Após a divulgação na última sexta-feira (22) da reunião ministerial do dia 22 de abril, foi escancarada para o Brasil uma completa falta de respeito à liturgia de cargos públicos, a pessoas e instituições que compõem nosso estado democrático e de direito. Em alguns momentos, uma reunião que poderia definir rumos importantes para o país no combate à Covid-19 (que está ceifando milhares de vidas de brasileiros) mais parecia uma conversa de botequim, com palavras de baixo calão e ameaças de todas as espécies.
Vários foram os pontos que chamaram a atenção, mas vou me atentar para a fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que, em determinado momento, alertou seus colegas ministros sobre o que considerava ser uma oportunidade trazida pela pandemia da Covid-19. Isso mesmo, amigo leitor. Para ele, o governo deveria aproveitar o momento em que o foco, da sociedade e da mídia, está voltado para o novo coronavírus para mudar regras que podem ser questionadas na Justiça.
Em uma completa falta de respeito com o Congresso, ele sugere que aquele momento seria hora de fazer uma “baciada” de mudanças nas regras ligadas à proteção ambiental e à área de agricultura. Isso mesmo, pasmem! Ele emendou dizendo que tem uma lista enorme em todos os ministérios que têm papel regulatório para simplificar. “Não precisamos de Congresso...Onde passa boi, passa boiada", argumentou.
Se não tivesse visto o vídeo eu confesso que duvidaria desse tipo de fala vindo de um ministro do Meio Ambiente, já que dessa forma ele acaba expondo ainda mais nosso país e elimina a pouca credibilidade do Brasil em um cenário internacional. Deixa-nos o claro entendimento de que temos uma proposta ambiental que nada prega, além de degradação ambiental, não propicia a geração de empregos e não tem apreço pelas vidas e instituições. Ao meu ver, um grande escândalo. O ministro autodenunciou.
Vale lembrar que o Ministério do Meio Ambiente tem como missão principal formular e implementar políticas públicas ambientais nacionais de forma articulada para o desenvolvimento sustentável e ser reconhecido pela sociedade por sua excelência, credibilidade e eficiência na proteção do meio ambiente. Mas o que estamos vendo ultimamente é exatamente o oposto. Uma pena!
