As prefeituras da região estão tomando medidas sérias de enfrentamento ao coronavírus. Campos, São João da Barra e São Fidélis, por exemplo, já determinaram inclusive o fechamento do comércio, a partir de segunda-feira (23), com raras exceções. Em SJB, inclusive, uma barreira foi montada para checar a procedência das pessoas que chegam ao município e orientar sobre os riscos da doença e enviar os casos suspeitos para quarentena, mas com caráter mais educativo. Ainda assim, neste fim de semana, muita gente está contrariando as normas e seguindo para o litoral sanjoanense, colocando em risco de colapso o município, que já tem quatro casos suspeitos da Covid-19, além de 56 pacientes em quarentena. Até família levando a mudança foi parada pela barreira. Vale o alerta de que não é verão, nem carnaval. “Fugir” para praia não é o melhor caminho e o mundo já tem exemplo disso.

— Nosso município se encontra com quatro casos suspeitos, três deles provenientes de Rio de Janeiro e um contato com uma paciente suspeita de Rio de Janeiro, todos estáveis com sintomas leves. Não temos casos de transferência dentro do município entre pacientes. Estamos aderindo medidas de controle e fiscalização desde o início da pandemia, para manter nosso município sobre controle, mas estamos preocupados com a vinda de pessoas de outros municípios que se encontram com uma realidade diferente. A barreira epidemiológica permite controlar esses dados e colocar em quarentena os pacientes de risco. Já estamos com 56 pacientes em quarentena. Estamos estruturados para atender nossa demanda com equipe capacitada e estrutura física, mas a vinda de pessoas de fora do município pode colapsar nosso serviço e nosso controle epidemiológico. Praias, comércios, restaurantes todos estão restritos no novo decreto e solicitamos a população aderir. Não estamos de férias, não estamos em momento de duvidar, temos que ficar em casa para poder vencer está pandemia — afirmou a secretária de Saúde de SJB, Arleny Valdes Arias.

Como mostra matéria do portal Uol (aqui), no dia 11 de março, quando Madri tinha 1.024 casos confirmados da Covid-19, creches, escolas e universidades foram fechadas na região, que despontava como a mais afetada da Espanha. A medida foi tomada antes que o presidente Pedro Sánchez decretasse o estado de emergência no país, em 14 de março, estabelecendo uma quarentena de duas semanas e restringindo os deslocamentos de pessoas pelo território nacional.

Nesse intervalo de três dias, muita gente seguiu para o litoral. Sobretudo para Múrcia, no sul do país, onde muitos moradores da capital mantêm suas casas de praia. Em 13 de março, aquilo que todos temiam foi confirmado. Um madrileno de 88 anos, recém-chegado de trem a Múrcia, foi internado em estado grave no hospital de Los Arcos de Mar Menor, em Pozo Aledo, após dar positivo por coronavírus.

O exemplo alerta que a movimentação no litoral pode ser perigosa, fazendo com que o vírus chegue ao município e leve a um colapso. De acordo com o secretário de Segurança Pública de SJB, Anderson Campinho, o movimento na BR 356 tem sido intenso. “Ontem (sexta-feira, 20) e hoje (sábado, 21) o movimento está bem parecido com período de verão e carnaval. São muitas famílias vindo até de outros estados, como Espírito Santo e até de Goiânia. A gente faz nosso trabalho de orientação, mas é preciso consciência das pessoas”, disse Campinho.

A prefeita Carla Machado (PP) destaca que o município é turístico, mas em um momento de pandemia como este é melhor que todos fiquem em casa. “É importante neste momento que todos fiquem em suas casas para que possamos diminuir os impactos dessa pandemia. São João da Barra é um excelente destino turístico e sempre esteve de portas abertas para receber a todos. Mas este momento pede cautela. Estamos acompanhando de perto nossos casos suspeitos e os pacientes de quarentena e quanto menos pessoas circularem pelo município neste momento, mais rápido vamos conseguir achatar a curva de crescimento da Covid-19, evitando o colapso da nossa rede de saúde”.