Thiago Ferrugem: Sem planejamento, lockdown foi solução
29/05/2020 19:42 - Atualizado em 03/06/2020 18:04
Thiago Ferrugem é advogado
Thiago Ferrugem é advogado
Semana passada tivemos início ao lockdown à la Rafael Diniz em Campos dos Goytacazes. Como justificativa o prefeito alegou o crescente número de casos na última semana, lotação 100% dos leitos de UTI reservados aos casos de Covid-19 bem como 87% dos leitos clínicos. Além disso, justifica que a taxa de isolamento social está em 40%, quando o ideal é acima dos 70%.
Em uma análise superficial pode dar a impressão que o município tem sido bem atuante nesta pandemia que vem causando prejuízos incalculáveis para as famílias, trabalhadores e empresários. Vidas estão sendo ceifadas e empregos abduzidos em uma velocidade que impressiona até os mais pessimistas. Mas, precisamos ter um olhar atento, pautados na verdade real. Mais distantes das salas confortáveis da sede da prefeitura, ou da letra fria das normas publicadas no diário oficial e mais próximas da população, do chão da fábrica, das ruas de nossa cidade.
Fato é que, em praticamente dois meses de isolamento social avançamos muito pouco. O prefeito tinha disponibilizado até o dia da decretação do lockdown apenas 19 leitos de UTI para atender os pacientes da Covid, lembrando que temos uma população que ultrapassa os 500 mil habitantes. Publicou decretos para reduzir a circulação de pessoas, mas não teve coragem de fazê-los serem cumpridos. Resultado, a única coisa que conseguiu foi terminar de quebrar nossas empresas, nossa economia. Aliás, um governante que tem medo de decidir ou de fazer cumprir suas decisões é um perigo para seu povo.
Todos nós vimos as filas nas agências da Caixa. Onde estava o governo para chamar o banco em sua responsabilidade e cobrar providências ou ainda, estabelecer parcerias como em diversas cidades espalhadas por este país?
A incompetência do prefeito fez com que todos nós paguemos uma conta altíssima. Se o isolamento social tivesse sido bem feito, possivelmente estaríamos como diversas outras cidades brasileiras que já estão em processo de abertura do comércio e bem próximo de uma vida normal. Não fez, agora adota um remédio amargo feito às pressas pela falta de coragem e de planejamento, aliás, essas características foram as grandes marcas deste governo desde os primeiros dias de seu início.
Não adianta agora lamentar ou como diria minha avó “chorar o leite derramado”. Vamos torcer para que a população possa compreender que é preciso ficar em casa, que a Prefeitura e Estado possam cumprir a determinação judicial promovida pelo MP e Defensoria para ofertar, agora sim, leitos em quantidade condizente com nossa população, e que no mês de junho podemos iniciar a abertura da cidade de forma regrada, planejada e segura.
Que Deus nos abençoe!

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