O controle necessário das fake news
27/05/2020 20:07 - Atualizado em 27/05/2020 20:11
O uso das redes sociais para se comunicar — muitas vezes dispensando os canais oficiais e a imprensa profissional — é uma das principais características em comum dos líderes da “nova direita”. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, principal representante da onda conservadora-liberal, nacionalista e populista que ascendeu no mundo, que inclui Itália, Hungria, Polônia e o presidente brasileiro Bolsonaro, tuitou que pretende “regular fortemente” as plataformas digitais, argumentando que, as mesmas redes que foram essenciais na eleição desses representantes, estariam cesurando vozes conservadoras. O Twitter marcou posts do presidente americano com o alerta de que não poderiam ser confirmadas. No Brasil, o Supremo Tribunal Federal, através do ministro Alexandre de Moraes, conduz o inquérito que apura fake news. Os alvos desta quinta-feira foram aliados e apoiadores de Bolsonaro.
As eleições brasileiras de 2018 foram marcadas por denuncias de uso e divulgação de fake news de ambos os candidatos que foram ao segundo turno. Bolsonaro teria sido beneficiado por notícias falsas veiculadas por redes sociais que informavam que o candidato do PT, Fernando Haddad seria o criador do “kit gay” ou que o homem que esfaqueou Bolsonaro, Adélio Bispo, era aliado de Lula. Haddad foi acusado de impulsionamento irregular.
No recente episódio do churrasco que o presidente Bolsonaro prometeu promover enquanto o país atravessa sérias restrições de aglomeração por conta do coronavírus, o desmentido e acusação de fake news se deram pelo próprio autor. De consequências bem mais graves, a investigação da Polícia Federal conduzida pelo Supremo, visa comprovar o uso criminoso de notícias falsas para influenciar e conduzir processos e o eleitorado. Roberto Jefferson, ex-deputado federal, Luciano Hang, dono das lojas Havan, Allan dos Santos, blogueiro e a ativista Sara Winter tiveram bens apreendidos por mandados de busca e apreensão hoje. Sara, chegou a dizer que vai "infernizar a vida" do ministro Alexandre de Moraes e que gostaria de “trocar soco” com ele.
A pandemia pode trazer, por necessidade de saúde pública, maior controle das informações veiculadas nas redes sociais. Controle promovido por dispositivos legais e por decisão das próprias empresas de mídia social. Caso se confirme e os dispositivos criem ainda mais mecanismos de controle, políticos que instrumentalizam essas ferramentas serão diretamente afetados. De Trump a Bolsonaro, o principal meio de interlocução com seus eleitores poderá ser um campo minado.
 
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    Edmundo Siqueira

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