Faculdade de Medicina de Campos faz esclarecimento sobre carta aberta
- Atualizado em 31/05/2020 08:06
Divulguei ontem aqui que a Faculdade de Medicina de Campos (FMC), mantida pela Fundação Benedito Pereira Nunes, havia decidido, neste período de pandemia, o retorno de suas atividades para evitar, segundo relato do pai de um aluno — que merece credibilidade — , a redução de mensalidades a partir de pleito judicial.
Também foi divulgada uma “Carta Aberta” tendo como signatários alunos do 9º período da FMC, em que externam “total insatisfação” com a forma pela qual a faculdade está se conduzindo no retorno das atividades.
Ontem à noite, pela Faculdade de Medicina de Campos, recebi a seguinte nota de esclarecimentos assinada pelo médico Márcio Sidney Pessanha de Souza, que preside a Fundação Benedito Pereira Nunes.
 A NOTA DE ESCLARECIMENTO
A propósito de matéria veiculada no dia 30/05/2020 e os seus efeitos, relacionados a FMC (Faculdade de Medicina de Campos), vimos por meio desta tecer as seguintes considerações:
Diferentemente de outros cursos de nível superior, o curso de Medicina é dividido em duas fases distintas. Durante os primeiros quatro anos, os alunos recebem a maior parte dos seus conhecimentos em ambientes de salas de aulas na faculdade.
Os dois últimos anos porém, também conhecidos como "Internato", são exercidos quase que 100% através da "Prática em Serviços, tais como pronto-socorros, enfermarias, UTI's e os ambulatórios das várias especialidades médicas; todas sob supervisão docente.
A FMC suspendeu todas as suas atividades no último dia 16 de março, em obediência à determinação legal de isolamento social obrigatório, como instrumento de prevenção à propagação da Pandemia pela Covid-19.
E da mesma forma que várias outras unidades de ensino, a sua direção analisou as alternativas legais que pudessem atenuar e/ou reduzir os prejuízos que a suspensão compulsória das aulas causaria, e efetivamente causou aos seus alunos.
Relativamente aos discentes dos quatro primeiros anos, a melhor alternativa legalmente permitida foi a utilização das chamadas TIC's (Tecnologias de Informação e Comunicação); consagradas pelo MEC e aplicáveis a boa parte das disciplinas (hoje chamadas de componentes curriculares) que compõem esta fase do curso de Medicina.
Este modelo permite que os alunos tenham acesso aos conteúdos programáticos por via eletrônica, em ambiente de aprendizagem interativo com os professores à distância e em tempo real. Todos eles estão tendo essas aulas em SUAS CASAS.
Por óbvio, este método NÃO pode contudo, ser aplicado aos alunos dos dois últimos anos do curso; uma vez que nesta etapa a presença física dos indivíduos é obrigatória. O ensino/aprendizado é de PRÁTICA.
Assim, resta plenamente compreensível o enorme grau de ansiedade, de angústia e de insatisfação que recaíram sobre os alunos do Internato, ante as incertezas de quando recomeçarem; especialmente no período derradeiro de suas formações.
O clamor e a pressão pelo retorno às atividades passaram a ser constantes e obstinados, mormente após a liberação de Medidas Provisórias pelo MEC e pelo Ministério da Saúde, autorizando a antecipação da conclusão do curso a alunos do último período, especialmente se convocados como força de trabalho para o atendimento à Pandemia.
Durante todo este período, a direção institucional dialogou com o Diretório Acadêmico e com outros representantes discentes em reuniões à distância (via Zoom), sempre com o propósito de encontrar as condições seguras de abreviar o retorno do ensino PRÁTICO.
Esse é um ponto que já se esperava polêmico, face as grandes dificuldades de se conciliar a aquisição e o tempo para o recebimento dos chamados EPI's (Equipamentos de Proteção Individual) e a apreensão natural pelo risco de contágio pelo Coronavírus.
Sobre esse mister, foi criado um grupo de professores/médicos com o objetivo de treinar os alunos para o uso e para avaliar a melhor composição dos materiais de proteção; com a autonomia de adiar a data agendada do reinício, caso as condições não fossem as mais propícias.
Uma reunião conjunta entre a direção institucional e os representantes dos alunos no dia 29/05 já decidira por um primeiro adiamento. É indispensável ressaltar que em momento algum ou por qualquer razão, a FMC tornou obrigatória a volta de QUALQUER UM DOS SEUS ALUNOS às aulas presenciais.
O retorno das atividades aos alunos do Internato ficou LIMITADA àqueles que assim o desejarem; pois há aqueles que querem e/ou precisam; da mesma forma que há aqueles que não querem e/ou não precisam voltar.
Ficou determinado que os que não se sentirem confiantes, poderão cumprir as escalas em época especial, assim que desejarem. Todos foram formalmente comunicados sobre isto desde o primeiro momento.
Ao agir de forma diferenciada, a instituição buscou atender as diferenças e os diferentes; em sintonia com a liberdade de pensamento, de forma democrática e civilizada.
Com relação às abordagens de ordem financeira, faz-se necessário esclarecer que a FMC é mantida pela Fundação Benedito Pereira Nunes (FBPN); entidade pública de direito privado, SEM FINS LUCRATIVOS, subordinada ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), NÃO VISA O LUCRO, como pôde comprovar ao NÃO REAJUSTAR as mensalidades escolares dos seus alunos neste ano de 2020.
Do seu total de 830 alunos dos cursos de Medicina e de Farmácia, uma média de 170 estudantes recebem bolsas integrais de gratuidade a cada semestre; em processo de seleção rigorosamente controlado pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público do Est. do RJ; donde se depreende que diferentemente das universidades públicas, a Faculdade de Medicina de Campos NÃO recebe qualquer subsídio financeiro do governo, sem a contrapartida equivalente.
Portanto, é rigorosamente administrada com os recursos oriundos das mensalidades dos alunos, razão pela qual a gestão responsável é imperativa.
Por todo o exposto, repudiamos com veemência os equívocos e inverdades contidos na matéria e em certas impressões e conclusões de alguns leitores;alunos inclusive.
Há afirmações injustas, levianas e ofensivas à Fundação Benedito Pereira Nunes e à Faculdade de Medicina de Campos, em flagrante agressão à sua reputação e à sua história de relações de excelência com a sociedade campista e brasileira há mais de 52 anos.
Márcio Sidney Pessanha de Souza.
Pela Fundação Benedito Pereira Nunes/ Faculdade de Medicina de Campos.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Saulo Pessanha

    [email protected]