o que certamente iria prejudicar o resultado do meu esforço e do meu trabalho, que tinha a única e exclusivamente a intenção de ajudar a governabilidade e a população que vive este momento de crise. Conversei com o governador e chegamos ao consenso que se deva esperar a finalização do processo de impeachment para que, em um ambiente mais propício, indique definitivamente o líder do governo. Vou continuar lutando como líder do PSC para que a administração pública não fique travada.
O cargo de líder do governo é uma posição nobre na Alerj. No entanto, o momento para assumir o posto, vago desde a saída de Márcio Pacheco (PSC), em maio, não é dos melhores. Em meio a denúncias de corrupção no enfrentamento ao novo coronavírus, Witzel enfrenta um processo de impeachment na Alerj. A denúncia passou pelo crivo dos deputados e o prosseguimento teve aval dos 69 parlamentares que votaram, inclusive o de Bruno. Para complicar a situação, o Governo do Estado decidiu fechar o hospital de campanha de Campos antes mesmo de inaugurá-lo — o mesmo foi feito com a unidade de Casimiro de Abreu.
Na quarta-feira (8), Bruno comentou (aqui) sobre o porquê ter aceitado o cargo: “Eu aceitei o convite pela governabilidade. É uma liderança de governo em um momento de excepcionalidade, por isso será dividida com o presidente e com meus pares, para que alcancemos o objetivo de fazer com que pautas importantes avancem”. Segundo ele, a escolha do seu nome nada tem a ver com o processo de impeachment:
— Minha decisão foi tomada junto com outros parlamentares por perceber que o Estado precisa de ajuda para que cuidemos da Saúde, tenhamos a retomada da economia e possamos superar as consequências dessa pandemia.As críticas não pararam de surgir nas redes sociais, desde o anúncio de que Bruno seria o líder de Witzel. 
Garotinho, na terça mesmo, disse não acreditar que o deputado “tomaria uma atitude dessas sem consultar seus companheiros, que sabem que esse governo já acabou pela incompetência e a corrupção que tomaram conta de setores importantes da administração estadual”. Mesmo com a informação já confirmada, Garotinho concluiu: “Isso só pode ser fofoca, Bruno Dauaire é uma pessoa decente e não aceitaria um papel desse”.
À mídia carioca, Dauaire relatou que iria procurar o ex-governador para explicar os seus motivos: “Eu continuo amando Garotinho”. Só o aceno buscando paz não resolveu. O pai do deputado federal Wladimir Garotinho (PSD), aliado de primeira hora de Bruno, retrucou: “Quem ama não trai”. O teor da conversa que aconteceu nesta quinta entre o deputado estadual e Garotinho não é conhecido, mas parece ter influenciado diretamente no recuo da liderança. Witzel também teria convidado Bruno para uma conversa na noite desta quinta e, depois dela, o deputado se posicionou oficialmente sobre o recuo.
Processo de escolha — Em seu blog no jornal Extra, a jornalista Berenice Seara relata que a escolha de Bruno para líder de governo pegou todo mundo de surpresa, inclusive o deputado. Segundo a publicação, na terça, “Witzel estava em reunião com o presidente da Casa, André Ceciliano (PT), o mandachuva de seu partido, Pastor Everaldo, e mais meia dúzia. Eis que chega um afobado Bruno Dauaire, e o governador apresenta: ‘É o meu novo líder do governo’. O ar de surpresa — e de constrangimento — do moço foi quase palpável”.
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    Arnaldo Neto

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