Não foi acidente
20/06/2020 18:23 - Atualizado em 20/06/2020 19:11
A trágica morte do publicitário Guto Leite na manhã de quinta-feira passada, cuja triste notícia foi tema de uma postagem aqui, não foi um simples acidente. Ele morreu afogado ao ser preso por uma rede de pesca submersa, após tentar passar pela arrebentação e ter sido empurrado para baixo pelo mar.
Guto entrava no mar de Barra do Furado com um amigo, do lado do pier do Canal das Flechas, pelo lado de Farol de São Tomé. Ali é um conhecido pico de surfistas, há décadas, famoso por ter algumas das melhores ondas da região.
Não foi um simples acidente. Não fosse a rede, Guto estaria vivo. Situações de grande risco como esta se repetem no mar da região, em Grussaí, Atafona, Chapéu de Sol, e também nas lagoas, como Lagoa de Cima. Há redes submersas por vários locais, muitas não sinalizadas, algumas mal sinalizadas e outras sinalizadas.
Para quem está no mar ou na lagoa, praticando uma atividade esportiva, náutica ou simplesmente se banhando, desconhecer que há uma rede submersa no local por onde transita é um enorme risco, podendo ficar preso nela, com a possibilidade de ser fatal, como ocorreu com Guto.
Aqui na região temos alguns agravantes, pois a água do mar é escura na área de banho, em virtude de termos rios desaguando, e de possuirmos ondas geralmente fortes, ambos dificultando ainda mais alguém que fique preso em uma rede de pesca se soltar.
Além das redes armadas, há também restos de redes de pesca, não só de pescadores locais, como de barcos muito grandes de pesca industrial que vêm de Santa Catarina. Estes barcos colocam redes de até 7 km e às vezes pode acontecer de uma tempestade romper a rede, ou um navio, ou uma baleia.
Na quinta-feira, dia da morte de Guto, uma rede de pesca mal sinalizada e na arrebentação, envolta em espuma, foi vista entre o Posto 3, em Grussaí, e Chapéu de Sol, outro conhecido point de surfe. Confira abaixo:
Ontem, um dia após a morte de Guto por uma rede de pesca, a mesma, que o vitimou e cujo dono não apareceu até agora, continuava lá, no mesmo local, com sinalização deficiente, na arrebentação, em volta de espuma, pronta pra fazer mais vítimas. Absolutamente nenhuma medida foi tomada pelas autoridades. Um absurdo. Confira:
As redes apresentam grande risco para a vida não só dos frequentadores do litoral, mas também para a vida marinha. Pescadores têm que ser registrados e a fiscalização da pesca em geral é responsabilidade do Ibama e polícias ambientais, mas ninguém efetivamente remove as redes das praias.
É certo que muitos pescadores têm nas redes o seu meio de vida e de sustento de suas famílias, mas há que se ter uma ordenação. Exigência de múltiplas bóias, chamativas, em todo perímetro da rede. Identificação do dono da rede.
Definição de áreas de pesca e de áreas de prática esportiva. Há espaço para todos. Regulamentação, fiscalização, punição. Antes que outras trágicas mortes, completamente evitáveis, ocorram.

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    Christiano Abreu Barbosa

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