#BrequeDosApps: Entregadores de aplicativo em Campos confirmam adesão à paralisação nacional neste dia 01º
O Blog do Gilberto conversou com um destes trabalhadores sobre a adesão à paralisação nacional em Campos, que busca melhores condições de trabalho
Folha1
No final de janeiro deste ano, publicado neste blog e repercutido pela redação do Folha1, (aqui) observamos a relação entre a crescente informalidade decorrente do desemprego em Campos e o consequente aumento do número de trabalhadores que buscavam oportunidade de renda junto aos aplicativos de entrega.
De lá pra cá, o fenômeno, além de crescer, tomou proporções ainda mais intensas com a chegada do Covid-19 ao Brasil, que trouxe à tona a importância destes profissionais que, mesmo em meio à pandemia, enfrentam diariamente os riscos para garantir que a população muitas das vezes não precise sair de casa para comprar comida e outros itens.
Em meio a crescente onda de manifestações antirrascistas e antifascistas nas últimas semanas, surgiu em São Paulo uma mobilização de motoboys e entregadores de apps por melhores condições de trabalho, agravadas pela pandemia. A mobilização se espalhou pelo Brasil e resultou na paralisação que deverá ocorrer amanhã (01), em todo o país. 
E, pelo visto, não será diferente em Campos. Conversamos com Gabriel Fernandes, jovem de 19 anos, estudante e entregador de aplicativos no município, que relatou as dificuldades do trabalho junto às plataformas, comentou sobre a paralisação de amanhã e confirmou a adesão dos entregadores campistas. 
Gabriel relata que decidiu começar a trabalhar com as entregas em Campos, de bicicleta, aos 18 anos, pois pretendia garantir uma maior independência financeira, pagar a faculdade e tirar sua 1ª habilitação. No começo, segundo ele, a remuneração parecia ser justa e agradava.
No entanto, com o passar do tempo, surgiram as primeiras dificuldades: "o maior problema é o suporte do aplicativo. Há um dispositivo nos apps chamado score, em que toda vez que o cliente não é localizado, por exemplo, e isso é relatado, a pontuação do entregador fica menor e a consequência disso são bloqueios temporários e menos entregas disponibilizadas. Ainda é possível observar uma preferência dos aplicativos pelo "novatos", em detrimento de quem está há mais tempo". 
Gabriel continua: "sempre tive boas pontuações no aplicativo, possuía um score alto, fazia minhas entregas corretamente. Mas sempre que algum cliente colocava endereço errado ou não aparecia para buscar a entrega, minha pontuação diminuía e as próximas entregas disponibilizadas sempre eram em locais distantes, em média num raio de 6km - distância máxima permitida para entregadores de bicicleta - que não são remunerados por km percorrido." 
Soma-se isto, segundo Gabriel, o constante risco de acidentes, assaltos e furtos que não recebem nenhum suporte dos aplicativos: "o Ifood não se importa com os entregadores e sob qualquer alegação de clientes, que muitas vezes mentem sobre não ter recebido corretamente as entregas para receber descontos ou reembolsos, somos bloqueados e precisamos nos virar para buscar outra fonte de renda."
Sobre a paralisação nacional de amanhã, Gabriel relata que, no início, em Campos, temia pela falta de unidade dos entregadores, pois não acreditava que "apenas um ou dois parando surtiria algum efeito", porém, observa que nas últimas horas tem havido uma intensa repercussão e organização nos grupos de whatsapp dos entregadores da cidade, que já anunciam que irão aderir à mobilização que vem sendo chamada de #BrequeDosApps nas redes sociais: "vamos parar mesmo, só faltava essa organização inicial".
Nas mesmas redes sociais, clientes tem sido convidados a compreender as situações de abuso e exploração que muitos destes trabalhadores sofrem e, no dia de amanhã, boicotarem os aplicativos em solidariedade aos entregadores.
A orientação é que se você precisar de alguma entrega, entre em contato diretamente com o entregador ou motoboy e faça seus pedidos, sem intermédio dos apps.

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    Gilberto Gomes

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