Lojistas fazem carreata pela reabertura de comércio em Campos
Paula Vigneron 27/03/2020 10:17 - Atualizado em 08/05/2020 18:34
Comerciantes querem reabertura de lojas
Comerciantes querem reabertura de lojas / Genilson Pessanha
Cerca de 100 comerciantes realizaram, na manhã desta sexta-feira (27), o ato "Volta Campos" pela reabertura do comércio no município. Eles criticam a medida restritiva da Prefeitura, para controlar a propagação de coronavírus no município, e afirmam que é possível manter o funcionamento das lojas e os cuidados com a população e com os funcionários. Após a concentração em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário, no Parque Leopoldina, eles seguiram em carreata até a Prefeitura de Campos, passando pela avenida XV de Novembro e Mercado Municipal. Além de comerciantes, integrantes do movimento Direita Campos também participaram da manifestação. O ato terminou por volta das 12 horas, com a chegada de viaturas da Polícia Militar.
Proprietário de estabelecimentos da área da gastronomia em Campos, Paulo Victor Alves Ferreira, de 37 anos, que tem 21 funcionários diretos e 15 indiretos, contou que está há três semanas sem faturamento e há duas com as lojas fechadas. Ele relatou que as dívidas acumularam e chegaram a R$ 205 mil, entre trabalhadores, aluguel e boleto.
— A situação é crítica. Todos os funcionários estão me ligando, e eu não pude pagá-lo. Os salários venceram na semana passada. Eu fui fazer compra para todo mundo porque não tinha como pagar. Hoje, vou fazer para mais seis e para os (funcionários) extras também. Eles estão passando necessidade. Está muito difícil — lamentou, destacando que precisa voltar a abrir as lojas, com todos os cuidados de higienização e quadro reduzido de funcionários.
Comerciante do ramo de joalheria, Alan Fernandes, de 61 anos, explicou que está com o estabelecimento fechado desde o dia 19 e que o ato foi realizado para que o governo municipal mude o isolamento de horizontal para vertical (destinado apenas a idosos e grupos de risco). A partir daí, segundo ele, os comércios poderiam ser reabertos. “Campos está paralisada economicamente e, se continuar assim, vai ser o caos total. E nós não queremos isso”, declarou.
Cristiano Azeredo, de 43 anos, relatou que trabalha com caminhões e que, com a paralisação, os prejudicados não são apenas os proprietários, mas também os funcionários e seus familiares.
— Temos 15 carros parados. Então, são 15 famílias. Mas, na empresa para a qual eu estava prestando serviço, são 200 pessoas paradas e sem receber. Então, durante 15, 20 dias, essas pessoas vão conseguir sobreviver, mas e quando acabar a comida? Vai fazer como? O prejuízo vai ser muito maior porque vai começar a ter saqueamento. Vai morrer muito mais gente por causa de saqueamento do que pelo vírus — disse.
Na contramão das recomendações feitas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Ministério da Saúde (MS), e governos estadual e municipal, os manifestantes pedem que o isolamento social deixe de ser horizontal e passe a ser vertical, para que apenas as pessoas de grupos de risco, como os idosos, permaneçam com restrições estabelecidas.
Na última quinta-feira (26), o Conselho Empresarial Permanente de Desenvolvimento de Campos (Cecam), formado por entidades representativas de diferentes setores, entregaram uma carta ao prefeito Rafael. Nela pleitearam “que sejam adotadas medidas para o enfrentamento da crise em razão da Covid-19, entre elas a reabertura do comércio local a partir da próxima quarta-feira-feira (01)”.
De acordo com o pleito, a reaberturas das lojas “deve obedecer a determinação de cuidados específicos de higiene e regras para evitar a aglomeração de pessoas, de modo a permitir a continuação das atividades das empresas locais hoje e no futuro, o regular recolhimento de tributos e a manutenção de empregos”.
O Cecam é constituído por Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), a regional da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), Sindicato do Comércio Varejista, Fundação de Desenvolvimento do Norte Fluminense, Sindicato dos Comerciantes de Farmácias, Associação Fluminense do Comércio Farmacêutico e Sindicato Rural de Campos.
O prefeito Rafael Diniz disse vai continuar seguindo as orientações da OMS e manter a quarentena em Campos, conforme foi divulgado no blog Opiniões, do jornalista Aluysio Abreu Barbosa.

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