Treinamento x Tecnologias (2)
17/04/2020 21:28 - Atualizado em 17/04/2020 21:35
 
Ainda continuando o assunto sobre Treinamento x Tecnologias, iniciado aqui, prossigo por acreditar ser um ótimo tema como ser também extremamente atual, visto a tecnologia nos aproximar dos atletas, entendendo o seu organismo, com suas respectivas métricas de performance que nos facilita práxis dando qualidade ao trabalho chamado Treinamento Desportivo.
Esses avanços tecnológicos impõem ao atleta e técnico esportivo do século 21 um ambiente de trabalho com possibilidades impensáveis há apenas uma década. As ferramentas que dispomos atualmente para monitorar, medir, avaliar e analisar nossos atletas nos permitem ganhar eficiência, otimizando bastante cada um dos processos que fazem parte do treinamento esportivo. No entanto, essa oferta excessiva de dispositivos e ferramentas dificulta a seleção dos meios realmente úteis.
Nesse ambiente, precisamos ser capazes de selecionar as ferramentas que possuem um grau de validade suficiente para que possam ser incorporadas ao nosso modelo de trabalho. As informações que obtemos devem ser contrastadas e apoiadas por estudos de controle que garantam sua utilidade e veracidade, sem nos deixar levar pelo entusiasmo da novidade do mais recente "dispositivo revolucionário". Bons treinos!
 
 
Bem-vindos ao TrainingPeaks.
Descobri essa ferramenta há alguns anos pela minha assessoria e posso dizer, sem nenhum medo de exagero, que ela mudou completamente minha forma de encarar o treinamento justamente por ultrapassar a fronteira que separa os dados de suas respectivas análises.
O TrainingPeaks é uma plataforma que se integra a praticamente todos os smartwatches existentes, de Garmin a Suunto, digerindo os seus dados treino a treino e transformando-os em informação útil.
Ele mostra, em essência, quatro indicadores correlacionados:
TSS, ou Training Stress Score. Cada sessão de treino que fizer será convertida em TSS, uma espécie de base para toda e qualquer análise de esforço feita pela plataforma. Tudo contribui para o TSS: duração, intensidade, percurso etc. É a partir dele que conseguimos ter uma ideia mais clara da eficiência do treino por meio de outras três métricas: fadiga, condicionamento e forma.
Fadiga (ou ATL): É uma média exponencialmente ponderada dos TSS dos últimos 7 dias. Quanto maior a fadiga, maior o estresse que seu corpo estará e, portanto, menos ele conseguirá performar bem. Por outro lado, é justamente uma fadiga alta que garante a qualidade do treinamento no longo prazo uma vez que o estresse muscular é o responsável por fazê-lo mais forte.
Condicionamento (ou CTL): É uma média exponencialmente ponderada dos TSS dos últimos 42 dias, refletindo os efeitos dos treinos nos últimos três meses. Um fitness alto, portanto, significa um corpo forte, preparado para enfrentar picos de estresse maiores em uma prova.
Forma (ou TSB): É a subtração direta do Condicionamento pela Fadiga. Ou seja: se seu condicionamento estiver em 150 TSS e sua fadiga, em 165, sua forma será de -15. Por que isso é relevante? Porque uma forma negativa significa que sua capacidade de performance no dia imediatamente seguinte será mais baixa do que deveria; uma forma positiva, por outro lado, mostrará que você está mais apto a ter resultados melhores.
É aqui que tudo fica interessante: como o TrainingPeaks já é utilizado por milhares de atletas de todos os níveis e esportes em todo o mundo, há parâmetros claros de onde se deve estar por fase do treinamento.
Sabe-se, por exemplo, que manter a forma em níveis intensamente baixos (menores que -15) por tempo demais pode acabar gerando overtraining ou alguma lesão; que a faixa ideal para se melhorar o condicionamento gira entre -10 e +10 de forma; e até que há números específicos de condicionamento que você deve buscar caso deseje competir no alto nível em provas de corrida, ciclismo, natação ou triathlon.

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    Marcos Almeida

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