Familiares e amigos artistas se despedem de Marquinhos Prakatum
Matheus Berriel e Ícaro Barbosa 31/03/2020 18:34 - Atualizado em 04/05/2020 22:18
Mesmo com recomendações de isolamento, amigos e familiares marcaram presença para o último adeus
Mesmo com recomendações de isolamento, amigos e familiares marcaram presença para o último adeus / Genilson Pessanha
 
Foi sepultado no final da manhã desta terça-feira (31), no cemitério Campo da Paz, em Campos, o músico Severino Marcos de Souza, conhecido no meio artístico como Marquinhos Prakatum. Mesmo com as recomendações de isolamento social em virtude da pandemia do novo coronavírus, um número considerável de pessoas compareceu para dar o último adeus. Marquinhos morreu na segunda-feira (30), aos 52 anos, com insuficiência hepática, parada cardiorespiratória e colangite. Segundo a família, ele estava internado no Hospital Ferreira Machado devido a uma inflamação na vesícula que causou complicações. Deixa dois filhos. Sua esposa, Ana Campos Barreto, diz que houve negligência médica.
Natural da Bahia, Marquinhos residia em Campos há aproximadamente 30 anos. Foi baterista da banda Traz A Massa da Bahia, ao lado de artistas como Gil Paixão, e há mais de uma década comandava a banda Prakatum.
De acordo com a esposa, Ana, o músico sentiu fortes dores abdominais na noite de quarta-feira (25). Após ser medicado em casa, procurou atendimento médico na quinta (26), mas não foi recebido no Ferreira Machado, no Hospital Geral de Guarus (HGG) e no Posto de Urgência (PU) do mesmo subdistrito, que estariam priorizando casos relacionados ao coronavírus.
— Fomos à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde ele foi atendido. O médico falou que ele estava com problema na vesícula, sem fazer exame algum. Passou a medicação, ele foi medicado e voltou para casa. A dor passou momentaneamente. Na sexta-feira (27), voltou a sentir dor. Medicamos com Buscopan, que o médico receitou, mas não passava. Fomos de novo ao Ferreira Machado no sábado (28), negaram. No HGG, negaram, falaram que só a dor não dá direito à consulta, que o clínico geral só está pegando coronavírus ou acidentados. Fizemos todo o percurso, também no Sandu (PU), e paramos de novo na UPA, onde ele foi novamente medicado com Buscopan — relatou Ana.
No domingo (29), após insistência da esposa, Marquinhos conseguiu atendimento no Ferreira Machado. “Infelizmente, quando atenderam, era tarde demais. Ele deu problemas biliares. Não foi nada de vesícula. Foi pancreatite, que foi para a bílis, ocasionando praticamente uma septicemia”, lamentou Ana.
Em nota, a Prefeitura disse que “os atendimentos de emergência continuam sendo realizados tanto no HGG, quanto no Ferreira Machado. A direção do Hospital Ferreira Machado informou que está apurando cuidadosamente o fato relatado pela família”.
No sepultamento, amigos prestaram homenagens, entre eles Gil Paixão. “Marcos era um irmão muito especial, meu compadre, meu parceiro de dividir quarto. No meio da turma, sempre nos identificamos, tínhamos essa afinidade. Ele vai deixar muita saudade, fazer muita falta. Era um cara com um coração gigante”, disse o cantor.
O cantor Nelson Príncipe Negro também falou com carinho sobre o amigo. “Eu conhecia Marcos desde que cheguei aqui, há 28 anos, e ele sempre manteve a cumplicidade. Sempre tivemos em comum o fato de sermos da Bahia, eu de Salvador e ele do interior. Sempre foi alguém capaz de tirar a roupa do próprio corpo para dar a outra pessoa. Era um músico excelente”, afirmou.
Jota Leonni foi outro artista que compareceu ao Campo da Paz para dar o último adeus. “Fui chamado pelo Marcos, há 20 anos, para fazer parte de um grupo dele na época. Para mim, foi uma glória”, contou o cantor. “Ele foi um grande amigo, e eu espero que, neste momento, ele esteja levando essa energia para junto do Criador, emanando uma energia bacana. Um dia, tenho certeza de que a gente vai se encontrar em algum plano espiritual”, enfatizou.

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