Campos terá 28 de março diferente, com programação virtual
Matheus Berriel e Arnaldo Neto 27/03/2020 15:33 - Atualizado em 04/05/2020 21:19
Com recomendações de isolamento social devido à pandemia do coronavírus, atrações pelo aniversário de fundação da Vila de São Salvador serão pela internet
Com recomendações de isolamento social devido à pandemia do coronavírus, atrações pelo aniversário de fundação da Vila de São Salvador serão pela internet
Devido à pandemia do novo coronavírus, não haverá em 2020 a tradicional programação celebrativa pelo aniversário da elevação da Vila de São Salvador à categoria de cidade de Campos. Mas, os 185 anos da data histórica, completados neste sábado (28), serão lembrados em dois eventos virtuais, como forma de evitar aglomerações. Das 9h às 17h, a população poderá testar seus conhecimentos sobre a história e cultura municipais com um quiz nas páginas do Museu Histórico de Campos no Facebook e Instagram. E às 10h, o historiador e escritor Eugênio Soares fará transmissão ao vivo pelo Facebook do Arquivo Público Municipal, propondo um debate sobre o real significado do dia 28 de março para Campos.
Na pauta bate-papo com Eugênio Soares, estarão transformações experimentadas pela região no século XIX. Para ele, a interação com os campistas pela live é relevante no sentido de apresentar o presente como fruto de um processo histórico, que resulta no modo como a sociedade se estrutura e explica as identidades, diferenças e desigualdades.
— A nossa discussão será sobre lutas, sonhos, esperanças e desesperanças de homens e mulheres na Vila de São Salvador de Campos dos Goytacazes Paraíba do Sul, no contexto de emancipação da América portuguesa e de sua elevação à condição de cidade (1808-1835). As disputas de sentido sobre a liberdade, ordem, tirania, cidadania e opinião pública são algumas das batalhas vividas pelos grupos sociais-políticos a partir das experiências passadas-presentes e das incertezas sobre o futuro, na complexa relação entre o local, o provincial, o imperial e o global — afirma Eugênio Soares. O bate-papo é realizado pela Prefeitura, por meio do Arquivo Público e da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima.
Na iniciativa do Museu Histórico, o quiz lançado no Instagram e no Facebook é uma adaptação do jogo de tabuleiro “Na Trilha da História”, idealizado pela própria equipe do museu. A proposta virtual
— Essa é uma forma de interação com a população e também uma oportunidade de sabermos se os campistas conhecem realmente a história da cidade em que vivem. Campos comemora seus 185 anos como cidade, mas são mais de 367 anos de instalação da Vila de São Salvador. Então, esta brincadeira interativa possui grande importância, pois pretende também desmistificar a fama do dia 28 de março, comemorado pelos campistas como aniversário da cidade — afirma a gerente do Museu Histórico, Graziela Escocard. — Porém, desmistificar não quer dizer renegar nosso patriotismo. Ao contrário, é a maneira mais educativa de esclarecer aos campistas como se deu o processo histórico do município, além de revelar curiosidades da evolução urbana pela qual a região passou entre os séculos XVII, XVIII, XIX e XX — pontua.
As respostas do quiz poderão ser consultadas pelo público a partir das 17h, também nas redes sociais. Durante o dia, a equipe do museu dará dicas e informações através de lives. Além do jogo, será publicado às 12h um vídeo sobre o dia 28 de março, abordando a elevação de vila a cidade e o centenário deste marco, de 1835 a 1935, período em que obras importantes foram realizadas.
Folha no Ar — Entrevistada desta sexta-feira (27) na primeira edição do Folha no Ar, da Folha FM 98,3, Graziela Escocard citou o debate existente entre historiadores da região sobre a verdadeira fundação de Campos. Por muito tempo, foi perpetuada como data correta 29 de maio de 1677, com documento que comprova a criação da Vila de São Salvador e a instalação da Câmara Municipal pelo Visconde de Asseca. Mas, há outras possibilidades.
— Existe um documento no Arquivo Público, de 1653, que mostra que já havia uma Câmara Municipal. Em 1652, foi feita uma petição para instalar essa Câmara, pelos descendentes dos sete capitães (protagonistas da ocupação do atual território de Campos). Aí vem o envolvimento da família da (heroína campista) Benta Pereira. Eles tomam posse em 1º de janeiro de 1653, só que é renegada perante à Coroa Portuguesa. A gente tem que marcar esse fato histórico, ocorreu isso — disse Graziela.
Em debate realizado no ano passado, durante o Festival Doces Palavras (FDP!), o Instituto Histórico e Geográfico de Campos considerou o dia 1º de janeiro como data do aniversário, devido ao acontecimento de 1653. “Ainda não foi decidido, houve somente essa reunião, não passou pela Câmara. Mas, aproveitamos o 28 de Março para desmistificar essa questão”, enfatizou a gerente do Museu Histórico. (M.B.) (A.N.)

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