O novo antipetismo
12/04/2020 16:47 - Atualizado em 12/04/2020 22:56
Há algum tempo venho publicando nas redes sociais, no Twitter e no Facebook, as grandes similaridades do petismo e do bolsonarismo, assim como de seus adeptos, os petistas e os bolsonaristas. Na grande maioria dos casos, parecem irmãos siameses, de sinal trocado, por causa da teórica "ideologia" defendida por essas correntes.
Normalmente esses comentários são publicados no Twitter, uma rede muito menos tóxica e muito mais informativa que o Facebook. Ontem o jornalista Merval Pereira publicou um ótimo texto em sua coluna em O Globo, intitulada "Jim Jones tupiniquim" (confira aqui o texto, que republiquei), no qual analisa a péssima condução do presidente durante a pandemia do coronavírus.
Preocupado exclusivamente com a economia e, principalmente, como ela pode afetar as suas chances de reeleição, Jair Bolsonaro briga contra a realidade, tentando subestimar os efeitos da pandemia, que avançou rapidamente e de forma mortal sobre grande parte das economias do mundo, com maior gravidade em países com economia e saúde bem mais fortes do que o Brasil.
Outros líderes ameaçaram adotar tal postura, mas sucumbiram diante da realidade e mudaram de posição, ainda que a condução inicial equivocada tenha provavelmente ceifado centenas de vidas a mais.
Brigando contra a inevitável realidade, Bolsonaro perdeu a chance de ser o líder do enfrentamento da pandemia no país. Mostrou a sua total incapacidade de lidar com uma grande crise, perdendo inúmeros eleitores de centro e a chance de aumentar sua popularidade. E deu espaço para que outros líderes ocupem a lacuna de poder deixado, com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, sendo o líder federal e os governadores os líderes em seus estados.
A briga contra a queda na economia, tentando evitar o isolamento social, já era perdida. A recessão, seja aqui ou no mundo, era inevitável e irreversível com a pandemia. Com sua postura equivocada, só acumulou péssimos resultados, ainda que o seu eleitorado cativo, mais extremo, possa aplaudir, como faz com qualquer coisa que ele faça.
Em seu texto, Merval analisa pontos próximos a esses e conclui que Bolsonaro será o próximo PT da eleição, aquele que será preciso afastar do poder, com grande rejeição. Projetando pelo cenário de  hoje (política é sempre mutante), quem conseguir encarnar o antibolsonarismo seria o detentor de maiores chances de vitória em 2022. Como aconteceu em 2018, quando ele encarnou o antipetismo.
Pelo desgaste dos 14 anos de poder, da maior recessão econômica da história na qual enfiou o país, dos crimes de corrupção e da falta de nomes, dificilmente o PT ocupará esse lugar. Fica um espaço enorme aberto para políticos de centro, centro-direita e centro-esquerda tentarem ocupar, encarnando o antibolsonarismo e também impedindo a volta ao poder dos petistas.
Quem ganha espaço hoje são os governadores, especialmente aqueles que têm protegido a população da grave ameaça da pandemia do coronavírus. Nesse ponto, com mais exposição por governarem os maiores centros, João Dória e Wilson Witzel vêm se destacando. Romeu Zema, do Novo, tem ido mal, aliás, como o seu governo. Má estreia do partido que pretende ser "novo".
Além deles, há no governo federal o destaque do Ministro da Saúde, Mandetta, muito bem na gestão da pandemia do coronavírus. Um oásis de esperança, condução técnica e serenidade em um governo errático. Sem contar a sempre boa imagem do Ministro da Justiça, Sérgio Moro, muito mais pelo que ele fez na Lava-Jato no combate à corrupção.
Há ainda no cenário de 2022 os candidatos à presidência derrotados em 2018.
A conferir.

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    Christiano Abreu Barbosa

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