O jornalista Vilmar Rangel foi Chefe de Gabinete de Rockfeller de Lima, nos anos 60.

Por dever de ofício, Vilmar estava sempre atento aos discursos do prefeito, sobretudo nos improvisos. Por ouvi-lo muitas vezes, passou a conhecer a sua linha de raciocínio.

Sabia, portanto, que para um evento o discurso tinha um enfoque. Para outro, a abordagem era outra.

Em certa solenidade, Vilmar se surpreendeu com o discurso de Rockfeller. Dias depois, na leitura de um livro sobre Jânio Quadros, observou que algumas considerações ali contidas coincidiam com a fala recente do prefeito.

Vilmar tocou no assunto. Rockfeller, gozador, desconversou:

— É que nós temos idéias afins...

Vilmar fingiu que aceitou, mas ficou convencido de que estava diante de um político com uma memória prodigiosa.